Margarete

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Aygon vestiu às pressas seu traje todo sujo e rasgado e saiu correndo pelos corredores do castelo com cautela evitando ser visto por alguém. Ao sair se direcionou até o local e encontrou Aurora sentada em frente, com roupas esculhambadas e o cabelo todo bagunçado.

— Boa noite senhorita, você aceita um pedaço de pão? — disse Aygon ao se aproximar da princesa.

— Muito engraçado, agora me siga, sei de um local onde podemos sair sem sermos vistos.

Ambos caminharam pelo jardim, contornando o enorme muro pela beirada até chegar em um local onde um arbusto bem grande se escorava nas paredes do muro.

— Atravessando esse arbusto estaremos do outro lado — disse Aurora já se preparando para atravessar.

Aygon interviu segurando o braço dela.

— Ei calma aí, mas e depois como iremos passar pelo outro muro? Ou vai me dizer que também tem uma ''passagem secreta''?

— Me solte — exaltou Aurora puxando seu braço das mãos de Aygon — Do outro lado podemos passar pelo portão mesmo, não tem fiscalização para sair, só para entrar.

— Então vamos, mas já falo que não estou gostando nem um pouco disso — resmungou o jovem.

— Confie em mim, faço isso direto.

Assim como Aurora falou, atravessaram o arbusto e passaram pelo outro lado, as ruas estavam cheias e todos os encaravam devido suas vestes. Ao chegar no portão Aurora simplesmente atravessou e o guarda não moveu um dedo, Aygon seguiu os passos da princesa e também passou tranquilamente.

— Aurora você tem certeza disso? — questionou Aygon em frente ao portão enquanto ouvia vários barulhos vindo do subúrbio.

A princesa olhou para Aygon, deu um sorriso despreocupado e pegou em sua mão.

— Venha.

Aurora seguia andando sorridente e alegre, aponto de quase saltitar, enquanto Aygon seguia apreensivo, observando cada beco e rua que passavam.

— Aurora, isso é por causa do que aconteceu no jantar?

— Como assim? — disse Aurora

— Você resolver vir até aqui do nada.

— Como disse, eu faço isso direto.

— Entendi, olha não sei se devo me meter em assuntos familiares, mas por que você saiu chorando e brava com sua mãe

— É, você não deve se meter — respondeu Aurora – Chegamos.

Ao entrarem pela porta de madeira bem velha, se depararam com um monte de gente dançando enquanto um grupo tocava sanfona e uma gaita de sopro. Todos riam e se divertiam.

Aygon se sentiu surpreso ao ver Aurora saindo dançando toda animada pelo pequeno bar, a princesa era conhecida por vários que a cumprimentavam.

— Margarete, a quanto tempo — disse um dos homens cumprimentando Aurora.

Aurora se interagia com várias pessoas, enquanto Aygon ficava isolado em um canto, completamente tímido.

— Oi garotão, você é novo por aqui? — disse uma mulher com cabelos escuros e encaracolados, vestindo um vestido de tecido simples até o meio da coxa, enquanto se aproximava de Aygon.

— Oi, é... Sim sou novo — respondeu o jovem todo envergonhado.

— Aygon tome isso — interrompeu Aurora, chegando com dois copos de bebidas.

A mulher que estava começando a flertar com Aygon, fechou a cara e se distanciou após a chegada de Aurora.

Aygon mesmo com receio acabou pegando um dos copos.

— O que é isso Aurora?

— Xiiiiiu — resmungou a princesa encostando seu dedo indicador nos lábios de Aygon — Aqui eu me chamo Margarete — murmurou.

— E o que seria isso Margarete?

— Aí para de ser chato, apenas beba, com isso você vai se soltar mais.

Aygon olhou novamente para o bar e viu todos se divertindo, rindo e dançando, então olhou para seu copo e sem pensar duas vezes bebeu ele em uma só golada.

— É isso aí garoto — falou Aurora em um tom um tanto quanto alto.

Quando Aygon se deu conta, já estava dançando junto de aurora de maneira toda desengonçada e saltitante, chamando toda a atenção para ele. Todos riam em euforia e Aurora não era exceção, até que um homem forte com a cabeça toda raspada entrou no bar.

— Eu fiquei sabendo que minha Margarete está aqui? — gritou o homem enquanto olhava para todos os lugares.

— Droga esse cara de novo não — murmurou Aurora se agachando no meio da multidão.

Aygon um pouco alterado seguiu as mesmas ações de Aurora, e agachado perguntou a princesa — Quem é esse cara aí?

— Ele é um cara que vive no meu pé, quer que eu me case com ele.

— Te encontrei querida — disse o sujeito encarando Aurora  em frente a ela, com um enorme sorriso no rosto.

Aurora constrangida se levantou com um sorriso bobo em seu rosto, enquanto Aygon observava o desenrolar da conversa.

— Olá Cris a quanto tempo.

— Por onde esteve minha amada, minha vida não é mais a mesma desde o último dia que te vi — Disse o homem se ajoelhando e beijando a mão de Aurora.

— Sabe como é né, ando muito atarefada — murmurou Aurora, enquanto olhava para todos os lados com o rosto envermelhado.

— Compreendo minha amada, esse ano irei passar no processo de Acapane e irei entrar para a alta sociedade de Catagan, então você nunca mais irá precisar trabalhar em sua vida.

— Mas você é só um ferreiro Cris — exaltou Aurora.

— Não sou só um ferreiro, eu sou o melhor de toda Catagan!

Um grupo de homens entrarem no bar, acompanhados da mulher com cabelos escuros que havia flertado com Aygon minutos antes.

— Está ali meu amor, aquele garoto estranho — falou a mulher apontando para Aygon que estava encostado na parede do bar

— E aquela garota feia e descabelada — continuo enquanto apontava o dedo para Aurora — Eles tentaram me embebedar e queriam me levar para o beco do lado de fora.

— Vocês ouviram não é mesmo? Vamos dar uma surra nesses dois agora mesmo — disse um dos homens.

Seguindo as ordens seis homens começaram a correr em direção a eles.

— Sujo Margarete, vamos dar um fora daqui — disse Aygon, correndo na direção da princesa que estava alguns metros a sua frente.

Todos os homens cercaram Aurora que estava ao lado de Cris em questão de instantes.

— Ei, calma aí, nenhum de vocês vão encostar um ded... — Falava Cris até levar um soco em sua boca, e logo em seguida cair no chão

Aproveitando a brecha Aygon puxou Aurora da roda e começaram a correr.  


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Regressão: A quebra do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora