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ERA UMA TERÇA-FEIRA FRIA EM BUCARESTE. Ao contrário do que se pensa, as pessoas não decidiram ficar em casa e aproveitar o calor e conforto. As ruas estavam lotadas, pedestres andando para todos os lados e carros e motos buzinando alto. Como todos os dias, as diversas barracas de comidas, brinquedos, roupas e carnes estavam espalhadas pela calçada. Os vendedores anunciando em berros as promoções e atraindo mais e mais fregueses.

O homem soltou um suspiro e decidiu checar primeiro a banca de revistas à duas barracas de onde estava. Seus olhos, tão azuis quanto o céu, observavam com atenção as manchetes dos jornais e como em todas as manhãs, sentiu o peso saindo de seus ombros; apenas os mesmos crimes e notícias de sempre.

A rua movimentada o impedia de atravessar e sempre que ele achava que o trânsito estava liberado para os pedestres, um maluco apertava a buzina e xingava-o. Bucky Barnes odiava buzinas. Odiava sons estridentes. E murmurando um palavrão baixinho, ele, finalmente, atravessou a rua.

Ajeitou o boné em sua cabeça e olhou sobre os ombros, apertando as mãos enluvadas. Depois daquela buzinada que levou, estava com uma sensação estranha. Como se alguém estivesse observando-o ou seguindo-o.

Bom, mais uma coisa para a lista.

Alguns diriam que era paranóia, mas, para Bucky era uma possibilidade bem real de acontecer. Vivia cercado pelas mesmas perguntas: Quanto tempo demoraria para encontrarem ele ali, perambulando pelas ruas de uma cidade europeia? Quanto tempo até o arrastarem de volta para uma base secreta e fritarem seu cérebro? E se quando virasse a esquina um grupo de agentes surgissem do nada? Pronto, todo o seu plano de ficar disfarçado e longe de olhos curiosos iria por água baixo.

Ele só queria relaxar. Só queria viver uma vida normal, como um cara normal e fazendo coisas normais. Era pedir demais?

A Dona Grace, vizinha de porta de Bucky, disse que ele deveria ir a um terapeuta. Uma vez, ele passou duas horas escutando a senhora falando que a "paranóia" dele poderia estar ligada a um transtorno de estresse pós-traumático.

E pensado bem, analisando tudo que passou durante todo aquele tempo vivendo sozinho e escondido, fazia até que sentido.

Quando ele virou a esquina, pensou ter visto uma van preta parando ao seu lado, mas era apenas uma banda descarregando seus instrumentos. Bucky soltou um longo suspiro, esfregando a mão no rosto e avistando o mercado a alguns metros.

Relaxar. Era isso que precisava.

O Mercado da Tine era apenas o melhor mercadinho do bairro, tinha os melhores produtos e os melhores preços. E, por ser um pouco afastado do calçadão movimentado, não havia muita clientela. Para Bucky era perfeito. Não sabia dizer se para os donos também era.

✓ Collide • Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora