Capítulo 7

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Nos dias seguintes segui atormentando Jae para saber o que tinha falado de mim para JJ, mas sempre que entravamos no assunto ele ficava vermelho e mudava de assunto.

— Espero que não seja nada ruim. — Os olhos de Jae se arregalaram com a minha expressão magoada e um leve bico surgindo em meu lábio, ele rapidamente sacudiu os braços nervoso.

— Jamais, eu não tenho nada ruim para falar de você, a não ser o fato de estarmos horas e horas de distância.

— Eu concordo, mas não é só o problema, você trabalha demais também. — Suspirei ao lembrar o quão pouco eu tinha visto o seu rosto na última semana por ele trabalhar tanto. — Inclusive me pergunto se teria tempo de me ver mesmo que trabalhe tanto.

— Eu daria um jeito, pode acreditar. — Ele respirou profundamente e certificou o relógio mais uma vez.

— Já está na hora de ir?

— Já, desculpa se fiz você ficar acordada até tao tarde. Acho que o fuso horário não nos ajuda também. — Ele riu enquanto soltava o ar dos pulmões.

— Vale a pena. E de qualquer forma, eu sempre acordo dormindo de tarde enquanto escuto um certo alguém dormindo também.

— Isso é injusto.

— Eu digo mesmo. — Mostrei a língua e ele começou a rir.

— Ok, você está certa. Não vou mais tirar o seu sono, nos falávamos quando eu chegar, tudo bem?

— Estarei aqui te esperando como sempre.

Jae se aproximou beijando gentilmente a câmera como se pudesse dar aquele beijo em mim, suspirei e acenei mais uma vez antes de desligar desejando que fosse possível receber tal beijo.

Tentei dormir, mas só conseguia me revirar na cama pensando no que o Jae fazia enquanto eu dormia. Devia ser difícil cuidar de um artista, mas ele parecia feliz com que fazia e isso só me fazia ter mais curiosidade para vê-lo em ação.

No dia seguinte acordei tarde, tao tarde que quando pulei da cama já sentia o cheiro de comida sendo preparada. Quase cai da cama quando vi a hora que o relógio marcava.

— Dormiu hoje, ein? — Minha mãe estava na cozinha empenhada em mais uma receita que tinha aprendido na internet. — Anda dormindo muito tarde.

— Eu sei... — disse ao bocejar e deitar sob o balção. — vou melhorar e acordar mais cedo.

— Tudo bem, você não tem mais alunos, não é?

— Não, como estamos no final do ano, a maioria cancelou as aulas.

— Menos aquele coreano, não é? — Vi um sorriso malicioso brotar no rosto da minha mãe e tive que virar a cara para ela não notar o meu rosto.

— Não é como se fosse uma aula, somos amigos agora.

— Sei! — Ela me deu as costas e mexeu mais algumas vezes na panela até que uma delas começou a exalar um cheiro de queimado.

— Mais uma panela no lixo? — Perguntei rindo enquanto tirava uma maça da fruteira e corria para a sala antes que algo voasse em minha direção.

Liguei a TV para ver as noticias enquanto mexia no celular, fiquei surpresa quando vi no jornal falando sobre um grupo coreano que estava em primeiro nas paradas. BTS. Nunca tinha ouvido falado sobre tal grupo, ou talvez tenha na época da faculdade as meninas mais novas falando sobre e também a irmãzinha da Ana gostava de um grupo do tipo, só não sabia direito.

Enviei uma mensagem para Jae contando sobre como um grupo do país dele estava fazendo sucesso no Brasil.

— Oi filha! - Meu pai se sentou do meu lado no sofá já mudando de canal e colocando em um jogo futebol.

— Sério, pai?

— Deixa eu assistir só um pouco, daqui a pouco vou voltar para a loja e está uma loucura, não vai dar tempo de ver esse jogo e é muito importante.

Bufei e me afundei mais no sofá.

