Under the thumb

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Em uma construção abandonada de madeira, talvez uma antiga oficina, duas massas negras se encontram. São sombras sem um formato definido, que apesar de terem a capacidade de serem vistas por humanos elas raramente se deixavam ver. O ego delas não permitia que elas fossem vislumbradas como eram de fato: massas disformes, com total ausência de luz e fétidas. A fixação pela perfeição fazia com que elas deixassem serem vistas apenas como humanos belos e sedutores. A construção abandonada servia para o propósito delas: se reunirem para discutir o futuro, sem preocupação com estereótipos.

LÚCIFER: Irmão.

DRÁCULA: Irmão.

LÚCIFER: Depois de falhar duas vezes em sua missão veio me pedir ajuda?

DRÁCULA: Não estamos aqui para discutir o passado, ou eu poderia passar o resto da eternidade enumerando seus infortúnios.

LÚCIFER: Devo dizer, irmão, que eu cheguei mais perto do meu objetivo do que você. Minha falha foi ter confiado meu trabalho a humanas incapacitadas. Já você...

DRÁCULA: Eu a tive por um momento, se não fosse por...

LÚCIFER: Por favor, não iríamos discutir apenas o futuro? Não quero saber dos seus erros. Vamos ser objetivos.

DRÁCULA: Melhor assim.

LÚCIFER: Você sabe que a sua ideia de dividir não me agrada nem um pouco, mas acho que dadas as circunstancias é nossa melhor opção. Amunet é minha por direito. O corpo terreno não me interessa, quero a devoção infindável de sua alma para podermos governar as almas condenadas por toda a eternidade. Mas se te importa tanto um pedaço de carne, pode ficar com ele.

DRÁCULA: Típico de você se colocar em primeiro lugar, como se você fosse de fato importante. Vives embaixo da terra com criaturas e seres indignos de nosso pai. Pelo menos eu posso perambular entre os humanos com minha legião.

LÚCIFER: Com a constante lembrança de que fomos trocados por esses seres? Vivendo escondido em esgotos e lugares abandonados? Obrigado. Estou bem onde estou.

Drácula grasne. O clima entre os irmãos é tenso.

DRÁCULA: Se você diz... mas vamos aos negócios. Não quero perder meu tempo com essas discussões.

LÚCIFER: Pois bem. Juntos, como Amon-Rá, somos mais fortes. Assim poderemos finalmente ter Amunet e iniciar nosso reinado. Nada poderá nos impedir dessa vez.

DRÁCULA: Amunet não resistirá e aquele lobo será o primeiro a sucumbir a nossos pés.

LÚCIFER: Vamos seguir com nosso plano. Nos uniremos e encontraremos um receptáculo ideal para dar início ao nosso desígnio.

Fortes vibrações podem ser sentidas no lugar. A junção de Lúcifer e Drácula provoca uma série de ondas sobrenaturais que podem ser percebidas na cidade como oscilação na eletricidade, rajadas anormais de ventos, comportamento estranho de animais e mal-estar em algumas pessoas. As ondas atravessam a cidade e são sentidas por Imohtep.

Imohtep percebe o que está acontecendo e sabe que é apenas questão de tempo para que Amon-Rá comece a agir. Ele precisa ser rápido e contatar Amunet.

Quando Vanessa chegou ao cemitério e encontrou Victor ela teve um vislumbre do lugar e seu corpo sabia exatamente qual direção tomar para encontrar com ele. Isso aconteceu pela força psíquica que Imohtep usou para chamar Amunet. Uma espécie de comunicação telepática.

Imohetp seguiu os mesmos passos para invocar Amunet, mas algo estava diferente. A comunicação estava difícil.

Em Grandage Place, Vanessa e Sir Malcolm terminam de passar os últimos detalhes do que aconteceu para Ethan.

ETHAN: Vanessa, se você acha que essa joia ainda está nas coisas de sua mãe e que pode ser a solução para isso tudo acho melhor a gente ir logo. Não temos tempo a perder.

Vanessa hesita um pouco. Além da incerteza ela não se sente muito bem.

SIR MALCOLM: Ethan está certo, Vanessa. Quanto antes encontrarmos o escaravelho mais rápido teremos resposta.

ETHAN: Tudo bem, Miss Ives?

Vanessa está mais pálida que o costume e parece aérea.

SIR MALCOLM: Vanessa?

Vanessa sente a vista escurecendo e as vozes de Sir Malcolm e Ethan parecem distantes. Ela percebe uma voz chamando por Amunet, ela sabe que se der ouvidos a essa voz ela perderá o controle, então se lembra de uma conversa que teve com Catriona. Catriona disse que ela era forte e que ela deveria se conhecer e saber quem era. Ela era Vanessa Ives, filha de Gordon e Claire Ives. Vanessa começou a lembrar de sua e de tudo o que faziam ela ser o que era. Ela começou a repetir para si mesma quem era. Vanessa Ives, batizada e confirmada na Igreja Católica Apostólica Romana, melhor amiga de Mina Murray. A voz ainda chamava, mas ela se auto afirmava. "eu sou Vanessa Ives. Estou em Londres, Westminster, Grandage Place, número 8. Estou com minha família, Sir Malcolm Murray e com o homem que eu amo, Ethan Chandler". Vanessa fortalecia as palavras que dizia mentalmente com imagens dos melhores momentos que viveu: seus dias brincando com Mina, seus momentos íntimos com Ethan, as vezes que Sir Malcolm a confortou...

A voz que clamava por Amunet desapareceu, ela sentiu um rubor no rosto e conseguia ouvir e ver nitidamente Ethan e Sir Malcolm a encarando.

SIR MALCOLM: Vanessa?

VANESSA: Perdão? O que diziam? Tive uma leve indisposição – ela não queria ter que explicar o que aconteceu.

ETHAN: O que está sentindo? Quer que eu chame o Victor?

VANESSA: Está tudo bem agora, não se preocupem. – Ela sorri. – Aviso se eu precisar de cuidados médicos.

SIR MALCOLM: Estávamos falando sobre ir à casa da colina buscar o escaravelho.

ETHAN: Podemos esperar, se você achar que não está bem para viajar.

VANESSA: Estou bem, senhores, podemos partir assim que eu arrumar minhas coisas.

SIR MALCOLM: Tem certeza?

VANESSA: Quanto antes encontrarmos o escaravelho, melhor, não é mesmo? E tenho certeza de que Mr. Chandler não deixará que nada de mal me acontece.

ETHAN: Mais do que certa.

Imohtep tentou com toda força contatar Amunet, mas ele falhara. Algo estava acontecendo. Algo tinha mudado. Algo em Amunet estava diferente.

Após a escuridão abençoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora