Capítulo 2

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Antes de dormir chequei o meu e-mail e estava assustada com o número de solicitações, uma mais estranha que a outra. Recusei a maioria, principalmente de virem de homens muito mais velhos.

Quando contei mais cedo sobre o meu cadastro para minha mãe, ela ficou animada e super me apoiou, inclusive me dando alguns materiais que poderiam me ajudar nas aulas. Eu os estudei por mais de uma semana até começar de verdade minha primeira aula.

Eu estava nervosa e minhas pernas tremiam debaixo da mesa. Uma pequena cola do que eu tinha que falar estava grudado na parede atrás do meu computador, poderia sempre dar uma checada caso esquecesse alguma coisa.

Tive a sorte da minha primeira aluna ser tao simpática, algumas vezes eu engasgava com a água e acabávamos rindo sem parar. E mesmo a aula sendo um sucesso quando desliguei, eu respirei fundo aliviada de toda aquela tensão.

- E ai? Como foi?

Meu pai assistia TV na sala quando eu fui até lá e me joguei no sofá tentando relaxar os meus ombros tensos.

- Até que foi bom. Mesmo vendo a mãe fazendo isso todos os dias, achei que seria um monstro de sete cabeças e na verdade é apenas um.

Meu pai gargalhou e bagunçou o meu cabelo.

- Logo você vai se acostumar. Falo isso porque no começo sua mãe faltava arrancar os cabelos só de pensar em dar aula online.

- Ela realmente prefere presencial? Deus me livre, pelo menos eu consigo esconder meu nervosismo longe da câmera.

- Esse nervosismo vai sumir, você vera. - Ele piscou e voltou prestar atenção no que passava na televisão, fiquei ali o acompanhando enquanto não dava o horário da próxima aula.

Teve que concordar com o meu pai, na semana seguinte estava bem mais fácil, tanto que não estava mais acordando no meio da noite ensinando alguma coisa. Era mais tranquilo do que eu imaginava e agora minha mãe e eu tínhamos que dividir a cafeteira e ela estava dando graças a Deus porque finalmente dei paz a ela.

Estava sentada no chão da sala enquanto assistia uma série que já tinha visto antes e corrigindo as lições da semana. Entre o barulho da televisão e das teclas do meu notebook era possível ouvir os meus pais na cozinha preparando uma pizza para o jantar. O cheiro já chegava até mim fazendo o meu estômago roncar.

Pensei em largar um pouco o trabalho de lado e quando fui me alongar, meu e-mail notificou uma mensagem nova. Queria ignorar, estava com fome demais para pensar, mas por algum motivo resolvi dar uma espiada.

O assunto me intrigou.

Uma lista de perguntas enchia o e-mail que só no final revelava o interesse por aulas de inglês, a pessoa em si dizia que precisava aperfeiçoar o seu inglês, mas precisava ter certeza que a pessoa era profissional e que dominava o idioma.

Revirei os olhos e rindo ignorei completamente, só não mandei de primeira para o lixo porque levaria tempo demais e o meu nariz sentia que a pizza já tinha saído do forno.

Estava me empanturrando com o queijo derretido quando o meu celular tocou, uma nova mensagem. De novo. Mesmo e-mail.

- Quem te manda tanta mensagem?

- Sei lá, o e-mail é estranho e a pessoa arrogante, se quer ter aulas com alguém que fale perfeito que contrate alguém que tenha inglês como língua materna.

Meus pais se entreolharam.

- Se todo mundo pensasse assim, eu não teria emprego. - Minha mãe disse séria.

- Mostre que você pode falar inglês melhor do que um nativo. - Meu pai sorriu.

- Acho que eu tenho alunos o suficiente. - Fiz careta largando o quarto pedaço de pizza. Olhei mais uma vez a mensagem pensando. - Quer saber...

- O que? - Perguntaram quando não terminei.

- Eu ia ignorar, mas vou mostrar como sou boa, só para a pessoa se arrepender desse e-mail ridículo.

- Isso ai. - Meu pai disse animado.

Ali mesmo respondi o e-mail enviando todos os meus certificados, que por ter pouca idade eram muitos. Tinha sorte de ter sido incentivada desde pequena a falar outros idiomas.

Queria ter dormido tranquila aquela noite, mas me revirei a noite toda me sentindo incomodada com aquele e-mail.

Quando amanheceu, por algum motivo resolvi acessar a plataforma e um novo pedido estava lá. E para minha surpresa ele ou ela estava online. Mal tinha aceito quando começou a tocar alto a videochamada.

Eu recusei rapidamente. Tinha acabado de acordar e meus cabelos ainda estavam em pé para aceitar uma ligação, ainda mais sem um horário marcado.

Enviei uma mensagem.

A pessoa respondeu imediatamente.

Rapidamente marquei um horário para conversarmos, e aparentemente ele ou ela só tinha o período da manha ou da noite para conversar, então combinei para aquela noite mesmo.

Ao terminar a última aula do dia, o contato novo já estava online me esperando. Eu resolvi ligar no horário combinado e quando atendeu, ele sorriu.

- Olá, eu sou Jae. - Ele acenou e abaixou a cabeça em cumprimento como os japoneses costumavam fazer. - É um prazer conhecê-la.

Não sei o porque, mas demorei um pouco para conseguir responder.

Jae estava em um ambiente escuro e o seu capuz cobria quase todo o seu rosto, mas o sorriso, com certeza, iluminava o lugar, além de uma voz muito bonita.

- Eu queria começar pedindo desculpa pelo e-mail do dia anterior, o pessoal da minha empresa não sabe ser muito delicados com as palavras.

- O que? - Pisquei algumas vezes finalmente falando. - Você que enviou aquele e-mail cheio de exigências? Como conseguiu o meu contato? E por que entrou em contato se tinha tanta duvida.

- Calma, - ele começou a rir – pode falar um pouco mais devagar? Meu inglês não é tao bom assim.

Respirei fundo.

- Por que está aqui se tinha tanta duvida da minha capacidade? - Perguntei lentamente.

- Como disse, não foi eu. Alguém que esta acima de mim entrou em contato primeiro, desculpa se a ofendeu. - Tive que me segurar para não revirar os olhos. - Espero que não desista de mim, você é a minha ultima esperança. 

Ele é um idol ♪ BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora