Capítulo 24

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— Deitem-na.

Os guardas me empurraram, cada um em um ombro, em direção aquela maldita mesa de tortura.

Eu estava acorrentada da cabeça aos pés. Minhas assas, depois de tanto serem torturadas, estavam em um descanso como Hybern havia dito. E ainda havia a maldita mordaça em minha boca.

No dia anterior havia perdido a cabeça e quando um dos guardas me tirou da cela enfiei os dentes em seu braço e arranquei um enorme pedaço de pele. O infeliz gritou e esperneou até que vieram mais guardas que me espancaram e me jogaram de volta aquela cela podre.

Como precaução dessa vez, me amordaçaram logo depois de terem injetado o maldito veneno feérico que ficara menos dolorido, diga-se de passagem. Hybern deveria querer que o mesmo não pudesse ser detectado em algumas ocasiões.

Agora, deitada e amarrada aquela maldita mesa me questionava que inferno de tortura teria para hoje.

A cada nova tortura a única coisa que me firmava era a vontade de dilacera-los. Um por um. Matá-los lentamente e depois me banhar no sangue daqueles malditos.

O rei se aproximou de mim com um sorriso viperino. As mãos estavam envolvidas por luvas e ele segurava um pote preto em uma e uma pinça prateada em outra.

— Sabe, acho que o DNA Illyriano é mais forte do que todos pensamos. As criaturas que venho criando através de suas asas são terrivelmente teimosos como sua maldita raça.

Ele enfiou a pinça no pode e puxou um fio meio acobreado.

— Um simples feitiço feito no caldeirão, veremos se é o suficiente para fazer com que porcos como você aprendam seu lugar.

Ele olhou para o guarda e acenou com a cabeça em minha direção. Rapidamente o infeliz estava ao meu lado levantando minha camisa.

O que infernos esse desgraçado faria?

— Vamos ver se posso marcar os meus.

Lentamente ele abaixou o fio até minha barriga até que a dor nociva se espalhou por todo meu corpo.

Eu teria gritado até que aquela masmorra sucumbisse se não tivesse amordaçada.

Meu corpo estava em chamas. A dor era imensa que apaguei por alguns segundos e então senti um segundo fio na minha pele.

Meu corpo tremia e eu lutava ao máximo. Insuportável. Era insuportável.

Ele levantou o terceiro fio com a pinça e meus olhos ficaram arregalados com o quanto aquele ser era insano.

Me debati mais e mais até que consegui arrebentar a corrente do meu braço esquerdo.

— Segurem-na.

Não senti os braços dos guardas me pressionando a mesa. Não senti o terceiro fio em minha carne. A escuridão me envolveu e eu não senti mais nada.

Rayla... Rayla... Rayla

A voz não era de Hybern. O cheiro não era daquele inferno debaixo da terra pútrido.

Rayla.... Está tudo bem.... Ninguém lhe fará mal.

Rayla.

A voz era firme, mas suave.

Lentamente abri os olhos. Pisquei algumas vezes para entender o que acontecia ao meu redor e então vi. Azriel estava tentando chegar até mim, mas uma escuridão o impedia. Minha escuridão.

Corte de sombras e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora