Torrance

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– Protetor solar?

– Na bolsa. – assenti, encostando na parede.

– O presente para sua mãe! Puta merda, esqueci completamente. – negou com a cabeça, subindo as escadas.

Realmente deveríamos ter feito as malas antes.

Harry não esqueceu quando minha mãe o convidou para a nossa festa em família, e ele estava mais animado que eu: passou a semana tentando decorar o nome todos que estariam lá e se perguntando se iriam gostar dele. Por mais que eu dissesse que não era necessário, ele estava convicto.

E ele era teimoso até demais.

Coloquei a mochila nas costas e peguei uma das bolsas quando vi Harry descendo as escadas, com uma embalagem vermelha nas mãos.

– O que é? – estava curiosa, claro.

– Não vou te contar, amor.

– Mas é a minha mãe!

– Ela mesma, minha sogra. – piscou, se aproximando mais de mim e me dando um selinho – Vamos?

– Claro, amor.

Fomos até a garagem e Harry colocou os óculos escuros, ficando incrivelmente gostoso. Era a minha primeira vez dirigindo um dos carros dele e acho que nunca fiquei tão nervosa na vida, assim que sentei no banco, talvez estivesse assinando minha sentença. Ajustei o banco, os retrovisores e o espelho, respirei fundo e coloquei a chave na ignição, virando para o encarar.

– Amor, eu não quero bater seu carro... – choraminguei, acariciando o volante – ele deve valer mais que minha casa.

– Você não vai bater, confio nas suas habilidades amor.

– É uma péssima escolha, nem eu confio muito em mim... – puxei o cinto de segurança – Espero que goste da minha família.

– Estou tão ansioso que mal consegui dormir essa noite. – confessou.

E não foi mentira: Harry dormiu muito mal, se revirou na cama a noite inteira e quando acordava para ver como ele estava, me abraçava e perguntava se meu pai era muito bravo e se iria o odiar.

– Vamos tirar um cochilo quando chegarmos, hm? A festa é só amanhã, podemos descansar hoje! – sugeri, ligando o carro.

– Gosto da ideia. Será que seu pai vai ficar chateado se dormirmos juntos?

– Claro que não, amor. Meu pai é tranquilo até demais, a única pessoa chata é o Joshua.

– Não gosto quando você fala assim do meu amigo. – fez drama, e eu mal podia acreditar no que ele havia dito.

– Não caia na conversa dele, ele é perigoso. – o alertei – O que vamos ouvir hoje?

– Algo que você gosta muito. – sugeriu Harry, conectando o celular no carro.

E eu tive um show privado até Torrance, onde ele cantou suas músicas com tanto fervor como se estivesse num programa, e isso não era nada ruim: até arrisquei cantar algumas, mas ouvir Harry ao meu lado era surreal, e acho que nunca me acostumaria com isso.

Sua mão estava apoiada em minha coxa e, vez ou outra, apertava com um pouco mais de força. Algumas vezes me pegava o encarando e me perguntando como alguém como ele estava namorando comigo, mas ele não gostava nada dessa pergunta.

Harry parecia perceber que estávamos chegando porque comecei a diminuir a velocidade, e ele foi ficando mais tenso: se agarrou a minha coxa, sua respiração estrava pesada e piscava excessivamente.

Olivia [H.S/PT BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora