I'll be dead before the day is done

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Em Grandage Place, Ethan já tinha lido e relido o jornal diversas vezes enquanto ansiava pela presença de Vanessa.

Ele chegou em casa embaixo de chuva, mas nenhum sinal dela na casa. Ele sabia que ela não tinha nenhum compromisso marcado e a demora dela em voltar era preocupante. Sir tinha falado com ele que ela saiu logo após conversarem sobre o escaravelho e isso o deixava ainda mais inquieto. Ele sabia que Vanessa era impulsiva. E se ela tivesse tido alguma ideia que a colocasse em perigo? Londres era uma cidade perigosa. Demônios e sabe-se lá o que estavam à espreita, só esperando o momento certo de atacar.

Já estava anoitecendo quando Vanessa entrou em casa. A chuva ainda caía bem fina, quase tão imperceptível quanto os passos que Vanessa dava. Se não fosse pelo barulho dos cascos dos cavalos na rua, era provável que Ethan nem notasse a entrada dela, mesmo com ele olhando para a porta e o relógio a todo instante.

Ele estranhou quando ela chegou em casa vestida com roupas masculinas e o cabelo bagunçado, muito diferente da elegante Miss Ives que ele estava acostumado a ver. Mesmo em seus piores momentos ela sempre se mostrava feminina, uma verdadeira dama, como costumavam falar. Mas aquela mulher passando pela porta parecia diferente de tudo o que ele conhecia sobre Vanessa.

Ethan não esperou ela se aproximar da sala, antes mesmo dela terminar de colocar o casaco no cabideiro ele apareceu do lado dela.

ETHAN: Vanessa?

VANESSA: Ethan. – ela respondeu rispidamente.

ETHAN: Onde você estava? Aconteceu alguma coisa? Estava preocupado, você sumiu... e que roupas são essas? – Ele perguntou preocupado.

VANESSA: Estava na casa da Catriona, me molhei com a chuva e ela me emprestou umas roupas. Algum problema? – Ela não olhava para ele enquanto respondia.

ETHAN: Nenhum. – Ele respondeu timidamente. A resposta de Vanessa o pegou de surpresa. Foi como receber um balde de água de fria e ele ficou sem resposta.

VANESSA: – Com licença, vou para o meu quarto. – Ela se virou para subir as escadas.

Ethan ficou ainda mais incomodado e impressionado, ela nunca falava com ele desse jeito. Ele sabia que alguma coisa tinha acontecido. Mas por que ela não queria falar?

ETHAN: Vanessa... – ele a chamou.

VANESSA: Algum problema, Mr. Chandler? – Pela primeira vez desde que entrou em casa ela o olhou nos olhos. E como doía olhar para ele e lembrar do que ela viu mais cedo.

Ele balançou a cabeça, desistindo do que queria de fato dizer.

ETHAN: Vou fazer sopa, quando estiver pronta, desça para comer. – A forma como ela o olhou e disse Mr. Chandler o deixou totalmente sem palavras. Certamente ela não queria conversar e a melhor coisa a se fazer era respeitar esse momento. Ele falou a primeira besteira que conseguiu pensar.

VANESSA: Obrigada, mas não estou com fome.

Ele assentiu e a deixou subir. Era inútil tentar manter um diálogo.

Vanessa subiu as escadas, entrou em seu quarto, fechou a porta atrás de si e escorando nela, deslizou até se sentar no chão e então ela chorou. Chorou de raiva, de ciúmes, de decepção e de arrependimento. Ela não deveria ter usado Catriona daquele jeito. Quando todos a abandonaram, Cat foi sua única amiga, Vanessa não sabia quais eram os sentimentos dela, mas com certeza sexo casual após uma crise de ciúmes não era o que Catriona merecia.

Eu sempre faço tudo errado. Vanessa pensava repetidamente.

Do outro lado do rio Tâmisa, Kaetenay pressente uma movimentação estranha no ar. Encostado no parapeito ele observa as pessoas saindo do trabalho e indo para casa, alheias à tudo o que está acontecendo no momento. Ele até chegava a ter um pouco de inveja da ignorância dos humanos, não sabiam que a qualquer momento tudo poderia mudar, não imaginavam o mal que estava chegando, não sabiam que o mundo estava em perigo.

Uma sombra negra corria rapidamente pelo rio, Kaeteney só percebeu que ela o atacou quando foi puxado para dentro do rio. Pessoas que passavam por ele no momento achavam que ele tinha caído ao se debruçar. Alguns se aproximaram e chamaram os guardas que estavam nas proximidades, mas era tarde demais, Kaeteney tinha desaparecido nas águas escuras do rio.

Kaetenay tentou lutar contra a sombra, tentou nada e subir à superfície do rio, mas ela era mais forte que ele, o pouco ar que ele ainda tinha em seus pulmões se esvaiu rapidamente. Ele sentiu seus pulmões demandando por ar e a água entrando por suas vias aéreas quando ele não conseguiu mais resistir. Tudo começou a queimar, o peito ardeu fortemente quando seus pulmões se encheram de água e então ele deixou de sentir.

O corpo vazio de Kaetenay vagou pelo rio até a margem distante da movimentação da cidade. Amon-Ra agora tinha o receptáculo perfeito para habitar. Amon-Ra se surpreendeu com a facilidade de conseguir o corpo. Ele achava que precisaria lutar e que os humanos perceberiam alguma coisa e pudessem interferir, mas tudo saiu mais perfeito do que se poderia imaginar. Agora seria fácil atrair o Lupus Dei e eliminá-lo. Faltava muito pouco para Amunet ser dele novamente.

Em pouco tempo eles dominariam o mundo e todas as criaturas se curvariam para eles: Amon-Ra e Amunet. Como já deveria ter sido.

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora