Comandante. Aquilo era uma brincadeira, só podia ser uma brincadeira.
Um macho que mal saiu das fraudas ser comandante do um acampamento illyriano. Seu pai deveria ter morrido na guerra, era a única explicação.
Os olhos castanhos ainda estavam focados em mim. Desviei por um momento para analisar o treino atrás dele. Quatro machos, era tudo que tinha.
— Só quatro? — Apontei com o queixo.
Uma risada sem humor saiu de Kol.
— Os outros que restaram — cuspiu — estão nas montanhas procurando por alimento.
Os olhos escureceram por raiva ou culpa. Olhei o redor e a imagem do acampamento deteriorado que vi quando sobrevoei veio em minha mente. Pela Mãe, muito atingidos de fato.
Algo me ocorreu. Se os machos mal treinavam, o que ocorria com as fêmeas naquele inferno gelado.
— Nenhuma ajuda do Grão Senhor?
Dessa vez Kol jogou a cabeça para trás e gargalhou. Em outros momentos eu poderia até ter ficado com vergonha do meu estupido comentário.
— De onde você vem, garotinha? De algum mundo imaginário? Desde quando somos para o Grão Senhor mais do que cavalaria aérea e brutamontes mortais?
Não havia argumentos contra aquilo porque era totalmente verdade. Desde que a Mãe criou todas as coisas os illyrianos são usados pela realeza da Corte Noturna. E era exatamente isso que eu queria fazer com eles mais uma vez, não era? Usar os brutamontes mortais ao meu favor.
O rosto de Kol se fechou e ele deu um passo à frente.
— O que você quer?
— Eu posso ajudar.
— O que?
— Ajudar. Caça, reconstrução do acampamento, ajudar.
As órbitas castanhas ficaram mais densas.
— O.que.voce.quer.— a voz cortante como uma lâmina.
Oh ele realmente achava que podia me intimidar. Dei um passo em sua direção. Cruzei os braços antes de falar:
— Treinar.
Uma risada nasalar e um passo à frente. Estávamos mais perto do que eu esperava que ficássemos.
— Fêmeas não treinam.
— Não é o que o decreto do Grão Senhor diz.
— Você acha que eu dou a mínima para o que o Grão Senhor diz? — falou se afastando e abrindo os braços — Eu não dou a mínima para ele porque ele não dá a mínima para nós. Olhe ao seu redor, o Grao Senhor só se lembra que illyrianos existem quando precisa que nos salvemos a bunda dele de alguma maneira. Só vem aqui para falar vão lá e morram por mim.
Ela parou com o peito arfando. O ódio naquelas palavras... o que ele falara... era tudo verdade. Quantos morreram por causa dele? O quanto eu perdi por ter nascido irmã dele?
Kol acabou o espaço entre nós apontando o dedo.
— Você quer ficar? Fique. Mas não há nada para você aqui. — Apontou com o queixo as barracas atrás de mim. — Vamos ver se sobreviverá a noite.
E com os passos duros se afastou.
✨
Havia subido em um dos telhados mais altos que havia na pequena vila ao redor do acampamento e analisei durante grande parte do dia a rotina daqueles illyrianos.
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Corte de sombras e esperança
FantasyPrythian já não é mais a mesma, suas Cortes não o são. Anos de sofrimento após a tirania de Amarantha, transformaram o coração de todos, e a guerra contra Hybern serviu para muita coisa. Desde a aproximação da família, até a separação de outras. A...