What do you hold for me?

6 0 0
                                    

Vanessa abre os olhos e, ao ver o quarto em que estava, por um momento pensou que tudo o que passou nos últimos anos não passou de um pesadelo. Ela estava em paz e tranquila. Talvez Mina ainda a estivesse esperando para contar das expectativas sobre o casamento.

Uma voz a chama e ela volta à realidade: quase tudo tinha sido um pesadelo.

ETHAN: Bom dia, Vanessa. – Ele sussurra em seu ouvido. Ela sorri, essa parte de sua vida definitivamente não era um pesadelo.

Ethan afasta os longos cabelos negros e delicadamente acarinha a nuca de Vanessa. Ela estremece.

VANESSA: Ethan!

ETHAN: O que?

Ele a beija no pescoço enquanto a mão acaricia seus seios. Ela geme baixinho. Ele, suavemente, percorre o corpo dela com os dedos. Ele para a mão entre as pernas dela e ela se curva, gemendo um pouco mais alto.

ETHAN: Shhhh! Não acorde seus empregados ainda, Miss Ives.

Ela se vira e beija-o com vigor. Ela o beija como se sua vida dependesse daquele beijo e ele retribui na mesma intensidade. Ela rola para cima dele com seus cabelos cobrindo os dois. Ele gostava de ter controle nesses momentos para agrada-la e dar todo prazer que ela merecia, mas deixar ela no comando era uma ótima experiência.

Ela sentou por cima dele e a visão que ele tinha dela quando se encaixaram era formidável. Os primeiros raios de sol atravessavam o tecido da cortina, deixando o quarto com uma coloração alaranjada. A luz batia diretamente nela. A pele alva recebia os raios e ela se iluminava como uma divindade. O véu de cabelos negros moldava a silhueta e encobria parcialmente os seios que balançavam com o ritmo constante do movimento.

Seus olhos azuis estavam com as pupilas dilatadas de excitação e o olhar estava vivo, ávido por prazer. Ela tinha aquele olhar penetrante, concentrada em atingir um objetivo e pelo o que ele conhecia dela, estava muito próximo de alcança-lo.

Vê-la tendo controle de todo ato o deixava ainda mais excitado, quase explodia de deleite. Ele controlava ao máximo sua vontade de assumir o controle novamente. Ela sabia o que ele estava sentindo e como deveria estar sendo torturante segurar o prazer. Mas era hora dela brincar um pouco.

Ela aumentou o ritmo da movimentação e cravou as unhas no peito dele quando atingiu o clímax, em uma tentativa de segurar o grito de prazer.

Ela então deitou serenamente sobre ele e o beijou com intensidade. Sem interromper o beijo, ele a deitou de costas e devagar começou a penetra-la. Ainda extasiada, seu corpo estava inicialmente preguiçoso, mas conforme a velocidade do movimento foi aumentando, ela foi respondendo aos estímulos.

Ela recomeçou a gemer e ele precisou beija-la para abafar o som. Ele não queria que o som das "travessuras" atravessasse as paredes. Ele esperou até que ela parasse de tremer do segundo orgasmo do dia para deixar que o clímax o dominasse também.

Em Londres, Lily está no porto olhando para o local onde ficava a Pousada dos Marinheiros, o lugar onde ela viveu seus últimos dias como Brona. O lugar onde ela viveu os melhores momentos da vida de Brona. Ela pensava em Ethan e em tudo o que aconteceu na sua vida desde então. Como Brona e como Lily ela conheceu apenas alguns poucos momentos de alegria em sua vida e Ethan fez parte desses poucos momentos. E Ethan? O que teria acontecido com ele? Não era do feitio dele não comparecer a um encontro. Ele honrava sua palavra. A ausência dele a deixou frustrada e um pouco preocupada. Não queria pensar nele. Ele estava vivo e deveria viver sua vida como um humano comum. E ela deveria seguir sozinha pela ingrata imortalidade.

A Pousada dos Marinheiros agora não passava de um amontoado de madeira. A construção foi demolida e as obras de um condomínio feito de concreto estavam sendo iniciadas.

Um pouco afastado da área onde os trabalhadores estavam se concentrando para iniciar mais um dia de trabalho uma forma destoava da cena. De longe, Lily percebeu a presença de Mr. Clare observando as pessoas se aglomerando.

Lily se aproximou da figura monstruosa.

LILY: Mr. Clare.

MR. CLARE: Miss Lily.

Mr. Clare estava apreensivo em falar com Lily. O último encontro deles não tinha sido nada amistoso e as palavras que ela lhe proferiu foram devastadoras.

LILY: As coisas não terminaram muito bem no nosso último encontro, mas posso te fazer uma pergunta?

MR. CLARE: Claro.

LILY: Se a sua vida passada voltasse, o que você faria?

Mr. Clare a olhou nos olhos. Pela primeira vez desde que se conheceram, Lily o olhou nos olhos e percebeu a coloração amarela intensa, mas o que mais lhe chamou a atenção foram as lágrimas e o semblante de dor que o assombravam. Ela segurou nas mãos dele para ouvir as palavras.

MR. CLARE: Miss Lily, meu passado voltou, me fez bem por um breve momento, mas se eu tivesse a oportunidade de voltar eu não cometeria o erro de me aproximar das pessoas que fizeram parte da minha vida anterior. Eu causei sofrimento quando me acidentei e morri e causei ainda mais sofrimento quando retornei. Meus amados não mereceram o transtorno que causei. Algumas coisas na nossa vida devem ficar onde estão. Algumas lembranças do passado devem ser apenas lembranças. Devem ficar guardadas e serem relembradas com carinho, mas não devemos cometer o erro de tocar nelas. Eu acho, Miss Lily, que se essa parte de sua vida passada foi boa, você deve deixa-la no passado. Os vivos nunca entenderão nossa maldição.

Lily assente e aperta a mão de Mr. Clare.

LILY: Obrigada. E me desculpe por te fazer sofrer.

MR. CLARE: Eu devo conviver com as consequências de meus atos. Sendo elas boas ou não. Seu comportamento foi consequência do meu. Devo aceitar meu destino. – Mr. Clare olhou para o horizonte por um instante e então se despediu de Lily. – Preciso ir, Miss Lily. Aceito suas desculpas, mas também aceite as minhas. Eu nunca deveria ter feito com você o que fiz. Por minha culpa você está condenada a viver neste mesmo inferno que eu. Pelo menos você não tem que conviver com essa aparência monstruosa.

LILY: Não podemos mudar o passado, não é mesmo? O que está feito, está feito. O que nos resta é aceitar esse destino. Se fosse possível ver o interior das pessoas ao invés do exterior você seria uma das mais belas pessoas que já conheci. Mais uma vez, obrigada pelas palavras. Nos vemos por aí.

MR. CLARE: Nos vemos por aí...

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora