Capítulo 35

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O sentimento de impotência era absurda. O desespero, a angustia, a sensação de inutilidade era sufocante. Eu conhecia aqueles sentimentos, cada um deles, mas não eram meus. Era como se tivessem sendo jogados na minha alma como a chuva despenca do céu.

Não havia nada além de sombras.

Gritar era inútil.

Sem cheiros.

Sem pessoas.

Ninguém.

Nada além da escuridão.

Como se a Mãe ouvisse o desespero, um rastro de uma coroa apareceu ao longe. Pedras brilhavam e no topo uma lua se destacava.

A sensação de atração por seguir aquele rastro começou a aumentar mais e mais, e no momento em que me sentir sair do lugar a luz foi ficando mais fraca.

Comecei a me debater, implorando para sair daquela prisão sem esperanças porque, no momento que a luz foi enfraquecendo o medo do abandono começou a se alastrar.

Seja de quem fosse aqueles sentimentos a sensação de abandono não era novidade. Mas no momento que a luz da coroa se apagou, só consegui abrir a boca querendo diminuir a angustia por meio de gritos pois o vazio que se expandiu foi demais até para mim.

Despertei em pura agonia. O pijama grudava no meu corpo por causa do suor. Aquele sonho fora diferente de todos os outros. Era raro que sonhasse algo que na verdade não fossem lembranças ocultadas pelo tempo.

Mas aquele sonho. O desespero. O sentimento. Era quase como se estivesse vendo através dos olhos de outra pessoa.

Passei a mão pelos cabelos úmidos por conta do suor e inspirei lentamente tentando acalmar as batidas do coração.

Os primeiros raios de sol começavam a entrar pela janela, então foi quando me toquei de onde estava.

Cabana.

Cassian.

Azriel. Tudo aquilo havia acontecido ontem. As coisas desmoronaram muito rápido e agora não sabia o que fazer para concertar.

Porque infernos eles tinham que aparecer.

Não havia hipótese na qual eu voltaria para Velaris. E não importava se eu decidisse fugir de novo, eles haviam deixado claro que não me deixariam em paz.

Ele havia deixado claro.

Maldição. Maldição. Maldição.

Tombei na cama de braços abertos esperando uma luz do que poderia fazer, mas ao invés disso o que chegou fora o som de espadas se chocando.

Os illyrianos já deveriam estar no ringue.

Kol ja deveria ter voltado.

E eu não continuava sem ideia do que fazer.

Mas não podia ficar escondida para sempre. As coisas iriam se concertar. Tinham que se concertar. E com essa ideia em mente, levantei pronta para encarar aquele dia.

Maldito dia.

No momento que coloquei os pés para fora da cabana me arrependi imediatamente da decisão.

Não demorou para os illyrianos me notarem.

E pararem de treinar.

E me encararam.

Corte de sombras e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora