Capítulo 24

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Era ele, só podia ser ele.

Estava escuro quando tirei os olhos da tela do celular. Pisquei algumas vezes para lubrificar os olhos que passaram tanto tempo encarando todas as verdades na minha cara. Não tinha como negar mais, a voz era a mesma, as cores de cabelo, os sorrisos, as roupas, tudo estava ali e não tinha que pudesse dizer o contrário. Eu estava vivendo uma mentira.

Demorou até que meus olhos tivessem um pouco para melhorar aquela sensação de areia nos olhos, havia chorado tanto que agora não tinha mais nada. Acho que nem eu mesma existia mais.

Liguei para Gabi em um pedido de socorro desesperado. Ela atendeu no segundo toque.

" Oláaa! Achei que nem ia lembrar de mim depois que estivesse com o seu boy."

— Coloca a Giulia na linha. — Pedi, mas percebi que minha voz saiu rude.

"O que? Mel... o que?"

— Chama ela, por favor.

Ouvi a voz de Gabi chamando e a voz de Giulia entediada.

" Oi? "

— Giulia, você sabe tudo desse seu bts, não é?

"Uhum."

— Consegue me dizer onde eles estão agora?

"Sei, mas pra que quer..."

— Só me dizer que prometo que dessa vez eu não vou esquecer e ainda vou te levar um autógrafo.

Ela riu.

"Boa sorte, o lugar está lotado, minhas amigas estão lá e disse que..."

— Eu dou os meus pulos, só me envia a localização.

"Tá bom, mas jura que vai me dar o autógrafos deles se conseguir?"

— Eu juro! — Juro ainda dar tudo o que Jae me deu um dia para a sua felicidade.

Ela concordou e desliguei antes que Gabi pudesse perguntar mais alguma coisa, talvez fosse me arrepender daquilo, mas mais do que já estava era impossível.

Giulia me enviou o endereço poucos minutos depois.

Durante a viagem até o local, rezava baixinho para que eu estivesse errada, muito errada.

Respirei fundo três vezes antes de descer do carro e me enfiar no meio da multidão que enchia a entrada. Não sabia como podia conseguir entrada quando o segurança parou a garota a minha frente por estar sem ingresso.

Merda!!

Verifiquei o limite do cartão de crédito e torci para que fosse o suficiente.

Sabia que eu só tinha aquela oportunidade porque eu sabia que só agora teria coragem e talvez a única chance de estar de frente com Jungkook e por isso teria que arriscar tudo.

Com a cara de pau comecei abordar cada uma das garotas que estavam na fila e que tinham ingresso na tentativa de comprar um, não importava o valor que eu oferecia, elas sempre negavam. Isso era óbvio, elas iriam realizar um sonho enquanto eu, talvez destruir o meu próprio.

Não vai ser o Jae. Eu sei que é um engano.

O meu celular tocou e uma mensagem de Jae acendeu a tela.

"Mais um hora e prometo que te ligo assim que acabar tudo aqui. Estou louco para te ver."

Se não for você, então terá que esperar mais um pouquinho, só Deus sabia quando eu conseguiria entrar ou algo do tipo.

— Eu posso te vender um dos meus. — Uma garota mais nova tocou em meu ombro e sorriu. — Mas quero mais do que ofereceu para aquelas garotas.

— Pode ser, mas não vai te fazer falta?

— Minha amiga ficou doente e não pode vir, acabei ficando com o ingresso pra mim.

Obrigada, meu Deus.

Quando a transferência foi aceita, percebi que estava com um rombo na conta. Teria que passar meses para pagar aquela fatura e o arrependimento começava a bater. Não era só perguntar diretamente para ele? Mas ele poderia negar.

A garota saiu saltitando de felicidade quando eu só queria chorar com a loucura que estava fazendo.

Os grandes números que marcavam o ingresso era chamados um por um, quando o meu era o próximo, senti minhas mãos duras e as pernas bambas, foi difícil subir até o palco com um pedaço de papel e o medo no coração.

Um por um, foi assinando o poster e sempre que me olhavam, o sorriso sumia. Era um sinal, não era? Quando ouvi o meu nome, percebi que eles desviam o olhar.

JJ era o próximo e quando fiquei de frente com ele e os seus olhos se encontraram aos meus, o seu pomo de adão subiu e desceu, ele piscou algumas vezes e quando cutucou que estava do seu lado tive coragem de olhar e ver que era o tal Jungkook.

Demorou até que ele reparasse em mim, ele estava rindo e se divertindo com o que a fã do lado dizia, mas eu não conseguia entender porque não conseguia ouvir nada além do meu coração.

Não me reconheça, não me reconheça.

Jungkook finalmente cedeu as cutucadas do amigo e olhou para o que apontava. A cor do seu rosto sumiu quando ele saltou da cadeira gritando o meu nome assustado.

Não era para me reconhecer. Por que?

Não consegui engolir, respirar ou falar nada. E aparentemente nem ele que me olhava com medo nos olhos.

Não sei quanto tempo passou até que percebi que estava chorando e larguei tudo na mesa e sai correndo dali. Não me importei quando os seguranças foram atrás de mim ou murmurar que vinha de todo mundo por quem eu passava. Só queria sair dali o mais rápido possível.

Não era para ter reconhecido, se não tivesse, o Jae ainda seria o Jae.

Tive que correr muito até me afastar o máximo possível, até as vozes que cantavam na porta do teatro sumissem e não fosse ninguém perto porque tudo o que eu queria fazer era chorar, não só chorar, mas gritar toda a dor que estava sentindo em meu peito.

Ajoelhei em uma vila vazia para chorar sem olhares julgadores quando senti o meu celular vibrando no bolso sem parar. Deixei que tocasse, não queria falar com ninguém e se fosse ele, muito menos. Ele tinha feito a pior coisa do mundo, a pior de todas e me sentia pior ainda de ter acreditado tanto nele, ter fechado os olhos quando estava tudo bem ali na minha frente sendo esfregado e só eu não via.

Sentia-me a pior pessoa do mundo.

Só pude ser capaz de levantar quando não aguentava mais o frio. A ponta do meu nariz doía assim como meus dedos e rosto dormente, tive que me segurar na parede para conseguir fazer minhas pernas se mexerem e meus dedos para chamar um carro.

Arrependi de pegar o celular e ver que números com o código de área daqui ainda chamava sem parar, só o número de mensagens e ligações de celular do suposto Jae eram infinitas. Não queria ler ou ouvir mais as suas mentiras.

Desliguei o celular e deixei que o meu corpo sem vida me levasse para onde quisesse ou até onde aguentasse. 

Ele é um idol ♪ BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora