Capítulo XXVIII - Harry, aquele estúpido

695 83 98
                                    

Observar Ripchip partir foi definitivamente doloroso, mas mais doloroso ainda foi quando Lúcia perguntou para Aslam:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Observar Ripchip partir foi definitivamente doloroso, mas mais doloroso ainda foi quando Lúcia perguntou para Aslam:

— É a nossa última vez aqui, não é? 

Eu senti a dor da ruiva em meu peito, vendo as lágrimas nos seus olhos e nos de Edmundo, e Caspian me abraçou, apertando-me contra si, como para se lembrar de não era a minha última vez ali.

— É. Vocês cresceram, minha querida, assim como Pedro e Susana. — Aslam responde, aproximando-se dos irmãos Pevensie. É estranho pensar que eles me apresentaram Nárnia, mas eu serei a única a voltar para cá no fim das contas.

— Vai nos visitar em nosso mundo? — Lúcia pergunta, acariciando o rosto do Leão.

— Vou ficar vigiando vocês sempre. — é o que ele responde, passando segurança na voz, mas a de Lúcia se quebra quando ela pergunta:

— Como?

— Em seu mundo, eu tenho outro nome. Devem aprender a me reconhecer nele. Foi para isso que foram trazidos à Nárnia, tendo me conhecido um pouco aqui, podem me reconhecer melhor lá. — Aslam responde olhando no fundo dos olhos de Lúcia e, quando ele olha em minha direção, a percepção me atinge e quase consigo ver o homem com coroa de espinhos que eu vi em tantas pinturas. Aquele que, assim como fez nesse mundo com Edmundo, morreu no nosso lugar e nos salvou. E viveu. 

— Vamos nos ver de novo? — Lúcia pergunta e o Leão volta sua atenção pra ele, mas ainda sinto os arrepios em minha coluna e as lágrimas nos olhos. Como não percebi antes?

— Vamos, querida. Um dia. — ele responde com gentileza, uma expressão carinhosa no rosto, e então vira-se para a onda à nossa frente e ruge, abrindo caminho no mar. Um portal para nossa casa.

É então que tomo coragem e ando até ele, vendo Lúcia se afastar para nos dar privacidade. Eu não contenho as lágrimas ao tocar o rosto de Aslam e saber quem ele é, nem a tristeza que me atinge.

— O senhor... o calvário... — eu murmuro e ele assente, olhando-me com ternura e seriedade.

— Fiz para que fosse livre, minha filha. Honre essa liberdade, não se deixe condenar novamente. Faça o certo. — é o que ele aconselha e assinto, fechando os olhos. Então beijo seu focinho, em puro ato de amor.

— Tudo me é lícito, mas nem todas as coisas me convêm. — eu murmuro, mais para mim do que para ele, mas Aslam ouve e assente mesmo assim.

— Eu te fortaleço, filha. Sou sua fortaleza. Confie em mim e eu te levantarei. — o Leão me diz e assinto novamente, apenas sentindo aquele amor incondicional me preencher. "Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" e eu sinto isso em cada célula do meu ser, assim como o peso disso. — Agora, acredito que rei Caspian tenha algo para conversar com você.

Impasse • Crônicas de NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora