[terceira temporada da saga Fortuna]
Passaram-se quatro anos e agora Elle é uma mulher independente, com quatro crianças dependendo dela.
Seu coração ainda dói por estar separada de Caspian, mas ela permanece firme, pois seus irmãos dependem dela.
K...
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Pra ser bem honesta, tirei a barriga da miséria com esse banquete. Bem, toda a tripulação tirou.
Como toda pessoa normal, eu viro um anjinho quando estou com a barriga cheia, por isso nem me incomodei muito quando Caspian ficou em pé atrás de mim, tentando - e falhando miseravelmente - fazer trancinhas em mim. Concentro-me na torta de chocolate e dou uma risadinha quando o ouço xingando, parecendo desistir.
— Está gostando da torta? — ele pergunta, inclinando-se e me abraçando por trás.
Apenas resmungo, concordando, sem vontade de falar com ele, mas aparentemente Caspian é meio lerdo e encara isso como sinal de que estou com fome ainda.
— Ainda bem que achamos a ilha hoje. — ele suspira, encostando a testa no meu ombro. — Tenho quase certeza que os tripulantes estavam planejando abater Eustáquio ainda hoje.
Seguro a risada, me fazendo de forte, e tomo um gole de suco de morango.
— Iríamos ter só lenha de Peregrino da Alvorada se fizessem isso. — ele volta a resmungar e eu engulo o suco rapidamente, dando risada. Ainda bem que consegui não cuspir tudo.
— Eu acho que sou uma má influência, você não falaria assim há alguns anos. — eu comento e me repreendo mentalmente. Se faz de indiferente, Elle!
— Com certeza é. — Caspian sorri pra mim e afasta meu cabelo, depositando um beijo no meu pescoço. — Achei que não estava falando comigo.
— Então você notou? — eu pergunto, indignada, e viro a cabeça em sua direção, vendo-o dar risada.
— Claro que sim. — ele responde e segura minha mão, ficando em pé. — Vamos conversar, sim?
— Está bem. — eu resmungo, levantando-me do banco. Aparentemente ignorá-lo deu meio certo.
Andamos de mãos dadas até chegarmos à um lugar afastado, mas ainda podendo ver as pessoas na Mesa de Aslam.
— O que houve, querida? — Caspian pergunta, acariciando minha mão, olhando-me com ternura. Assim eu me derreto toda, homem, deixa eu ficar com raiva antes.
— Ora, você teve a coragem de elogiar a Lilliandil na minha frente! — eu inicio, começando a andar de um lado pro outro, gesticulando. — E eu já sou meio ciumenta, aí você me vem com essa?! Ora, a gente se vê esporadicamente e isso me deixa insegura, ok? Quantas vezes você não acha que eu fiquei com medo de dormir e ter uma visão de você com outra mulher? — eu paro à sua frente, olhando-o e notando que tenho toda sua atenção sobre mim. — Eu fico cheia de ciúmes e eu não gosto nada disso! E você é muito tranquilo pro meu gosto, não vi nem sombra de ciúmes seus! Relacionamento sem um pingo de ciúme é muito suspeito.
Espero Caspian me interromper e se defender, mas em momento algum ele faz isso, nem mesmo demonstra irritação ou ofensa, apenas me encara calmamente e com carinho. Não sei se me alivia ou me alarma.
— Não vai dizer nada, homem? — eu pergunto exasperada, colocando as mãos na cintura.
— Depende, já terminou de desabafar? — ele pergunta de volta e assinto, então ele aproxima-se e segura minhas mãos carinhosamente. — Querida, eu sei que nossa... situação causa muitas inseguranças em nós dois, e sei também que você precisava desabafar, por isso não te interrompi. — assinto, olhando-o atentamente. — Mas eu não dizer nada não significa que eu esteja tranquilo. Eu vivo com ciúmes de você e de Edmundo, por exemplo, mas não falo nada porque sei que vocês não têm nada e sei que é escolha sua.
Concordo com a cabeça, lembrando de uma conversa nossa onde confessei que, antes de gostar dele, eu gostava de Edmundo e que ele gostava de mim, mas eu o rejeitei após começar a gostar de Caspian e namorar com ele.
— Apenas elogiei Lilliandil porque sabia que você via o mesmo, ela é uma estrela, afinal de contas. Não foi em um tom maldoso. — ele explica e sorri de lado. — Eu sou seu e você minha, lembra-se?
— Eu sei, mas é tudo tão difícil de se lidar. — eu resmungo e sou puxada para um abraço, sendo enlaçada firmemente. — Somos de mundos diferentes e tenho medo de achar outro alguém enquanto estou no meu mundo.
— Eu também tenho esse medo. — Caspian confessa e pisco, abraçando sua cintura. — Você pelo menos consegue me ver pelas visões, mas eu não tive notícia sua nesses quatros anos. Tive medo de ter começado a namorar com outro cara, ou ter desistido de nós.
— Eu nunca faria isso. — eu asseguro, acariciando seu rosto.
Com um suspiro, Caspian inclina a cabeça sobre minha mão, aproveitando o carinho, e me puxa mais pra si, fechando os olhos. Sorrio, observando suas feições tranquilas, e sinto meu coração mais leve. É bom saber que sentimos o mesmo, não estou sozinha nessa e, desde que eu lembre desses momentos, a insegurança não vai me inundar novamente.
— Eu te amo. — ele confessa, abrindo os olhos, e nos encaramos, de olhos arregalados.
Prendo a respiração rapidamente, surpresa, e solto, relaxando. Coloco-me nas pontas dos pés, puxando-o pela nuca com a mão, apoiando-me em seu peito com a outra, e dou-lhe um curto beijo, como da primeira vez que nos beijamos. Sorrio ao afastar-me e encosto nossas testas, vendo seus olhos brilhares e sua pupila dilatada ao olhar pros meus.
— Eu também te amo, meu bem. — eu conto e sorrimos grandemente um para o outro antes de voltarmos a nos beijar.
Ok, talvez minha decisão de ir ou ficar tenha se tornado mais difícil, mas apenas talvez.
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Espero que tenham gostado.
Vai ter att dupla pra vocês lerem no meio do tédio da família, minha gente. Feliz Natal adiantado!!!