Strange Case

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O efeito da bebida começou a fazer efeito e Jekyll foi transportado para suas piores memórias. Todas as vezes que ele era desprezado, xingado e descriminado por causa de suas origens vieram como uma lembrança vívida. E ele sentiu ódio. Muito ódio das pessoas.

Mas Dorian não parecia se importar com o que ele era ou com o que as pessoas falavam dele. Dorian era diferente e ele também odiou Gray por isso.

Jekyll se aproximou de Dorian e apertou seu pescoço com as duas mãos. As pupilas de Dorian se dilataram com a surpresa e ele sorriu. Jekyll apertou com mais força. Queria sufoca-lo, mas Dorian continuou sorrindo. Ele sabia que estava agindo com violência, mas Dorian parecia não sentir.

DORIAN: Eu te conto meu segredo se você me contar o seu, Henry.

Jekyll ficou com mais raiva e o empurrou contra a parede. Ainda com uma mão no pescoço de Dorian ele utilizou o peso de seu corpo para prende-lhe a respiração, mas Dorian continuava com o sorriso no rosto.

Frustrado, Jekyll o soltou. A respiração de Jekyll estava ofegante e Dorian se aproximou de seu rosto.

Com violência, Dorian o beijou na boca. O ódio cresceu dentro de Jekyll, mas algo dentro dele não impediu o beijo. Ele gostou daquilo. Ele se sentiu excitado.

Jekyll abruptamente puxou a camisa de Dorian, rasgando o tecido para tirá-la. Ele jogou Dorian no chão e subiu em cima dele beijando-o.

Dorian puxou ele pela camisa para ficarem mais próximos. O mordeu no lábio inferior, que o fez sangrar. Jekyll gostou daquilo. O ódio passara, mas a adrenalina ainda estava presente em seu corpo e sem pensar muito, ele se entregou ao impulso do momento e também mordeu Dorian.

Com um beijo ardente e com gosto de sangue, Jekyll também tirou sua camisa.

Em Grandage Place, Victor, Sir Malcolm, Catriona e Ethan estão sentados em frente à lareira conversando sobre a última noite. Vanessa anda de um lado para o outro, inquieta com um cigarro na mão.

Victor: talvez tenha sido apenas um sonho, Miss Ives.

Vanessa: Não era um sonho, doutor. – Ela responde rispidamente.

Ethan: Com certeza não era um sonho – Ethan se lembrou de Vanessa entrando apavorada no quarto dele na noite anterior. – Ele já se manifestou desse jeito outras vezes, não se lembra?

Victor: pensei que pudesse ser influência da mensagem do Mr. Lyle.

Ethan olha para Frankenstein em desaprovação.

Vanessa: Que mensagem?

Malcolm: Eu te disse ontem que Mr. Lyle está voltando.

Vanessa: Não foi isso que o Victor quis dizer. Se vocês estão me escondendo algo é melhor me contarem de uma vez.

Catriona: Mr. Lyle teme por você, Vanessa.

Vanessa: Por que?

Ethan: Ele não disse.

Catriona: Tem algo a ver com a expedição. Ele está voltando para explicar o que sabe, achou melhor não fazer por carta.

Vanessa assente.

Malcolm: Ele pediu para mantê-la em segurança.

Vanessa: E como isso é possível? Me trancando em uma redoma?

Ethan: Eu estou aqui. Eu vou te proteger.

Vanessa: Ele invade os meus sonhos, os meus pensamentos, Mr. Chandler. Você vai entrar dentro da minha mente?

Ela o encara nervosa e ele apenas abaixa a cabeça. Queria replicar que na noite passada ela o procurou assustada e ele a acalmou, mas achou melhor ficar quieto.

Victor: Talvez Dra. Seward poderia ajudar nessa parte.

Não é que ela não gostasse da Dra. Seward, mas ela lhe trazia recordações de uma época que ela não queria lembrar.

Vanessa: Não vamos incluir Dr. Seward. - O modo como ela falou parecia rude demais, então complementou. – Ainda não.

Catriona: De acordo com minhas pesquisas e com os fatos anteiores que vocês me contaram, o demônio não se manifesta sozinho. Ele precisa de alguém no plano terreno para trabalhar para ele. Do mesmo modo que o Drácula precisa de um receptáculo, um corpo humano para manifestar seu poder.

Malcolm: Sabemos que as bruxas não trabalham mais para o demônio.

Victor: Vocês têm certeza de que não sobrou nenhuma?

Ethan: Sim, eu tenho.

Ethan lembrou-se de Hecate e em como ela salvou sua vida. Ela era a última.

Vanessa olhou para ele instigada por causa de sua certeza. Quando ele percebeu o olha dela sobre ele, ele soube que não deveria ter se manifestado daquela forma. Ele não queria falar de Hecate para Vanessa, mas agora seu olhar parecia apenas demonstrar culpa.

Vanessa ainda vai voltar com esse assunto, ele tem certeza.

Malcolm: Talvez não sejam bruxas.

Victor: E o que pode ser?

Vanessa: da última vez ele veio sutilmente, se infiltrou em nosso meio como alguém de confiança. – Ela se lembrou de como Mr. Lyle os ajudava a interpretar a profecia enquanto trabalhava para Evelyn Poole

Victor: Então ele pode estar se utilizando do mesmo recurso novamente.

Catriona: Se passando por alguém conhecido?

Ethan: ou alguém que inspire confiança. - Ele olha para Catriona. - Alguém que entrou recentemente na sua vida, Vanessa. – Apesar de dirigir a palavra para Vanessa ele não desvia o olhar de Catriona.

Catriona: o que você está insinuando, Mr. Chandler?

Ethan: eu não insinuo.

Malcolm: chega, vocês dois. Acho que a Miss Hartdregen já provou sua lealdade ao lutar contra os vampiros.

Ethan não diz mais nada, mas continua encarando Catriona. Ele ainda não confia nela.

Vanessa: enquanto vocês discutem teorias e possibilidades eu vou sair. Preciso de ar ou vocês me deixarão louca antes que eu perceba. - Ela começa a pegar o seu casaco para sair.

Malcolm: não acho que seja uma boa ideia você sair sozinha, Vanessa.

Vanessa: eu não sou prisioneira nesta casa.

Catriona: eu já estou de saída, Vanessa. Podemos caminhar juntas.

Ethan: você não vai sair com ela, Vanessa.

Vanessa: Ethan, chega! Estou cansada de vocês mandando na minha vida e me tratando como eu se eu fosse uma criança. Caso vocês não se lembram, eu já enfrentei essas coisas, esses demônios sozinha. – ela para por um momento para respirar e então fala para Catriona. – Obrigada, Cat, mas eu não quero companhia. – E sai batendo a porta atrás de si.

Lily está de volta à casa em que morou. A casa onde foi obrigada pela mãe a ficar com o noivo violento.

Estava de volta à cidade onde tudo começou. E era ali que ela escreveria um novo começo.

Todos os que a humilharam e a trataram com desrespeito iriam pagar. Nenhum deles teria paz. Ela acabaria com todos, um por um.

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora