Acordo com Índio e Uva brincando/brigando na minha cama. Faço um pouco de carinho neles e vejo que já são 06:30. É, tenho 30 minutos pra me arrumar e chegar na escola (missão impossível para uma segunda-feira, considerando que é o meu último ano na escola).
-Nat, desce logo! – Minha mãe me grita da cozinha. Corro pro banheiro e tomo um banho rápido. Sem tempo pra enrolação, as caras que vou olhar são as mesmas desde o 8°ano. Tomo meu remédio pra ansiedade, tiro meu celular do carregador e desço. Tomo café com meus pais e vou com minha mãe à escola. Conecto meu celular ao som do carro e coloco uma música de Djonga pra tocar.
-Meu Deus, Natália, que música é essa?-Fala, ao abaixar o volume ao escutar o trecho:
"Tô estudando 24 horas
E eu, tô te fodendo 24 horas
Pra eu ser notícia 24 horas
Não vou zuar os mano que quer dar de 24, oras
Incentivando o errado pra ver se dá certo"
-Ainda não se acostumou? É só uma letra de música. -Falo revirando os olhos.
-Música de gente que não estuda, que não tem o que fazer.-Ela fala destravando o pra eu sair.
-É sério, Dra. Elisa?- Falo irônica e saio sem me despedir.
Chego na escola atrasada, entro na sala de aula e sento atrás de Felipe e Júlia.
O primeiro horário foi um belo discurso da diretora falando em como o 3°ano é um ano decisivo e que não podíamos deixar de estudar e que ela queria o máximo de aprovações. Claro, tudo pra fazer aquele belo marketing pra escolas Me poupe mesmo! As aulas passaram e eu chamei Fê e Ju pra almoçarem lá em casa.
-Ja tô com saudade de Búzios, namoral!- Fala Júlia enquanto lavava as mãos.
-Eu tô é com saudade de ficar sem fazer nada com Felipe, sem essa pressão toda. -Falei massageando as têmporas.
-Sei… sem fazer nada comigo, até porque comigo tu não fez nada, mas com meu irmão... -Meu amigo ironiza e eu mostro o dedo do meio pra ele.
-Aiai, Vitão, saudades…- Júlia põe a mão no coração, olhando pra cima e eu reviro os olhos.
Tudo bem, eu fiquei sim com o Victor algumas vezes, mas nada sério e eu nem criei expectativas, porque né… é o Vitão!
-Vocês não querem se foder não? -Falei enquanto me servia, tava com muita fome.
-Eu não, mas você bem que queria com…-Felipe fala e eu jogo arroz nele o interrompendo. -Surtou!- Eu mostro a língua e Júlia ri de nós.
Ficamos conversando um pouco mais e brincando com meus gatinhos, depois fomos estudar. Longas 6 horas enfornados no meu quarto. Às 21h eles foram embora e meus pais chegaram.
-Ja comeu? - Meu pai pergunta ao me abraçar e eu nego, ele me repreende com o olhar.
-Vou pedir algo então. -Assinto e me jogo no sofá procurando alguma coisa pra comer.
Vou tomar banho e desço, meu pai pediu lasanha e eu AMO.
-Como foi o primeiro dia de aula, filha?- Pergunta papai, colocando um pedaço de lasanha na boca.
-Aulas, cobrança, aulas… normal. -Falo colocando um pouco de suco no copo.
-É assim mesmo, mas calma, tá no começo. Depois piora. -Respiro fundo ao ouvir o que ela falou. -Já viu a nota de corte pra medicina?-Perguntou e eu fiquei tensa.
-Mãe… a gente já conversou. -Respondi tentando não surtar e ela fez cara de tédio.
-Design? É sério? Pensei que já tivesse tirado isso da cabeça. -Balançou a cabeça negativamente.
Meus pais são médicos, meu irmão mais velho tá fazendo faculdade de medicina no RJ e minha mãe cismou que eu tenho de "seguir o ramo da família".
-Elisa, deixa a menina, ela não é obrigada a fazer medicina porque nós fizemos também. -Meu pai a repreende e ela finge não escutar, depois olha pra ele.
-Ela é mimada assim por culpa sua, sabia? Lucas tá muito bem no Rio se dando bem em medicina, até tomou jeito e tá com a Gabi. -Como já tô acostumada com essas comparações idiotas, pego o prato e subo. Coloco a ração dos meus filhos e observo eles comerem um pouco.
Meu pai não diz mais nada. Coloco um episódio de Gravity Falls e acabo cochilando. Acordo com meu celular vibrando, vejo que são 2 da manhã e me assusto ao ver quem estava me ligando.
Ligação on:
Victor -Oi, Na… te acordei? - Ouvir aquela voze fez ter um friozinho na barriga.
Natália- Ooi, acordou sim.
Ri fraco e ele riu com o nariz.
Victor- É que eu tava com saudade de ouvir tua voz, tá ligado? E sei lá, só tive tempo agora, mas pode voltar a dormir.
Ele falou meio embolado e eu disse ao meu consciente pra não achar aquilo fofo e acabar criando expectativas. Ainda bem que eu não tava perto dele, se não coraria no mesmo momento.
Natália- Aahhh, entendi. Mas e aí, tá por onde?
Victor- Porto Alegre. Hoje foi foda demais, tava com saudade dos palcos.
Natália- Mas cê tava precisando desse mês de férias, né?
Victor- Sim… Será se nas férias do meio do ano sua mãe deixa você viajar um pouco comigo? Tipo, o Felipe vai também e tals, se pá a gente até leva ela.
Ele tá só puxando assunto e sendo gentil, não são segundas intenções, Natália, foco!!
Natália- Hum… Não sei, mas posso falar com ela sobre. Talvez ela deixe eu passar uma semana, até porque eu tenho de focar real esse ano…
Delisgo a televisão e coloco no alto falante, pra ir escovar os dentes.
Victor- Tô ligado, neguinha. Tem de focar mesmo. Mas ó, se cê puder passar pelo menos essa semana comigo eu vou ficar felizaço.
Fecho os olhos tentando conter o sorriso bobo que quer se formar nos meus lábios e volto ao normal.
Natália- Vai ser top, Carvalho.
Victor- Eu gosto quando cê me chama assim. Só tu mesmo…
Natália- Claro, eu sou única! -Ele gargalha e eu rio junto.
Ligação off:
Ficamos conversando por mais uns 40min. e eu acabei adormecendo ouvindo ele cantar. Antes disso, mandei um print da ligação no grupo que eu tinha com os meninos e eu tenho certeza que amanhã eles vão me zoar demais.
Hmmmm, aiai, sinto que vai dar merda, mo!

VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma linda mulher |Xamã| CONCLUÍDA
Tiểu Thuyết Chung"É quente, será que esse infinito cabe a gente? Ela se rende, vem falar no meu ouvido Se tu valesse um pouquinho, Xamã, eu casava contigo" Natália é uma jovem paulista de 16 anos, que vê sua vida virar do avesso ao conhecer duas pessoas que a coloc...