Capítulo 3

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- Esperança do que?

Ele coçou a parte de trás da cabeça e suspirou, como se pensasse no que dizia.

- Eu preciso melhorar o meu inglês, quase que 100% e não é uma tarefa fácil para mim. - Era possível perceber que ele sempre pensava muito antes de completar a frase. - E aquele e-mail era protocolo já que tivemos problemas no passado.

- Que tipo de problema?

- Eu posso te contar, se você aceitar me ensinar o que sabe e eu puder confiar em você.

- Bom, estou aqui para isso, não é? E bom, eu posso dizer que pode confiar em mim e não ser uma boa pessoa, você que tem que sentir se pode confiar em mim.

Ele balançou a cabeça concordando.

- Você tem algum horário preferido? Dias das semanas?

- Esse é um dos problemas. Eu não consigo estabelecer horários por conta do meu trabalho.

- Não tem um horário fixo?

- Quase nunca.

Apoiei um braço na mesa e pensei um pouco.

- E se fosse possível, gostaria que fosse todos os dias.

Eu engasguei com o ar.

- Todos os dias? - Arregalei os olhos assustada e ele sorriu.

- Eu falei que era um problema.

- E quais são os outros problemas? Já me avisa por favor, para poder recusar essas aulas.

- Um problema de cada vez.

- Está bem, mas eu preciso ter, pelo menos, uma base, porque não dá para passar o dia esperando e eu preciso ter um tempo para preparar as aulas.

- Não precisa ser nada complexo, eu sei bastante coisa, mas não tanto quanto estão exigindo.

- Mesmo assim, preciso de um horário, ao menos. - Ele olhou para o lado e ficou quieto por um tempo. - Esse horário não está bom para você?

Ele então voltou a olhar para câmera e ergueu os ombros.

- Eu acho que posso começar acordar mais cedo.

- Mais cedo? Mas são 7 da noite. Você trabalha de madrugada, é por isso?

- Ah, eu esqueci. O nosso fuso horário tem 12 horas de diferença. Enquanto ai é de dia, aqui é noite e vice e versa.

- Assim lasca mais. - Murmurei para mim.

- Outro problema. - Ele disse atraindo minha atenção novamente.

- Vou pensar em algo.

- Então, você não vai negar e nem nada? - Ele me olhava chocado.

- Não.

- Whoaaa! Muito obrigado.

- De nada, eu acho? Me avisa quando estiver disponível para começarmos de verdade.

- Ah! Claro. Muito obrigado. - Ele se curvou mais uma vez e acenou antes de encerrar.

Pisquei algumas vezes e comecei a rir.

- Foi estranho, mas ok.

- Já terminou? - Batendo na porta e entrando em seguida, minha mãe carregava uma bandeja de petiscos e uma xícara de achocolatado.

- Sim, terminei o último agora. E a senhora?

- Faz um tempo já. Daqui a pouco vou no mercado com o seu pai, quer ir junto?

- Acho que não, estou muito cansada. Minha bunda deve estar quadrada já.

- Tudo bem. - Ela deixou a bandeja na minha mesa e antes que ela chegasse a porta, eu a chamei. - Sim?

- Você já teve algum aluno que tinha dificuldade e ter um horário fixo para as aulas? - Ela pensou e depois balançou a cabeça.

- Uma vez só, foi bem difícil, mas foi interessante me desafiar. Você só precisa encontrar um horário próximo sempre que for possível e se organizar assim.

- Entendi, obrigada.

Analisei os horários e os dias dos meus cinco alunos fixos, já que alguns acabaram cancelando e com isso abrindo algumas lacunas nos meus horários. Acabei passando os cinco para o horário da tarde, em alguns dias da semana tinha apenas um aluno, mas mesmo assim deixei em horários depois do almoço deixando assim todas as manhas e noites totalmente livres e como com aqueles poucos alunos e com Jae todos os dias, eu tinha mais dinheiro do que imaginava conseguir pagar o que eu quisesse, mas no meio da pandemia, maior parte iria para uma poupança.

Enviei uma base dos horários que poderíamos as aulas para o endereço para o segundo e-mail que tinha recebido e entre tantas letras aleatórias o nome Jae se encontrava. Não esperava uma resposta já que pelo que disse, ele devia ser ocupado demais e quando desliguei o computador com tudo ajeitado, relaxei.

No outro dia, logo cedo, no primeiro horário que mandei que eu estaria já pronta, a minha tela piscou. Jae estava do outro lado, parecia animado já que estava agitado, mas dessa vez não dava para ver o seu sorriso já que a máscara ocupava maior parte do seu rosto.

- Aparentemente a pandemia ai está igual por aqui.

- Não tanto, é mais costume. Aqui não está tendo tanto casos.

- Sorte sua. Perai, nem sei da onde você é. - Eu sabia que os seus traços denunciavam algum pais da ásia, mas não queria chutar errado, já fiz isso uma vez e a pessoa não gostou muito. Com isso aprendi que eles não gostam de serem confundidos.

- Coreia do Sul. - Ele respondeu.

- Oh!

- Você conhece aqui? Tem contato? Conhece alguém? - Pelo tom da voz, ele parecia sério agora.

- Na verdade, não. Desculpa, não conheço nada. Na verdade, eu acho que é o meu primeiro contato foi você. - Eu disse rindo e os ombros dele relaxou.

- Eu vi na sua ficha que é do Brasil, achei isso legal. Já fui ai algumas vezes.

- Sério? E gostou?

- Bastante, as pessoas ai são bem calorosas.

- Até demais. - Ri e ele me acompanhou. - E sabe falar português?

- Muito pouco, só o que me ensinaram quando estava ai, mas quem sabe você pode me ensinar.

- Português e inglês? Vou ter que cobrar o dobro.

- Não tenho problema com isso.

- Uau, então tá bom. Vamos ao que interessa.

Foi a uma hora mais rápida do mundo, tanto que acabei deixando passar mais um pouco. Jae queria mais conversar do que focar em vocabulário, com isso acabamos rindo maior parte do tempo. 

Ele é um idol ♪ BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora