Capítulo 7.

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Vicent.

O copo com vinho cai de minha mão, assim como eu o rei Kalel se encontra surpreso, um pouco chocado ao ver a forma de dragão de Theodore, seu corpo se encontra um pouco maior que antes, mais comprido, as asas me parecem maiores, prontas para voos rápidos, me levanto e ando até Theodore que olha para nós sem entender, ele abaixa sua cabeça e levo minha mão até seu focinho onde acaricio, seu corpo é frio como a de uma cobra, seus olhos se fecham, as escamas negras são como a escuridão, ele não seria visto no céu noturno, a pele fina das asas que se assemelham as asas de um morcego são de um azul mais claro, uma fila única - que se inicia da cabeça e termina na cauda - de ossos pontiagudos cobertos pela pele escamada, proteção da medula óssea, a ponta da cauda lembra uma seta, além de chicotear, também irá perfurar, o corpo de Theodore mostra os músculos fortes, sua boca possui mais de 100 dentes pontiagudos, garras afiadas e longas, um par de chifre longos e elegantes em sua cabeça que o dá uma característica mais assustadora e séria.

- Rei Vicent, quando disse que seu dragão era forte, não imaginei um dragão negro da família de dragões especiais! - fala Kalel e o olho confuso - Seu garoto dragão pertence a uma família de dragões especiais, estes dragões possuem um fogo diferente, deve conhecer as cinco colorações do fogo, uma mais forte que a outra!

Com o passar dos anos, aprendemos a diferenciar e classificar os dragões, dos menores aos gigantes, cada dragão possuía suas próprias características, mas entre tantas, algumas eram idênticas, o comportamento também ajuda a caracterizar melhor cada dragão, acreditava que Theodore pertencia a família de dragões negros, esses possuem apenas escamas negras, um porte médio e fogo normal, mas vendo Theodore agora, ele parece pertencer a família de dragões negros especial, isso indica que ele continuara a crescer, chegará a um tamanho assustador, seu fogo é azul e isso é certo por causa da pele azul das asas, o fogo azul é poderoso e só pode ser apagado com sangue, essa é uma grande diferença entre o fogo azul e o fogo alaranjado, dizem que a água pode ser incendiada também, quase tudo é inflamável. Antes que eu podesse dizer algo, dois soldados entram correndo, desesperados e assustados pelo visto, Lucius e Theodore olham para o lado de fora, com as portas abertas ambos saíram deixando eu e Kalel um pouco confusos.


Theodore.

O rugido de um dragão é ouvido por mim e Lucius, ele está longe e se aproxima, Lucius saiu na frente e eu fui logo atrás, sei o que está por vir e confesso que tenho um pouco de medo por dentro, voamos acima de todas as casas, as pessoas aplaudem ou gritam ao ver Lucius passar, muitas ficam surpresas ao ver um segundo dragão, ou seja, eu junto a Lucius, ao chegar no "lago" eu posso ver o meu reflexo na água calma, agora sim entendo o porque de Kalel e Vicent estarem de boca aberta e olhos arregalados, acho que é isso que Eli estava se referindo, ela mudou minhas características físicas pelo visto, também me sinto um pouco diferente, dou atenção ao que ocorre em minha frente, Lucius para, ambos estamos batendo as asas sem sair do lugar, olho ao redor, ouvimos o rugido, mas não sabemos onde o dragão está, não me pareceu o rugido de um dragão mediano como nós dois, vôo em direção ao céu e Lucius apenas observa, tenho quase certeza de que o inimigo está vindo de cima, paro ao ver um dragão se aproximando rapidamente, rápido até demais, na verdade, ele está caindo, solto um rugido o que chama a atenção de Lucius que está mais abaixo de mim, vôo em direção ao dragão que cai, desvio de seu corpo e no mesmo momento que passo por ele eu tenho a visão de parte de sua barriga totalmente aberta, os órgãos estão caindo junto, o cheiro forte do sangue misturado ao cheiro de podridão, mergulho indo atrás e rápido, abro minha boca e sem dificuldade alguma cuspo fogo, o fogo azul sai em grande quantidade e se espalha pelo corpo do dragão morto, Lucius observa sem ter saído do lugar, mesmo que o dragão atinja a água continuará a queimar, o sangue do próprio corpo não é suficiente para apagar minha chama, abro as asas ao chegar perto da água, o corpo do dragão morto afunda e eu observo, Lucius se aproxima e olha para dentro da água, depois olha para mim e assente, meu fogo impedirá que a água acabe infectada por mais bactérias, alguns dragões tem veneno no sangue e isso pode ser mortal para humanos, a única coisa que sobrará serão os ossos, Lucius rugi baixo chamando minha atenção enquanto se afasta rápido de mim, olho para trás vendo um dragão vivo vindo em minha direção, me viro sem problema algum em sua direção e cuspo fogo, o máximo que consigo, isso faz com que o dragão de escama alaranjado e mediano abra suas asas a tempo de escapar da chama azul e não me atacar, o dragão alaranjado voa em direção a Lucius, esse revira os olhos em sinal de irritação e sai voando com o inimigo indo atrás, uma cena um tanto engraçada de se observar, fico no mesmo lugar apenas observando a perseguição, parece que os dois estão brincando de pega-pega, Lucius ao me ver parado observando decidi voar em minha direção, um belo de estraga paz, vôo para longe e agora somos dois dragão medianos sendo perseguidos pelo dragão alaranjado, certeza que Lucius está se divertindo com tudo isso, apenas estamos voando ao redor do enorme e profundo lago, Lucius chama a minha atenção com um rugido, ele tem alguma ideia em mente, tento permanecer ao seu lado e juntos subimos vôo em direção as grandes nuvens brancas, assim saímos da visão do povo que assiste de longe, ao entrar nas nuvens brancas nos separamos, eu vou para a esquerda e ele para a direita, o alaranjado se perde, não é tão rápido quanto nós dois, dou a volta e vôo em direção ao inimigo, abro minha boca e cuspo fogo em direção ao dragão o acertando pela lateral do corpo, sua armadura de escamas aguenta bem e o fogo se apaga sozinho, mas a temperatura é alta demais e as escamas estão queimadas, passo pelo dragão sem problema algum o ouvindo rugir de raiva e dor, Lucius passa por mim e cospe fogo, faço outra curva, os mesmo movimentos e ataques são feitos por nós dois várias e várias vezes, cansado e com a maior parte do corpo queimado o dragão alaranjado tenta recuar, ele bate suas asas e sobe vôo, voltará as ilhas flutuantes, mudo meu curso e passo a ir atrás, Lucius faz o mesmo, bato as asas com mais força e passo do inimigo, indo mais alto e rápido, dobro minhas asas e passo a cair em direção ao dragão, vejo Lucius logo atrás do dragão e pelo lado esquerdo, ambos abrimos nossas bocas para cuspir fogo, todo o corpo do dragão é coberto pela chama normal e azul, com isso o inimigo cai, a pele de sua asas é queimada totalmente, esse não continuara com vida...