— O que acha de montarmos a nossa árvore de natal mais tarde? Já estamos um pouco atrasados, os vizinhos já enfeitaram tudo.

— Mas nem é dezembro ainda.

— Eu sei, mas mesmo com os casos aumentando, parece que as pessoas vão sair para as compras mesmo assim, então vai ser uma loucura e não vou ter tempo.

— Pode ser então.

O meu celular começou a vibrar insanamente em meu colo e tomei um susto quando vi o número de Jae na tela. Corri para o quarto o mais rápido possível e atendi.

— Jae? Achei que você ia ficar até tarde no trabalho hoje. - Indaguei.

— Sim, e vou. Só queria saber que grupo esse que você falou, você conhece? - Comecei a rir.

— Me ligou só para isso?

— Queria saber se era o grupo que eu conhecia, não sei né.

— Não, eu não conheço. Você sabe que eu estou por fora das músicas de hoje, mas é um grupo... é ... acho que é BTS.

— Ah, - a voz dele tremia do outro lado na linha.

— Bom, eu não vi a foto deles e nem nada do tipo, então não posso confirmar.

— Entendi, ainda bem

— Ainda bem? - Perguntei confusa.

— É um grupo famoso daqui, você não ia gostar das músicas deles, nem perca o seu tempo, se quiser posso te apresentar outros bem mais legais.

Voltei a rir com a sua animação falando um monte de nome que nunca tinha ouvido falar.

— Eu vou continuar com as músicas velhas mesmo. - comentei rindo e ele riu em seguida.

— Verdade, você tem um ótimo gosto musical.

— Obrigada. — Agradeci pela sorte dele não estar para não ver o meu rosto queimando.

Jae desligou quase que em seguida, eu ainda ria da ligação repentina dele, mas senti feliz em ouvir a sua voz no meio do dia. Tanto que criei mais coragem e disposição para ajudar a minha mãe em limpar a casa do teto a baixo para a montagem da nossa árvore.

Minha rinite atacou e tudo o que eu sabia fazer enquanto separava os enfeites era espirrar.

— Será que não vamos colocar nada debaixo dela esse ano? — Perguntei para o meu pai que montava pacientemente a árvore galho por galho. Tínhamos aquela árvore desde que eu era muito pequena e mesmo com o passar dos anos ela ainda era perfeita.

— Temos a vantagem de ter internet a nosso favor, só não vamos sair as compras, mas podemos compras daqui de casa mesmo.

— Não é a mesma, da última vez que fui comprar alguma coisa na internet acabei comprando coisa que nem precisava.

— Espero não receber nada estranho esse ano. — meu pai passou um olhar sério para minha mae que me ajudava.

— Você usa aquela camiseta verde. — disse se defendendo.

— Só quando não tenho outra para usar. Todos os clientes riem de mim quando uso ela.

— Não tenho culpa que eu achei que ainda estava na moda. - Ela deu os ombros e me jogou as luzes para desembolar.

— Vocês reclamando ai, nos últimos anos só tenho ganhado roupas que a maioria das vezes nem me servem.

— Não reclama, suas primas ganham um abraço apenas.

Acabei revirando os olhos e rindo, realmente estava reclamando de barriga cheia. Enquanto meus pais tiravam um tempo escolhendo um presente, meus tios davam uma nota de R$50 reais junto com um abraço. Eu ainda preferia acabar com um moletom pequeno em meu armário, mas sabendo que eles escolheram para mim, um tempo do dia tao corrido deles.

Minha mente flutuava em todas as opções possíveis e utilitárias de coisas que poderia comprar para os meus pais quando a tela do meu celular acenou revelando o protetor de tela que era uma foto da paisagem vista pelo apartamento de Jae, por algum motivo a achei linda e quis colocar ali para sempre me lembrar dele e isso me fez pensar se deveria dar alguma coisa para ele também, se fosse dar, o que poderia ser?

Ele é um idol ♪ BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora