Vanessa chega em casa e encontra Sir Malcolm assinando alguns livros contábeis. Apesar de silenciosa, Sir Malcolm a vê entrando.
Malcolm: Como foi a caminhada?
Vanessa: A cidade está tipicamente barulhenta.
Malcolm: Ótimo. Não teria me mudado para Londres se fosse pela agitação. - Ele sorri e ela retribui o sorriso.
Ela dá meia volta para subir ao quarto. Sir Malcolm hesita um pouco, mas então a chama.
Malcolm: Vanessa?
Vanessa: Sim.
Malcolm: Você gostaria de me acompanhar a um lugar hoje à noite?
Vanessa: Posso saber onde?
Malcolm: Estragaria a surpresa.
Vanessa: E o que eu deveria vestir?
Malcolm: Qualquer coisa que com que se sinta confortável. Esteja pronta às 7.
Vanessa: Sete em ponto, então.
Vanessa coloca cinco vestidos em cima da cama e não sabe qual escolher. Ela não está em um humor para usar preto, mas também não quer usar nada muito claro. Sua última lembrança usando branco não era a melhor. Decidiu por um vestido vinho de gola alta, com renda guipir nas mangas.
Prendeu os cabelos em um elegante coque.
Ela não se arrumava assim há um bom tempo. Agora, olhando no espelho, ela se sentia bem com o reflexo que via.
Vanessa encontra Sir Malcolm a aguardando próximo à escada. Ela termina de descer os degraus e dá uma volta para mostrar o visual.
Vanessa: E então?
Malcolm: Perfeito. - Ele sorri discretamente.
Vanessa: E onde vamos?
Malcolm: Você verá.
A carruagem para em frente à um teatro, não ao antigo Grand Guignol, mas outro, maior, mais luxuoso, frequentado apenas pelos mais abastados da cidade.
Vanessa: Ópera?
Malcolm: Achei que você apreciaria uma vinda ao teatro
Vanessa: Minha surpresa é pelo seu gosto por ópera.
Malcolm: Eu costumava vir com mais frequência quando me mudei para Londres, mas já não venho há um tempo. Achei que seria bom recomeçar o hábito.
Vanessa: Então fico feliz pelo convite
Malcolm: E eu pela companhia.
Victor está em casa trabalhando em seu laboratório. Ele está desmontando-o. Desde que desvendou os mistérios da morte e conseguiu criar vida as coisas passaram a dar errado.
Ele conseguiu provar que era capaz, mas agora não via mais razão para continuar com o trabalho. O passado não poderia ser mudado, ele não podia trazer de volta quem ele mais queria – sua mãe – e suas criações tomaram proporções que ele não esperava.
A doce e inocente Lily, que ele tanto amou, partiu seu coração em tantos pedaços que ele não sabia se algum dia ele ficaria inteiro novamente.
A primeira criatura, a que se autodenominou John Clare, o odiava por ele tê-lo abandonado logo após o nascimento. A criatura nunca o entendeu e ele nunca entendeu a criatura. Victor ficou assustado quando viu que seu trabalho fora bem-sucedido. Ele não conseguiu lidar com sua obra e fugiu.
A criatura agonizou sozinha e teve que aprender a viver por conta própria. Hoje Victor entendia o ódio de John Clare por ele e se pudesse voltar ao passado as coisas seriam diferentes.
Ele está desmontando as peças e guardando as engrenagens quando ouve alguém batendo na porta. As batidas são fortes e rápidas, a pessoa do outro lado parecia desesperada.
Ele abre a porta e uma mulher com olhar assustado o aborda.
MARJORIE: você é o Dr. Frankenstein?
VICTOR: Sou eu.
A mulher pula em seus braços e o abraça fortemente.
MARJORIE: Graças a Deus finalmente te encontrei! como está o meu menino?
Victor fica confuso. Nunca viu a mulher na vida, não sabe do que ela está falando.
VICTOR: perdão, madame, mas que menino?
MARJORIE: O meu filho. Meu menino. Meu marido me contou que você o trouxe de volta à vida. Quando nosso menino não resistiu à tuberculose eu disse para ele trazê-lo para o senhor devolvê-lo à vida.
VICTOR: Madame eu não sei do que a senhora está falando.
Victor começa a fechar a porta e a expulsar a mulher, mas ela a empurra e entra no apartamento gritando.
MARJORIE: Marido! Marido!
Victor vai atrás dela quando ela corre para o laboratório.
VICTOR: A senhora não pode entrar aqui, por favor, pode se retirar.
MARJORIE: Eu sei o que o senhor fez e vim buscar o meu menino.
VICTOR: Eu realmente não sei do que a senhora está falando.
MARJORIE: Pele fria e pálida, olhos amarelos, cabelos negros e uma cicatriz no rosto.
Ao ouvir a descrição física da criatura Victor congela. Ela sabia de seu segredo.
MARJORIE: Ele é meu marido e o senhor o trouxe de volta para mim. Agora eu vim buscar o meu filho.
VICTOR: Madame, eu não vi o seu filho. Não tem nenhuma criança aqui. Pode ver se quiser, mas, por favor, vá embora depois.
Ela entra no laboratório e nota que ele está realmente vazio. O doutor não está mentindo.
MARJORIE: Mas meu marido, o senhor o conhece. Eu vi nos olhos quando eu o descrevi. Eu sei que foi o senhor que fez esse milagre nas nossas vidas.
Ela implora mais uma vez. Sua voz soa desesperada.
Victor respira profundamente para recuperar a fala e conseguir responder. Tenta demonstrar firmeza.
VICTOR: não sei do que a senhora está falando. A senhora já viu meu laboratório, não tenho nenhum homem ou menino aqui, agora pode me dar licença?
MARJORIE: Eu sei que o senhor está mentindo. Vou embora, mas voltarei até o senhor me contar o que fez com minha família.
A mulher sai, Victor tranca a porta e desaba no chão chorando. O que ele tinha feito?
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Após a escuridão abençoada
FanfictionTalvez houvesse luz após a escuridão abençoada. Talvez o amor ainda pudesse ser vivido. Ethan Chandler apertou o gatilho naquela noite sem fim, mas o alvo não foi Vanessa. Sou fã de Penny Dreadful e fiquei desolada quando a série acabou. Assisti tan...