Tempo depois.

Os soldados trabalham para retirar o corpo do dragão morto da muralha, esta parte foi destruída pelo peso do dragão morto, o fogo ainda queima o que é perigoso, eles aguardam que toda a chama azul se apague, na forma humana, eu e Lucius apenas observamos.

- Você é bom atacando! - fala Lucius e o olho - Também é muito forte!

- Obrigado, você é rápido voando, fiquei impressionado! - falo e Lucius abre um pequeno sorriso.

- Obrigado! - fala Lucius e olho para o castelo.

- Eu não quero voltar ainda, acha que podemos sair voando por ai? - pergunto e Lucius olha em direção ao castelo.

- Eu tenho de contar o que acontecer, infelizmente o passeio ficará para amanhã! - responde Lucius e solto um longo suspiro de frustração - Pelo menos hoje terá muita comida!

O olho e dou de ombros, olho para o céu, está começando a ficar alaranjado, já passamos do meio dia, batalhas entre dragões pode chegar a levar dias ou semanas, depende do dragão, os mais temidos são os ancestrais, esses possuem um corpo gigantesco, dizem que se encontram adormecidos nas ilhas flutuantes, mas eu tenho minhas dúvidas, voltamos a nossa forma de dragão e saímos voando em direção ao castelo. As pessoas aqui ficam bem animadas ao ver uma luta como essa, como mantivemos o inimigo longe das casas, não ouve muito perigo, Vicent deu a ordem de manter o povo seguro, existe um lugar que fica por baixo do castelo, todo o povo é levado para lá enquanto a batalha ocorre, isso é bom, pois nem sempre poderei manter o inimigo longe, e as vezes ocorre de um dragão morto cair do céu, esses foram comidos por dragões maiores ou simplesmente mortos por eles, creio eu ser uma disputa, não tenho certeza, por anos os humanos e dragões tem convivido desta maneira, só não foi bem aceito por todos os dragões como eu e Lucius, ninguém sabe como ou o porquê de termos a capacidade de nós transformamos em humanos, posso garantir que somos dragões já que saímos de ovos, pouso em frente as grandes portas do castelo branco, volto a minha forma humana após Lucius, Vicent e Kalel nós aguardam nos mesmo lugares, esses dois devem ter conversado pra caramba.


- Majestade!! - fala Lucius e eu ao mesmo tempo.

Ambos fazemos uma reverência.

- O capitão já me contou o que houve, dois dragão inimigos! - fala Kalel.

- Um já se encontrava morto, atrás dele estava vindo um dragão mediano, Theodore me ajudou a mata-lo! - explica Lucius, apenas observo em silêncio.

- Theodore! - chama Kalel e o olho - Vicent me contou que você era um escravo!

- Fui retirado do ninho enquanto ainda estava dentro do ovo, vendido e anos depois escravizado, já trabalhei em fazendas e portos de embarcação! - falo e Kalel parece interessado na informação.

- Não é fácil ir até as ilhas flutuantes, ainda mais pegar um ovo! - fala Kalel e apenas assenti com a cabeça sem saber o que dizer - Como aprendeu a ler e escrever?

- O conselheiro e majestade Vicent me ensinaram! - respondo.

- ...ambos podem ir, descanse da pequena luta! - fala Kalel, ele me parece pensativo.

Não sei se isso foi bom ou ruim, dizer coisas sobre mim a alguém que é nosso inimigo, por hora está tudo calmo e ninguém tentou matar ninguém, mas ainda sim fico preocupado, ando um pouco pensativo, Lucius está ao meu lado e me olha.

- Você realmente...foi um escravo? - pergunta Lucius e acordo para a realidade.

Paro de andar e viro de costas a ele, levanto minha camisa revelando as inúmeras cicatrizes de chicotadas que tenho em minhas costas.

- Eu era um garoto desobediente! - falo e abaixo a camisa - Sinceramente, as chicotadas era o de menos!

Lucius está em choque, é normal e já me acostumei com está reação.

...

The war: the flames and the poison.Onde histórias criam vida. Descubra agora