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— Caralho, Harry! Caralho! Que merda, Harry! — Grunhi nervosa, tomando a frigideira da sua mão. — Puta merda, Harry!

— Você disse para colocar sal, você não disse a quantidade. — Revirou os olhos como se não tivesse feito nada de errado.

— E aí você decidiu colocar metade do pote?

— Não foi metade, só... quatro colheres?

— Vá se sentar na bancada. Você não encosta mais nisso!

— Poderíamos só ter comprado a massa pronta. — Cantarolou, tirando o avental e dando a volta na bancada. — Eu avisei.

— Eu não vou mais brigar porque sua mãe está para acordar. Meu Deus, a Gemma não vai demorar de chegar! — Comecei a ficar mais nervosa.

Desliguei o fogo e despejei a massa de panqueca na pia. Massa essa que deixei para Harry fazer, mas como um idiota nato, simplesmente decidiu colocar quatro colheres de sal na massa e acabar com tudo. Não fazia ideia de como salvar e quanto mais o tempo passava, mais nervosa ficava.

Queria surpreender Anne com um café-da-manhã — estava mais para desastre-da-manhã nessa altura do campeonato. A mesa estava quase pronta e deixei a parte do chá para Harry, que mexia no celular e parecia tirar fotos minhas.

Não tinha tempo para arrumar uma briga e, como o expulsei, estava sozinha enfrentando aquelas panquecas. Peguei o medidor e comecei a dosar os ingredientes, colocando tudo no vasilhame transparente. Um turbilhão de sentimentos me atingiu: e se elas não gostassem das panquecas e me odiassem depois disso?

— Pare de ser ridícula, Olivia. — Me repreendi baixo, mas Harry ouviu.

— Você não é ridícula, amor. Só estressada. Um pouco chata às vezes, meio mandona, teimosa, é, você é bem teimosa e...

— Harry! — grunhi.— Terminou o discurso?

— Não tá mais aqui quem falou! — Riu como um idiota. — Vai dar tudo certo.

Apesar de ter o expulsado, quando comecei a fritar as panquecas Harry veio me ajudar, arrumando-as nos pratos e pegando um a mais para as panquecas extras. Nosso trabalho em equipe era lindo.

Quando não estávamos nos provocando ou nos pegando, que acontecia frequentemente.

— Harry? Olivia? — Anne apareceu na porta da cozinha, os cabelos presos num rabo de cavalo.

— Mãe! — Harry deixou o prato na bancada ao lado do fogão e correu para abraçar a mãe. — Que saudades!

— Ah, meu filho querido! — A voz era animada. — Quanto tempo! Você parece estar maior! — Sorri com a cena, lembrando que a última panqueca ainda estava no fogo. A retirei com a espátula e coloquei no prato deixado por Harry, desligando o fogo e limpando as mãos na barra do avental, virando-me para os encarar.

— Dessa vez vim com companhia! — Me encararam, e Harry tinha um sorriso grande no rosto.

— É um prazer, Anne! — Retirei o avental rápido, me aproximando.

— Olivia! Até que enfim nos vimos, não? Você é tão bonita! — Me puxou para um abraço, que desengonçadamente retribui. Conseguia sentir o cheiro do perfume floral.

— Você que é! Obrigada pela recepção. — Sorri quando nos desvencilhamos.

— Vocês fizeram o café? Não precisava! Acordei mais cedo para isso, vocês chegaram tão tarde... devem estar exaustos. — Segurou em minhas mãos, não desviamos o olhar.

— Está tudo bem. Não sei se as panquecas estão uma maravilha, mas juro que tentamos!

— Tenho certeza de que estão maravilhosas, só falta a... — O barulho da porta abrindo nos assustou. — Acho que não está mais faltando! — Anne deu uma risada fraca.

Olivia [H.S/PT BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora