Capítulo 22 - Sob Pressão (Parte 2)

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Aqui estou eu, mais uma vez sob o olhar do vigia (q) Espero que estejam todos bem, o capítulo está um pouco menor do que de costume, porque achei melhor, mas não faltou nada do que eu queria falar ou transmitir, acredito que esteja um pouco extenso na questão de explicações e profundidade sobre os problemas da personagem. Estou feliz com vocês que aparecem tanto aqui como no meu instagram para conversar e ver os spoilers, são muito fofos <3 (rollike_abuffalo). Boa leitura.


Vai pro inferno filho da puta!

– Não entendeu ainda? –
Disse ao mesmo tempo que enfiou a mão dentro de sua boca segurando-lhe a língua. – Você já está nele... – A encarou. – E eu sou o diabo!

 Ela já não estava em seu estado normal, bem longe disso, a visão da situação era turva, o foco que tinha era especifico como um alerta, nem todo o ambiente estava nítido, pode se dizer que Natasha apenas conseguia ver aquilo que poderia ser útil para ela. E isso incluía, Derek e Caleb. Ficou tão atônita com aquela cena, não saberia dizer se o que a perturbou foi o ato cruel ou o fato de saber qual a sensação da impotência, mercê aos outros.

 Natasha é como um vidro trincado, um ferimento recém-fechado basta um toque, um pequeno empurrão sutil para que se estilhace e a ferida volte a sangrar. E ver aquilo foi horrível, um horror que não só envolvia o sangue, os corpos espalhados, mas a tamanha frieza e o deleite pelo qual ele sentia em maltratar a mulher. As lembranças da sua infância faziam com que abominasse aquilo, automaticamente é transportada para aquela época, onde tudo o que desejava era que sua mãe parecesse de ser tão cruel, que alguém aparecesse para salvá-la e tirá-la daquele lugar. Isso nunca aconteceu, não pelo menos enquanto ela não havia fugido.

 Natasha não sentia pena de Yandra, não, nem a via, o grande ponto é que se sentia como estivesse sendo ela a torturada. Mas, havia outra coisa, algo que é imperceptível, tão sutil que ninguém percebe, não consegue identificar, nem mesmo, ela. Pelo menos... não sem avaliá-la profundamente.

 Só pode concentrar-se em Caleb quando ele tapou seus ouvidos e a obrigou encará-lo, por alguns instantes não o reconheceu, o momento era como estar em um limbo, não havia nada, nem ninguém a mente esquecia o presente. Nem ao menos se lembra de ter falado com ele enquanto foi levada para outro lugar, podia ouvi-lo, mas tudo parecia sempre distante como a voz longe do telefone.

 O ambiente bafado que lhe causava calafrios ainda a cercava, sentia como se os machucados feitos quando criança latejavam a impossibilitando de se mexer, mesclavam com as dores do presente.

Isso que está vendo... não existe mais, você já venceu essa parte da vida Natasha.

 A voz de Caleb foi um leve despertar que o deixou em foco na sua visão, segurou em seu braço como certa força como medo que ele fosse embora, sumisse como um delírio. Acabou deixando as lágrimas escorrem pela bochecha

Então... porque dói como se estivesse sofrendo ainda?

 Ainda conseguia ouvir a dor agonizante do lado de fora, misturando-se com as próprias vozes de sua cabeça, como se todo o ambiente estivesse querendo enlouquecê-la com frases e ameaças antigas. Tampou os ouvidos em desespero, o silêncio não dava medo era a única coisa que a fazia distrair do medo e da lembrança do porão escuro de sua casa. Ela se aproximou de Caleb que naquele momento tornou-se a única fonte de segurança, escondeu o rosto em seu peito e pode sentir seu abraço e chorou em silêncio.

– Terá que aprender a usar isso a seu favor.

 Ela não ouviu exatamente essa frase foi mais como, saber que ele falou alguma coisa, mas, não prestou atenção. Depois de algum tempo Caleb conseguiu fazê-la sentar na poltrona, mesmo que tentasse conversar, não tinha resposta verbal, Natasha apenas acenava sutilmente com a cabeça.

– Ainda está doente Natasha, a febre voltou e sei que está exausta. – Tocou em seu rosto, ela encarava a janela que dava vista para o quintal dos fundos. – Vamos trocar essa roupa e te levarei para casa, está bem?

G.U.Y. - Sob as Luzes da CidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora