Mom

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– Já parou para pensar que eu estou deitada no colo do cara que eu chorei por toda a minha adolescência?

– Acho que é a quinta vez que você diz isso. – colocou o dedo na ponta de meu nariz, me fazendo sorrir.

– Não, sério, pensa comigo: olha, você é o Harry Styles. Eu sou a Olivia, dá pra entender isso?

– Sim, seu nome é Olivia e o meu Harry.

– Você é ridículo – revirei os olhos – e lindo, mas muito ridículo. Olha só, você está no sofá da minha humilde casa com a minha cabeça no seu colo. Se eu contar para minha mãe ela infarta.

– E quando você pretende contar? – perguntou, pegando uma mecha de meu cabelo.

– Oi? – me levantei rápido demais, ficando um pouco tonta – cacete. O que você disse?

– Isso mesmo, quando ela vai descobrir?

– Merda, tem isso. Mas você quer que eu conte?

– E por que não contaria? – indagou.

"Porque não estamos namorando" quase respondi, mas guardei para mim.

Tudo bem, estávamos tendo um lance: ficávamos juntos no final de semana, ele me buscava no trabalho de vez em quando e até saíamos de madrugada para comer alguma coisa. Mas isso não é um namoro, certo? Não houve pedido, não houve nada.

Ah, também não fizemos sexo.

Claro, um relacionamento não precisa de sexo, mas era um passo importante e íntimo: quando quase aconteceu, acabei dormindo no meio, pois tive que programar um layout até duas da manhã na casa dele.

Isso é um namoro? Acho que não. Eu obviamente não sou a pessoa mais experiente do mundo, mas não me soava muito como um.

Bom, tive que tirar os pôsteres da parede, já que Harry ficava fazendo gracinha e até mandou uma foto no chat do grupo com os meninos (que eu também, infelizmente, não tive a chance de conhecer). Estão guardados no fundo do meu guarda-roupa, e talvez, se um dia tudo isso acabar, antes vou pedir para ele autografar e vender tudo depois.

– É, que seja. O que vamos fazer hoje? – perguntei enquanto entrelaçava sua mão na minha.

– Quando é o seu aniversário?

– Semana que vem, por quê? – franzi o cenho.

– Só para saber. Respondendo sua pergunta, eu não faço ideia, está muito bom ficar aqui com você assim.

– Acho que preciso de um sofá maior, você é muito grande.

E bom, o sofá dele era mil vezes mais confortável.

– Eu adoro esse sofá, ele é rosa. Já disse que adoro sofás rosa?

– Se você quiser eu posso te dar ele de natal – pisquei.

– Você é fofa demais, Olivia.

– Eu sei, ele não é tão confortável quanto o seu.

– Ele é muito confortável, mas nada supera minha cama – piscou.

– Oh, isso é um convite?

Puta merda, Olivia.

Um silêncio constrangedor tomou conta do cômodo, meu coração batia tão rápido que começava a ficar preocupada.

– Talvez. – umedeceu seus lábios, dando um sorriso sacana.

Droga, ele era muito gostoso e sabia disso.

Começamos a assistir TV e fechei os olhos enquanto sentia o carinho dele em minha cabeça, era tão delicado que poderia passar minha vida toda ali, em seu colo. Mas algo não saia de meus pensamentos, e começava a me deixar aflita: o que de fato éramos?

Por que insistiu nisso de conhecer minha mãe?

A realidade pouco a pouco me atingia, e um medo catastrófico de o perder tomou conta de mim. Fechei os olhos e virei a cabeça para o outro lado, de forma que ele não pudesse ver meu rosto.

Será que eu estava me iludindo? Talvez Harry fosse incrível demais para ter alguém como eu do lado dele e eu estivesse sendo muito emocionada.

Talvez ele estivesse falando por falar.

Algumas lágrimas se formaram e me segurei ao máximo para não deixar cair, eu não podia dar piti aqui e chorar como uma idiota: eu sabia que não iria conseguir explicar direito e isso poderia o assustar.

Talvez eu acabasse com tudo.

Puta merda.

– Olivia, o que aconteceu? – preocupado, abaixou um pouco para ver meu rosto – você está bem? Por que está chorando?

– Eu não estou chorando – disse com dificuldade, minha voz embargada só deixou mais evidente e eu me senti uma idiota.

– Quer conversar? – perguntou, retirando o cabelo da frente de meu rosto – eu não quero te pressionar a nada, mas pode conversar comigo se quiser. Eu fiz algo?

– Não, você não fez nada – limpei meu nariz na blusa, com certeza teria que colocar para lavar mais tarde – é só que...

– Respire, querida.

E eu só consegui chorar mais.

– Acho que eu estou começando a assimilar tudo, sabe? Eu não sei explicar o que eu estou sentindo – escondi o rosto com as mãos – nossa, me sinto uma idiota. Desculpe, Harry.

– Hey, não se desculpe... – puxou minhas mãos, fazendo-me olhar para ele – está tudo bem, Livy, às vezes não sabemos mesmo explicar como estamos, e está tudo bem chorar. Posso te dar um abraço?

Abracei sua cintura e chorei, provavelmente molhando metade da sua camiseta com lágrimas. Lágrimas idiotas? Talvez, mas Harry estava me consolando e pouco a pouco conseguia me sentir melhor; minha respiração ia voltando a calmaria, e quando percebei, estava deitada por completo no colo de Harry, como uma criança.

Ou como quando o cara levanta a menina para levar ao quarto nos filmes.

– Céus, nem sei como cheguei aqui – sussurrei no vão de seu pescoço, percebendo que ele ficou arrepiado.

– Está tudo bem, querida? – deu um beijo no topo de minha cabeça.

– Se você continuar sendo fofo assim comigo eu vou chorar mais.

– Você fica mais bonita sorrindo, Livy.

Harry colocou sua mão em meu pescoço e fez um carinho em minha nuca, mas, aos pouco, percebi que sua mão foi fazendo uma pressão para que eu virasse, e quando nossos olhos se encontraram, seus lábios avançaram sob os meus e me levaram do céu ao inferno em segundos.

Sua língua encontrou a minha e puxei seus cabelos, fazendo o menino arfar sob meus lábios. Será que ele se sentia assim também? Com esse frio na barriga e essa sensação de meu-deus-é-o-melhor-beijo-da-minha-vida.

Suas mãos traçaram o caminho até minha coxa e fizeram uma pressão ali. Como de costume, me levantei e coloquei uma perna de cada lado, abaixando-me e voltando a beijar seus lábios com veemência. Sua boca sabia muito bem o que estava fazendo, bem até demais.

Gostoso desgraçado.

– Olivia, por que essa porta está trancada? Você tomou juízo? – a voz fina de minha mãe me assustou.

Paramos de nos beijar na hora.

Olhei para ele, para a porta e para ele novamente.

– É a minha sogra? – disse com a cara mais lavada do mundo.

Oh, Harry Styles, eu realmente te odeio.

Olivia [H.S/PT BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora