When the time comes you will know

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O dia passa tranquilo, se não fosse o fato de uma criatura estar à solta em Londres, o Dr. Frankenstein ainda não ter aparecido e Ethan ter partido, Vanessa poderia até se dar ao luxo de relaxar.

Ela não gostava dessa tranquilidade toda. Ela se lembrava de quando era criança e via o mar sereno com poucas ondas, mas no horizonte o céu estava denso de nuvens, anunciando uma tempestade. Era assim que Vanessa estava se sentindo: observando o mar tranquilo com uma tempestade se aproximando. E, assim como quando ela era criança, ela sabia que não poderia fazer nada para evitar. A tempestade chegaria mais cedo ou mais tarde.

Mas quando reina a paz, quando a bonança impera, Que desespero horrível me exaspera! O verso de Charles Baudelaire ecoava na cabeça de Vanessa em repetição.

Após andar de um lado para outro na sala repleta de livros, Vanessa resolve sentar-se à mesa redonda. O baralho de tarô a encara. Ela hesita um pouco antes de pegar as cartas e embaralhar. Já tinha tempo desde que ela não praticava o ritual pagão, mas talvez isso pudesse aliviar a angústia em seu peito ou mostrar um caminho a seguir.

O ritual de preparar o baralho e limpar a mente antes de iniciar a leitura das cartas fluía natural, inerente à ela. Um dom nato, de acordo com sua velha amiga, Joan Clayton.

Com a mente e a casa silenciosa, Vanessa se concentrou no trabalho à sua frente. Ela fechou os olhos e colocou a mão sobre as cartas, mas, como se levasse um susto, abriu os olhos repentinamente e sua respiração ficou ofegante.

Ela tinha visto, ela tinha sentido. Ela sabia onde estava Victor e ele precisava dela.

Vanessa levantou-se e foi ao quarto de Sir Malcolm, bateu na porta e entrou sem pestanejar quando ele respondeu.

VANESSA: Sir Malcolm, alguma notícia do Victor?

SIR MALCOLM: O jovem doutor deve ter perdido o caminho de casa ontem à noite, mas provavelmente já deve ter encontrado o rumo novamente. Não acho que seja motivo de preocupação, Vanessa. Mr. Lyle disse que iria resolver algumas coisas no Museu e que passaria na casa de Victor depois para deixa-lo a par da situação.

VANESSA: Victor não está em casa.

SIR MALCOLM: E onde estaria?

Vanessa se abraça e esfrega os braços lembrando do lugar frio e escuro que vira em sua mente.

VANESSA: Um lugar frio, escuro, úmido... – ela estremece ao falar as palavras.

Sir Malcolm observa a linguagem corporal de Vanessa e sabe que ela não está apenas falando, ela está vendo e sentindo o lugar.

SIR MALCOLM: E esse lugar frio seria onde?

VANESSA: Ao norte da cidade, algum lugar ao norte. Eu me sinto como uma bússola sendo puxada para o norte. É lá que o Dr. está.

SIR MALCOLM: Você pode sentir se ele... bem... como ele está?

VANESSA: Assustado... não sei!

Sir Malcolm assente. O momento não poderia ser mais inoportuno. Ethan fora da cidade, uma criatura à solta, Victor desaparecido e Vanessa com novas visões. Malcolm tenta manter a calma e não se desesperar. Na África quando a situação estava adversa e ele pensava que era o fim do caminho a calma era o que o guiava para uma solução racional. Era isso que ele precisava agora: ser racional.

SIR MALCOLM: Chamarei Mr. Lyle e Miss Hartdegen para pensarmos em uma forma de irmos atrás do Victor.

VANESSA: Não há tempo.

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora