Capítulo 30

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Toda a animação desapareceu, toda a barreira que construí com os anos tinha desabado com um simples sopro e não sabia como continuar.

A hora da formatura estava chegando e precisava ir, o vestido ainda estava pendurado na porta e tinha poucos minutos até o motorista chegar. Todas as meninas já tinham partido na frente, o que foi uma benção porque perdi as contas de quantas vezes tive que segurar e não perguntar sobre Jungkook, o quer que fosse, acabaria mais ainda com um pouco de sustentação que ainda tinha.

Puxei o zíper do vestido e calcei os sapatos, o mais desconfortáveis possíveis, pelo menos poderia focar nessa dor do que na outra. Busquei o melhor sorriso antes de subir no carro.

O salão estava lotado e me senti nervosa no fundo do palco vestindo a beca. Meus padrinhos ainda não tinham me avisado se tinham chego e percebi que tremia por debaixo de toda aquela fachada firme.

Um nome por vez era chamado para buscar o certificado tendo todas as luzes em cima da pessoa ao desfilar pelo palco. Era atenção demais e estava apavorada. Só percebi que meu nome fora chamado por a pessoa de trás me cutucou, tive que buscar qualquer coisa dentro de mim para conseguir fazer meus pés mexerem.

Um passo e ouvi gritos, muitos gritos.

Busquei saber de onde viria, já que não esperava muito já que quase ninguém viria. Uma alegria súbita encheu meu corpo de energia quando vi meus pais no meio da multidão. Tive que me segurar para não chorar ali mesmo e cair em lágrimas.

Caminhei em passos lentos para sair logo dali e abraçar os meus pais.

— O que estão fazendo aqui? — Abracei-os com tanta força que esqueci que estava amassando todo o vestido e cabelo.

— Surpresa! — Ambos disseram entre risadas.

— Eu não acredito. — Agora abraçava por longos minutos um de cada vez.

— Aqui, para você. —Um enorme buquê de rosas foi empurrado para meus braços pelo meu pai que estava sem jeito. —Queria comprar aqueles anéis chiques de formatura, mas acabamos chegando muito em cima.

— Não preciso disso, vocês estarem aqui é o melhor presente da vida inteira.

—Você emagreceu tanto. —Minha mãe tocou o meu rosto e franziu a testa. —Sabia que não foi uma boa ideia deixa-la sozinha.

—Eu estou bem, mãe. É só estresse. E o Jae? Como está?

—Melhor impossível, já ganhou vários concursos.

—O senhor está o levando para concursos? — Era isso se aposentar? Eu consegui parar de rir.

"Formandos, por favor, compareçam à área do palco."

—Tenho que ir, vejo-os em breve.

Beijei-os e corri para a preparação da valsa. Estava mais feliz do que nunca, toda a tristeza que estava voltando a desistir desapareceu em um segundo quando meus olhos encontraram com as de meus pais.

—Pronta?

Rafael já estava ao meu lado puxando o braço quando ainda nem era necessário. Normalmente teria me irritado com a sua liberdade, mas estava muito feliz para isso.

— Mais do que nunca.

Tinha me arrependido de ter aceitado o convite dele para ser meu par, mas agora vendo-o melhor, não foi uma escolha ruim. Ele estava bonito com os seus cabelos encaracolados penteados para trás deixando o seu rosto mais a vista, ele era mais bonito do que tinha reparado, talvez porque nunca tinha olhado demais para ele.

— Prontos?

A música começou a tocar e a valsa começou. Senti os seus dedos trêmulas encontrarem minha cintura e me puxar para mais perto.

— Já aviso que talvez pise no seu pé. —Murmurei baixo enquanto ria.

—Eu não me importo, já vim preparado para isso.

— Que bom. —Suspirei.

— Soube que está indo embora.

— Não sei ainda quando exatamente, mas sim.

— Você precisa mesmo ir? Quer dizer... não tem nada que a faça ficar?

— Nada! Pensei em ficar, mas não valeria a pena, sabe?

— Por ninguém?

Sabia onde aquilo poderia chegar, tinha fugido disso tantas vezes durante o ano letivo que já era um costume, sempre que entravamos no assunto de termos algo além amizade achava um jeito de sair, mas agora estava presa.

— Nada e nem ninguém, está tudo pronto para minha partida e não vou voltar atrás. Desculpa, Rafa.

Fui salva pelo meu pai, não queria sair correndo e o largando ali no meio de todo mundo, por isso quando meu pai me tirou para dançar o abracei forte.

— O meu herói.

Ele gargalhou.

— Ele estava te encarando demais, não estava gostando disso.

— Sou grata por isso, obrigada, pai.

— Você é a minha menininha, não deixaria esse garoto ai roubá-la de mim.

Dei um meio sorriso e deitei minha cabeça em seu ombro.

— Ninguém irá me roubar de você. — Sussurrei em um sorriso.

A valsa terminou e finalmente estávamos liberados. A balada foi iniciada e poucos minutos estávamos nós três, pulando e dançando como se não houvesse o amanhã.

Arranquei os sapatos e os joguei em qualquer lugar, provavelmente nunca mais os veria, mas também não os usaria mais. Tinha que aproveitar o momento o máximo que tinha.

Pulei, dancei, escorreguei, dancei mais um pouco, passei vergonha e suei. Quando me afastei para beber a água, estava cheia de acessórios toscos e brilhos grudados em meu corpo. Estava feliz pela decisão que tinha tomado e agora só precisava saborear os frutos que daria a partir daquele momento, mal esperava para embarcar para o meu destino.

Estava quente dentro do salão e sabia que precisava de um ar fresco, enquanto meus pais davam um baile na galera aproveitei para sair um pouco. A porta era pesada para o lado de fora e poucas pessoas estavam ali, a maioria deles fumantes, por isso tentei me afastar o máximo.

O vento gelado me atingiu como uma parede e arrependi de ter saído, estava tão frio do lado de fora como estava quente do lado de dentro. Não tinha um meio termo?

Devia ser tarde, as estrelas brilhavam intensamente assim como a lua. Era lua cheia e o seu brilho era um contraste entre as luzes que iluminavam a cidade.

— Estava me perguntando quando você iria aparecer.

O bater do meu coração era como um tambor em meus ouvidos quando ouvi um idioma que não escutava fazia tanto tempo. O choque me fez virar e ao mesmo tempo me afastar, estava com medo, seria um fantasma querendo me assustar? Só podia ser.

A sua imagem ria na minha frente e comecei a me beliscar, mas ele não sumia.

—Vá embora, por favor. Eu não tenho nada para você.

Fechei os meus olhos na esperança de que a miragem sumisse da minha frente.

Eu estou ficando louca!

Será que bebi alguma coisa batizada? Ou será que estão fumando algo ilegal e eu estava inalando.

Ele começou a rir mais alto e sentir se aproximar.

—Você não está aqui, você não está aqui. — Murmurei as palavras como um mantra para afastar minha alucinação e quando abri os olhos, ele tirou o seu terno e colocou em volta de mim.

O cheiro me consumiu como fumaça e percebi que não deveria estar ficando louca, não conhecia ninguém com aquele cheiro se não ele. 

Ele é um idol ♪ BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora