The flower of ressurection and rebirth

4 1 0
                                    


No centro da cidade, um jornal destacava o roubo ao Museu. Não o roubo propriamente dito, pois o fato foi abafado na época, mas aparentemente o funcionário que presenciou o crime enlouqueceu e tinha tentado se matar com um pedaço de garrafa em um bar movimentado. O assunto tomou uma grande repercussão e fotos do bar com objetos quebrados e manchados de sangue estampavam a capa.

Ethan comprou um exemplar e parou na esquina para ler. Quando olhou para frente viu Lily, a moça parecida com Brona, do outro lado da rua. Sem hesitar, ele atravessou a rua e foi falar com ela.

Lily se assustou com a chegada surpresa de Ethan.

ETHAN: Lily?

LILY: Ethan... – ela não conseguiu segurar o sorriso quando pronunciou o nome dele. – Achei que nunca mais iria te ver novamente.

ETHAN: Desculpe-me pelo outro dia. Geralmente não deixo uma dama esperando, mas precisei fazer uma viagem urgente.

LILY: Trabalho? – Ela pergunta.

ETHAN: Digamos que sim. – Ele coçou a cabeça, demonstrando insegurança. – Acho que te devo um chá. Gosto de pagar minhas dívidas, você está livre agora?

LILY: Por que não?

Eles seguem pela rua e encontram um pequeno estabelecimento aberto. Não era exatamente a casa de chás que ela tinha indicado, mas era aconchegante e estava vazio.

Eles se sentam em uma mesa para dois na calçada, embaixo de uma marquise. Ele pede o serviço de chá completo, como era tradicionalmente servido naquele horário. Ela sabia que não era uma refeição barata mesmo sendo em um lugar pouco movimentado. E se sentiu envergonhada, como a antiga Brona ficaria. Não sabia com que tipo de trabalho Ethan estava envolvido, mas no passado ele não tinha muito dinheiro.

ETHAN: Não é o lugar que deveríamos nos encontrar, mas acho que é o bastante para aliviar minha dívida. – Ele sorri.

O sorriso dele ainda continuava irresistível e ela não conseguia ficar alheia à tanta simpatia. Perto dele ela se sentia uma tola, tímida como uma adolescente perto de sua primeira paixonite.

LILY: Com certeza, ela está totalmente paga. – Ela sorri em retorno e ele a encara. Aquele sorriso era inesquecível, ela não sorria apenas com os lábios, mas também com os olhos. Ele conhecia aquele sorriso bobo, de satisfação e admiração pelas coisas mais simples e banais. Aquele sorriso inocente de criança, que só Brona tinha. Sem dúvidas, aquela mulher na frente dele era Brona Croft.

Ethan fica sério com a constatação. Seu rosto demonstra toda surpresa e pânico ao se dar conta da realidade. Ela percebe que ele sabe e congela temendo a reação dele.

Por um instante, que mais pareciam horas, os dois ficam parados imóveis um olhando para o outro, sem terem coragem de falar nada.

ETHAN: Brona? – Ele arrisca perguntar em dúvida.

LILY: Já disse, meu nome é Lily. – Ela agora tem certeza de que ele sabe, mas como contar a verdade? Ele jamais acreditaria. Ela continua com a mentira, mesmo sabendo que não conseguiria manter a farsa com ele.

ETHAN: Você pode escolher o nome que quiser agora, mas... – Ele não tinha a menor ideia de como falar. Até dentro da cabeça dele a constatação parecia irracional. – Mas antes você era Brona Croft. Eu sei. Eu vejo isso. Não precisa mentir para mim. – As palavras saíam sem sentido, ele estava nervoso e não conseguia raciocinar direito. – Só me diga como... me diga que não estou louco. – O tom era de desespero. Ele viu Brona morta, ele segurou o corpo dela. Victor constatou a morte. Ele não estava enlouquecendo, mas aquela mulher na frente dele era seu antigo amor.

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora