Capítulo 11

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O mais incrível daquele ano foi ter conhecido, pessoas incríveis e outras detestáveis, foi nesse ano que eu aprendi que o mundo não gira ao meu redor, que não sou, só eu que tenho problemas nessa vida e que alguns tinham problemas piores que os meus mais continuavam de cabeça erguida.

Flávio, era um novo ingresso no terceiro ano enquanto eu repitia pela terceira vez. Me mantive insolado de qualquer tipo de amizade, tentei me focar só na escola, mesmo assim nem sempre as notas ajudavam.

Eu precisava de incentivo, alguém que dissesse você vai conseguir, que acredita-se em mim, não que me olhasse com desprezo ou escárnio. No início achei Flávio meio petulante e na verdade ele continua sendo, Flávio fazia de tudo para ser um voluntário na sala de aula, mesmo que fosse para dizer algo que não estivesse concretamente certo ele se levantava ousado, para falar e apesar de tudo, os professores gostavam dele eu não entendia o porque.

Além dele andar com um miúdo chamado Kelvin que tinha o mesmo comportamento que ele só que ele era mais bagunceiro mais na hora dos testes ele estava entre os melhores. Não entendia como eles faziam aquilo, eu achava que a vida deles era um mar de rosas.

Flávio: ei você_disse sentando numa carteira ao lado da minha

Eu: o que você quer?

Flávio: como você se chama?

Eu: o que isso importa?

Kelvin: cara relaxa a gente só quer saber seu nome_revirei os olhos_ okay você quer fazer parte do nosso grupo para o trabalho de química?

Eu: de todos nesta sala vocês só viram a mim?,— e interiormente eu pensava, o mais burro da sala se não for da escola.

Flávio: bom de todos nessa sala quem anda sempre trombudo é você_disse com um sorriso divertido_ e também a maioria já tem pares

Eu: vocês são um dos melhores alunos dessa sala, ninguém iria negar se a entrar no vosso grupo

Kelvin riu como se eu tivesse contado uma piada Flávio sacudido a cabeça o que me deixou entrigado e irritado

Flávio: as aparências engam_sorriu_ apesar de estarmos entre os melhores nós também tempos quedas

Kelvin: principalmente a física e história

Flávio: pode crer, aqueles professores abrem a boca para não dizer nada_ bufou irritado

Eu: vocês é que não prestam atenção!_ quando reparei no que disse virei para o lado

Flávio: então quer dizer que você entende essas disciplinas_dei de ombros "ser repitente tem as suas vantagens, você praticamente já sabe o que o professor vai ensinar"_ ótimo, então, você topa em entrar no nosso grupo

Eu: eu não disse isso!

Kelvin: isso, isso_ disse entusiasmado, Kelvin tem um péssimo hábito de se precipitar_ vamos fazer um grupo só de nós três e quem sabe com o decorrer do tempo ele aumenta

Eu: eu não disse que…

Flávio: exato e esse ano a gente tem exame eu me recuso a chumbar

Eu: vocês estão me ouvindo?

Kelvin: melhor a gente ir lanchar antes do professor de geografia entrar_disse já indo e quando viraram-se, viram que eu não me movia_ você não vai querer ficar o intervalo inteiro sentado aí nem?

Flávio: não é por mal mais se você não tiver energia você não vai suportar as aulas dele

Eu: eu sei disso

Kelvin: ótimo então vamos

Eu: eu passo

Flávio: deixa de se fazer de cú doce.

Aquele foi o momento mas estranho de toda minha vida.  Foi um senário incomum. Não é o tipo de situação que eu estou acostumado a passar.

E a forma que eles interagiram comigo, como se tivéssemos uma intimidade de longa data. Senti como se minha complexidade diante deles, não passasse de algo normal.

Por enumeras vezes eu me perguntei, porque eles escolheram a mim naquele exato momento, enquanto existiam milhares de alunos melhor que eu. E isso nem é uma tentativa de ser modesto.

Aquele dia mudou todo o roteiro de minha vida.

"A maior glória de viver não consiste em jamais cair, mas em reerguermo-nos sempre que o fizermos."

Nelson Mandela

Teacher- I'm your friendOnde histórias criam vida. Descubra agora