Olivia [H.S/PT BR]

Is it okay?

– Esse é realmente o cara dos pôsteres? Harry Styles, não? Tenho as minhas dúvidas, mãe, como você conseguiu ter uma filha tão estranha? – Joshua repetia pela milésima vez.

– Cala a boca, pirralho. – vociferei, recebendo um olhar de reprovação da minha mãe – você fala de mim, mas olha para você, mal consegue fazer um barco no Minecraft sem pedir ajuda.

– O Google está lá para ser utilizado, Olivia. Céus, você é ridícula.

– De nada, passo horas do meu dia fazendo linhas de código para você fazer suas pesquisas feliz da vida e com privacidade, por mais que você não merecesse, sabia que ver pornografia é errado?

– Oh, Harry, me desculpe por isso, eles são um pouco complicados, sabe como é, coisa de irmãos – mamãe sorriu desconfortável, se sentando do outro lado da mesa e me dando um chute por baixo – coma mais, é a sobremesa favorita de Olivia.

– Está uma delícia, senhora White.

– Oh, querido, me chame apenas de Angeline. – piscou – senhora me faz se sentir velha.

– E você não é? – Joshua perguntou.

– Mãe, sério, por que você o trouxe? – revirei os olhos, enchendo a boca de torta e tentando não voar no pescoço dele.

– Olivia, ele disse que estava com saudades da irmã.

– É mentira, eu queria comer esse doce de morango, você disse que eu não iria poder comer se não viesse. Então, Harry, o que deu na sua cabeça para você ficar com alguém como a minha irmã?

– Joshua, cala a porra da boca – gritei – oh, cacete, desculpa, nada de palavrão na mesa. – me corrigi, mas mamãe não parecia nada feliz.

Para minha felicidade, Harry gargalhou.

Talvez eu não estivesse tão ferrada assim.

A situação foi um tanto embaraçosa do início: até Joshua parar de falar da boca inchada dele e o meu cabelo bagunçado levou um tempo, mamãe não conseguiu acreditar nas primeiras duas horas, mas Harry foi paciente o suficiente para explicar com os mínimos detalhes nas cinco vezes.

E claro, nenhuma palavra de que estávamos mesmo namorando.

Mas estávamos mesmo? Ele está comendo o doce de morango da minha mãe, de frente para ela e meu irmão, conversando como se fizesse isso há anos e até está descalço.

Oh, céus, é melhor parar de pensar nisso.

– Olivia pode ser um pouco estranha as vezes, mas é uma boa pessoa – mamãe comentou, colocando um pouco mais de doce no potinho de Harry – espero que ela esteja te tratando bem, é meio difícil lidar com ela, mas tem um coração gigante.

– Mãe...

Mãe, por favor, cale a boca.

– Ela é adorável, Angeline. Oh, me sinto desrespeitoso, posso te chamar de dona? – seu rosto tomava um tom avermelhado, é a primeira vez que o via assim – sua filha é uma pessoa incrível.

– Sério? Eu não acho. Por que você não é legal assim comigo, Olivia? – meu querido irmão colocou as mãos no rosto, sorrindo como um belo desgraçado.

Joshua tinha apenas 19 anos, um bebê 20cm maior que eu. Não éramos tão parecidos assim, mas olhando com cuidado dava para perceber algumas semelhanças, mesmo eu sendo mil vezes mais bonita, modéstia parte. Um mulherengo nato, éramos muito parceiros em esconder as cagadas que ele fazia pela rua quando ainda morava com ele, mesmo que isso significasse ficar escondida no porão com medo de levar uns tapas.

Oh, não sinto falta nenhuma disso.

Morar em Los Angeles era muito bom, mas o típico calor de Torrance, como as pessoas gostavam de simplesmente jogar conversa fora sentadas no quintal e fazer churrascos ficavam marcados em mim, afinal, foi onde passei minha vida. Foi difícil deixar minha família e vir para a cidade grande sozinha, mas não me arrependia.

Na verdade, tomei a melhor decisão da minha vida.

– Então, Harry, você tem certeza de que está são? Ainda dá tempo de desistir, sabe como é...

– Sua irmã é incrível, Joshua. Vou cuidar bem dela, fique tranquilo. Tenho o mesmo sentimento com Gemma. – piscou, antes de levar uma colher cheia de doce a boca.

– A diferença é que sua irmã é linda, e a Olivia é... Olivia.

– Você conhece a minha irmã? – indagou, com o cenho franzido – oh, estou falando de boca cheia, desculpe.

– Todos lá em casa meio que sabem tudo sobre você, caso você seja realmente o cara dos pôsteres. Gemma, a gata que tem uma coleção de óculos de sol, eu até tenho um em casa, eles são incríveis mesmo.

– Você a segue no Instagram? – perguntei perplexa.

– Você meio que usava meu Instagram para comentar nas fotos dela também, lembra?

– Acho que vou contar para ela – sorriu travesso, olhando para mim.

– Gemma não precisa saber disso. – conclui.

– Claro que ela precisa saber disso, aliás, diga a ela que na verdade ela não é a pessoa mais pálida que eu conheço, tem uma garota na escola que sério, acho que ela nunca viu o sol.

– Nossa, Joshua, você é pior do que eu pensei.

– Eu definitivamente vou contar isso a ela. – assentiu com a cabeça, com um sorriso divertido no rosto – obrigado, Josh. Posso te chamar assim?

– Claro, mate, adoro Josh, menos quando a Olivia me chama assim. Ela é ridícula, por que você está com ela mesmo?

– Você é realmente insuportável. – revirei os olhos.

Foi uma tarde divertida: Harry experimentou o fantástico macarrão de minha mãe, o doce morango, teve a oportunidade me ver sendo caçoada pelo meu próprio irmão, conheceu a fantástica dona Angeline e até viu umas fotos de quando eu era criança.

Mamãe foi embora por volta das cinco da tarde, por mais que eu tivesse dito a ela para dormir lá, recusaram e disseram que Torrance os chamava, e não pude ficar mais aliviada, nos despedimos com alguns abraços e mamãe chorou um pouco antes de entrar no carro.

– Você ainda dirige como um urso? – provoquei Joshua, que ajeitava o banco do motorista.

– Melhor que você, dinossauro.

– Oh, você é realmente um velho preso no corpo de um jovem.

– Ainda bem que eu não sou seu irmão – Harry sussurrou.

– Ainda bem mesmo, seria impossível ser a mais bonita da família.

– Tchau gente, Olivia, traga o Harry para o almoço em família mês que vem. – mamãe convidou.

– Claro, senhora White. Cuidado no caminho. – sorriu, segurando minha mão.

O carro partiu, e quando o perdemos de vista, voltamos para dentro da casa. Harry umedeceu os lábios e me olhou, percebi que ainda não havia soltado minhas mãos, e fazia um carinho terno em meus dedos. A sala era pouco iluminada, o sol já se punha e dava lugar a lua.

Harry, nada dizia, apenas me olhava.

Mas quando as palavras saíram de sua boca, meu mundo parou por um momento.

– Será que está tudo bem gostar tanto assim de você?

Eu o encarei, seus olhos carregados de sinceridade me derreteram, ele era tão perfeito de tantas formas que eu sequer conseguia expressar. Assenti com a cabeça e o beijei.

E ali, estava minha resposta.