Capítulo 32

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Comandante. Aquilo era uma brincadeira, só podia ser uma brincadeira.

Um macho que mal saiu das fraudas ser comandante do um acampamento illyriano. Seu pai deveria ter morrido na guerra, era a única explicação.

Os olhos castanhos ainda estavam focados em mim. Desviei por um momento para analisar o treino atrás dele. Quatro machos, era tudo que tinha.

— Só quatro? — Apontei com o queixo.

Uma risada sem humor saiu de Kol.

— Os outros que restaram — cuspiu — estão nas montanhas procurando por alimento.

Os olhos escureceram por raiva ou culpa. Olhei o redor e a imagem do acampamento deteriorado que vi quando sobrevoei veio em minha mente. Pela Mãe, muito atingidos de fato.

Algo me ocorreu. Se os machos mal treinavam, o que ocorria com as fêmeas naquele inferno gelado.

— Nenhuma ajuda do Grão Senhor?

Dessa vez Kol jogou a cabeça para trás e gargalhou. Em outros momentos eu poderia até ter ficado com vergonha do meu estupido comentário.

— De onde você vem, garotinha? De algum mundo imaginário? Desde quando somos para o Grão Senhor mais do que cavalaria aérea e brutamontes mortais?

Não havia argumentos contra aquilo porque era totalmente verdade. Desde que a Mãe criou todas as coisas os illyrianos são usados pela realeza da Corte Noturna. E era exatamente isso que eu queria fazer com eles mais uma vez, não era? Usar os brutamontes mortais ao meu favor.

O rosto de Kol se fechou e ele deu um passo à frente.

— O que você quer?

— Eu posso ajudar.

— O que?

— Ajudar. Caça, reconstrução do acampamento, ajudar.

As órbitas castanhas ficaram mais densas.

— O.que.voce.quer.— a voz cortante como uma lâmina.

Oh ele realmente achava que podia me intimidar. Dei um passo em sua direção. Cruzei os braços antes de falar:

— Treinar.

Uma risada nasalar e um passo à frente. Estávamos mais perto do que eu esperava que ficássemos.

— Fêmeas não treinam.

— Não é o que o decreto do Grão Senhor diz.

— Você acha que eu dou a mínima para o que o Grão Senhor diz? — falou se afastando e abrindo os braços — Eu não dou a mínima para ele porque ele não dá a mínima para nós. Olhe ao seu redor, o Grao Senhor só se lembra que illyrianos existem quando precisa que nos salvemos a bunda dele de alguma maneira. Só vem aqui para falar vão lá e morram por mim.

Ela parou com o peito arfando. O ódio naquelas palavras... o que ele falara... era tudo verdade. Quantos morreram por causa dele? O quanto eu perdi por ter nascido irmã dele?

Kol acabou o espaço entre nós apontando o dedo.

— Você quer ficar? Fique. Mas não há nada para você aqui. — Apontou com o queixo as barracas atrás de mim. — Vamos ver se sobreviverá a noite.

E com os passos duros se afastou.

Havia subido em um dos telhados mais altos que havia na pequena vila ao redor do acampamento e analisei durante grande parte do dia a rotina daqueles illyrianos.

Corte de sombras e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora