Capítulo 15

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Acordei assustada e demorei um instante para lembrar onde estava. Não foi um bom sono, nunca era. Já não sonhava há muito tempo, quando fechava os olhos só via o vazio, ou então tinha pesadelos. Olhando pela janela percebi que já estava escuro, nesse momento minha barriga roncou, aparentemente perdi o almoço por dormir demais e já era tarde.

Levantei e decidi fazer um bom uso da banheira que pendia na própria montanha – senti muita falta dela – assim que adentrei naquela água morna, ouvi uma batida na porta. 

—Está aberta. — Com toda aquela espuma presente no banho, não via problema em receber alguém.

Duas fêmeas meio Grã-Feéricas meio espectros entraram e fizeram uma reverencia. Elas eram idênticas, com a pele e cabelos pretos. Dispensei a reverencia com um aceno de mão e sorri para as gêmeas.

Não pareceram inclinadas a se apresentar, e não fiz questão de perguntar. Foram em direção aonde eu estava com a intenção de me ajudarem ao banho, não estava muito confortável com a ideia, mas permiti para não ter que as dispensas.

Todo o banho ocorreu de maneira silenciosa, me esfregaram e me secaram. Fui conduzida para penteadeira, onde cortaram meus cabelos e depois trançaram. Me deixaram livre para escolher o que vestir. Até que finalmente, quebraram o mutismo:

– O Grão Senhor nos enviou para ajudá-la no que for preciso e informá-la que a espera no salão de jantar. Todos a esperam. – E então sumiram pelas fendas, como sombras se dissipando.

Fui até o armário escolhendo um conjunto de calça e blusa largas em um tom violeta com as bordas prateadas.

Respirei profundamente e me dirigi ao salão, torcendo para que tivesse um jantar tranquilo e agradável. Conforme chegava perto, ouvia murmúrios de vozes, porém, assim que pus o pé no recinto, todos se calaram. Talvez não seja tão sossegado assim...

Todos já estavam sentados, Rhys numa ponta, com Feyre ao seu lado direito, Mor em outra ponta com Azriel. O único espaço vazio era à esquerda do meu irmão, e ao lado mestre espião. Sentei.

— Teve um bom descanso? – Rhys perguntou com um meio sorriso, tentando aliviar o clima e quebrar o silêncio.

— A cama continua tão confortável quanto me lembro, mas ainda não consigo dormir bem. — Respondi suavemente. Me virando para Mor, prossegui — Jamais a atacaria de maneira proposital, peço desculpas pelo que aconteceu. Meus poderes estão voltando aos poucos de maneira inconstante, depois de todo esse tempo sendo contido, e não consigo reprimir. Estou trabalhando nisso, mas não acho que consiga controlar tão cedo, é como se tivesse que reaprender a usá-los — suspirei frustradamente.

— Não se preocupe. Está tudo bem. Fiquei surpresa e assustada, não esperava que a primeira coisa que você fizesse após anos sem me ver, seria direcionar uma rajada de poder em minha direção — disse Mor com um tom baixo e sério, esboçando um sorriso forçado sem mostrar os dentes.

Em seguida, um silêncio mortal novamente, e dessa vez ninguém quebrou.

O jantar foi servido e o único barulho presente era o dos talheres. Eu sentia todos me observando pelos cantos dos olhos, e, de fato, aquilo já estava começando a me irritar.

Aparentemente, todos queriam falar algo, mas optaram pela mudez. Foi uma refeição tensa e desconfortável, não via a hora de acabar, nem esperei a sobremesa e me retirei assim que terminei o prato principal.

Rhys se levantou, mas não me seguiu. Ouvi sua parceira pedindo que ele me desse espaço, e concordei mentalmente. Precisava respirar, precisava de um espaço, e o melhor lugar para isso no momento era olhando a maravilhosa vista de uma das varandas que havia na Casa do Vento.

Corte de sombras e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora