Capítulo XIX - O segredo para um bom relacionamento

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A manhã foi embora e com ela os ventos, o que deixou todos muito mal-humorados, já que os tripulantes tiveram de começar a remar

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A manhã foi embora e com ela os ventos, o que deixou todos muito mal-humorados, já que os tripulantes tiveram de começar a remar.

— O vento foi embora. — Drinian diz o que já notamos.

— E como vamos chegar à Ilha Ramandu? — Edmundo pergunta, franzindo a testa.

— Na força da raiva dos tripulantes. — eu respondo, cruzando os braços.

— Eles não podem estar tão bravos assim, não? — o Pevensie coloca as mãos na cintura.

— Oh, não duvide. — eu aviso.

— Bem, eu digo que algo não quer que cheguemos ao nosso destino. — Drinian opina, subindo até o timão.

Passamos cerca de uma hora em um ritmo lento, e eu realmente estou preocupada. Nesse ritmo, podemos levar dias pra chegar na Ilha Ramandu e não temos comida pra isso.

Como a maior parte dos tripulantes está remando o navio, eu decidi ajudar os que estão aqui em cima, no convés. 

Observo Lúcia e Jonathan conversando, e Caspian e Edmundo no andar de cima, onde fica o timão, conversando também. Dou um sorrisinho ao lembrar da manhã que tive.

— Se minha fome aumentar, eu janto aquele dragão. — um tripulante diz, olhando para Eustáquio e Ripchip no alto.

— Isso não seria canibalismo? — eu pergunto, franzindo a testa, e ele e seu amigo dão de ombros.

Dou de ombros também, pensando que Eustáquio pode muito bem colocar fogo no navio se tentarem comê-lo, e ai dele se não levar eu e os outros em segurança por aí.

— Se não acharmos terra até de noite, eles podem mesmo comer esse dragão. — ouço Drinian dizer para Caspian e Edmundo, subindo até o timão.

Subitamente, um solavanco leva todos ao chão, sem exceções, e gritos surpresos são ouvidos pelo navio. Solto um xingamento alto, levantando-me do chão.

— Que raios foi isso? — eu pergunto, correndo até Drinian, Caspian e Edmundo.

— Eustáquio, ótima ideia! — Edmundo exclama, apoiando-se na amurada do navio.

Faço o mesmo e vejo a cauda do dragão enrolada na figura de proa, puxando-nos pelo mar. Gritos de comemoração são ouvidos, assim como palmas, e os tripulantes que estavam remando vão voltando para o convés.

— Ah, agora eles gostam do dragão, não é? — eu pergunto, batendo palmas também. — Estavam pensando em comê-lo segundos atrás!

— Não estão mais, o que é um alívio. — Edmundo responde e assinto, um tanto relutante. Não gosto da ideia de que se agradem com Eustáquio apenas porque ele alivia sua carga.

Dessa forma, ficou tudo muito mais tranquilo e os turnos voltaram ao normal, ou seja, eu estou livre, já que eu começo a trabalhar no finzinho da tarde. E, como Caspian e Edmundo foram ter um papo desanimado sobre a nossa jornada no escritório, eu decidi ficar jogando truco com os tripulantes.

— Truco. — Houston pede e ergo uma sobrancelha, analisando o jogo.

Olho das minhas cartas para Jonathan, que é meu parceiro, então sorrio.

— Seis. — eu rebato e vejo ele arregalar levemente os olhos. — É uma regra da vida, Houston: quem pede truco tem que aguentar o seis no peito.

Ele e Clover, seu parceiro, trocam olhares, então Clover diz:

— Vamos nessa. 

Eu e Jonathan ganhamos, é claro, eu não pediria seis à toa. 

Quando o sol começa a se pôr, nós chegamos à Ilha Ramandu. Entramos nos botes e um frio na barriga surge, porque eu finalmente noto que nossa aventura está no fim.

Apoio a cabeça nas costas de Caspian, abraçando-o enquanto ele rema o bote junto dos outros. Dou um suspiro, sentindo meu estômago cheio de borboletas por causa dele, mas o medo de deixá-lo também. É nesse instante que me pergunto se devo mesmo ir embora novamente, se não é melhor eu ficar, já que agora meus irmãos teriam uma explicação do que houve, por parte de Jonathan.

— Ei, você está bem? — Caspian pergunta, tirando-me de meus devaneios, com um tom preocupado na voz.

— Apenas pensando um pouco. — eu respondo, apoiando o queixo em seu ombro. Honestidade é algo que pedimos em nosso relacionamento, mas ao mesmo tempo eu sei que não estou preparada pra entrar no tópico "ir ou ficar". Muito cedo para sofrer com isso. — A ilha é muito bonita.

E é verdade. Tem muitas montanhas verdes e posso ver diversas cachoeiras ao redor, que dão um ar mágico ao local. O pôr do sol e a estrela azul brilhando em cima da ilha apenas deixam tudo mais belo.

— Concordo. — Caspian diz e então me olha, sorrindo. — Mas não tão bonita quanto você, é claro.

— Você já me ganhou, não precisa me cortejar. — eu brinco, beijando seu queixo.

— O segredo para um bom relacionamento é nunca deixar de cortejar. — ele conta, voltando seu olhar para frente. — E eu não preciso estar cortejando para te elogiar, você é especial demais para eu ficar quieto.

— E você é o homem mais incrível que já conheci. — eu conto, deitando minha cabeça em seu ombro.

Ele deita sua cabeça na minha por um tempo, até ter que se arrumar para remar bem, mas nesse meio tempo eu só consigo ouvir meu interior sussurrar em sua direção: Eu te amo, meu bem.

°°°°°

Espero que tenham gostado.

Caslle é tudinho pra mim, é isto.

Até a próxima.

06/12/2020.

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