Capítulo 19

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No início da minha carreira como professor tive certas dificuldades, e quem não tem? Mas como é algo que gosto e me sinto bem no mesmo ambiente em um ano apesar de algumas intrigadas aprendi a conviver naquele ambiente afinal eu também já fui como esses garotos, e apesar de ter andando emburrado por algum tempo não fui anti-social não tive dificuldades em interagir com os meus novos colegas de serviço.

Um ano sendo professor me acostumando com minha nova rotina foi o bastante, pedi demissão como contabilista. No ano seguinte voltei a faculdade eu gostava daquele ambiente, entre docentes e estudantes gostava da nossa forma de interagir e um dia um dos meus docentes disse

Docente: muitos jovens acham de terminar a faculdade é tudo_ deu um riso de zombaria_ ficam satisfeitos só com isso. Enquanto existe mestrado e doutoramento, sabe turma uma coisa que sei nesta vida é que saber não ocupado espaço e quanto mais você sabe mais você descobre que nada sabe. E antenção se aquilo que você aprende aqui não põe em prática você não passa de uma barata tonta

Eu estava vivendo meu sonho e agora iria fazer mestrado e depois doutoramento ou seja mas alguns anos de estudo. E isso foi bom, me senti bem me sentia leve, via o mundo com mais clareza e tentava desfrutar o máximo dela, a vida deixou de ser um peso e se tornou uma aventura.

(...)

No meu carro indo até a associação de professores desse distrito para falarmos das atividades extra curriculares dos alunos este ano e alguns concursos que iriam participar.

Eu e Khanisia a professora de português junto do diretor estávamos como representantes da nossa escola. O que eu não gostava nisso é que meus alunos da manhã ficariam sem aulas.

Khanisia pegou a boleia do diretor enquanto eu parti com o meu carro de volta para escola já que ainda tenho aulas a dar, na estrada acabei vendo entre pessoas amontoadas para pegar um ônibus uma que me chamou atenção, aproximei o carro e bosinei até que ela se aproximou e baixei o espelho do carro

Eu: quer uma boléia?

Laura: você nem sabe para onde vou_ revirou os olhos_ se for distante de onde você vai

Eu: o carro é meu então vou para onde quiser, vai entrar ou tenho que abrir a porta_ deu um riso nasal e entrou_ para onde vai?

Laura: vou para faculdade_ fechou a porta_ fica na baixa da cidade, não vai te atrapalhar_ olhou para mim_ você estava indo dar aulas nem?

Eu: bom tenho duas horas até começar o período que tenho de dar aulas então acho que tenho bastante tempo_ dei partida no carro_ não pensei que estivesse na faculdade

Laura: você acha que eu estaria trabalhando naquele bar porque_ disse  irônica_ preciso de dinheiro  esse é meu último ano e as batinas para graduação não vem de graça

Eu: hum… você trabalha naquele bar faz tempo?

Laura: não, não só comecei esse ano para reforçar a grana_ deu um riso calmo_ trabalho de dia numa loja, só nas sextas e sábados de noite é que vou para o Bar.

Eu: que curso está fazendo?

Laura: direito

Eu: motivação?

Laura: Esse sempre foi o meu sonho até eu engravidar, mais depois do que aquele bastardo me fez…— respirou fundo— gostaria de dar uma surra na cara do pai do meu filho pelo que me fez_ sorriu nervosa_ ele me deu muito trabalho para depois me dar uma casa pequena para eu e meu filho sem falar que o valor que ele manda mensalmente não serve nem para pagar a escola do miúdo

Eu: teu filho estava numa escola privada?— perguntei me esquecendo que o mesmo estudado na escola que dou aulas. Que por acaso é uma escola pública.

Laura: não mais tem o uniforme, o lanche, os testes, as fichas, energia, água…_ dá um longo suspiro_ odeio ser mãe solteira. Eu vou me tornar uma ótima advogada e defender as mulheres que passarem pelo mesmo que eu

Eu: estou torcendo para isso_ sorri_ sua faculdade é aquela nem?

Laura: infelizmente sim_ dá um longo suspiro

Eu: o que se passa?

Laura: o que se passa, o que se passa_ da um riso nasal_ um dos meus docentes quer que eu faça sexo com ele caso contrário vai me fazer chumbar, tenho a merda da defesa daqui a alguns meses eu não sei o que eles vão mandar fazer e tou nervosa por isso, meu filho anda emburrado esse é meu último ano e eu não quero chumbar… você tem a noção do quanto o esforcei para chegar até aqui — seu olhar se ficou em mim.

Eu: você vai fazer o que seu docente quer?

Laura: como falei daquela vez eu não sou uma prostituta não me vendo por causa de notas, se ele me fizer chumbar_ passou as mãos pela cara_ paciência, paciência, aquele imbecil sabe que tenho filho!

Eu: qual é o nome de seu docente?— perguntei curioso. Me lembrando de um acontecimento.

Laura: o nome …_ me olhou estranho_ Rafael ele pega no meu pé desde entrei ali_ disse cansada, pelo nome já faço ideia de que seja, recordei que já tenho um colega com essa personalidade.

Eu: você pode dizer a ele que Whitney  mandou cumprimentos_ ela franziu o cenho_ faço isso e ele deixará de pegar no seu pé, vai por mim_ sorri calmo. No âmbito profissional eu ocupo uma cadeira melhor que a dele, entre as pessoas daquela área só que eu prefiro lidar com adolescentes do ensino médio.

Laura: quem é você?

Eu: ninguém importante_ estacionei o carro_ se precisar de ajuda para estudar estou a disposição

Laura: tá... Obrigada!_ disse atordoada abrindo a porta do carro, acenou  se afastou.

"Às vezes construimos sonhos em cima de grades pessoas…
O tempo passa e descobrimos que grande mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!"

Bob Marley

Teacher- I'm your friendOnde histórias criam vida. Descubra agora