O desfecho de um dia turbulento

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— Me desculpe por isso Cris — falava a princesa enquanto corria vendo os homens chutando Cris que estava caído no chão.

— Eles estão fugindo — gritou o líder ao ver Aygon e Aurora saindo pela porta do bar.

Enquanto corriam de mãos dadas, Aygon notou a presença de um estranho sorriso se formando no rosto de Aurora.

— Você está se divertindo é? — questionou Aygon com sua respiração ofegante.

— Tente viver pressa dentro de um castelo, qualquer coisa diferente é motivo de descontração.

Ambos entraram em um grande beco, que segundo Aurora os levaria próximo ao grande muro.

— Acho que já pode soltar minha mão Aygon.

O jovem fez como dito e um pouco constrangido desviava seu olhar.

— Ela não é minha mãe — falou Aurora, caminhando ao lado de Aygon.

— O que?

— A rainha, ela não é minha mãe biológica, aliás eu nem sei quem é minha verdadeira mãe — murmurou Aurora — Por isso sai chorando no jantar, ela vive jogando isso na minha cara.

Aygon parou de caminhar no mesmo instante em que ouviu as palavras de Aurora.

— O que foi?

— Aurora, eu e você possuímos a mesma marca — falou o jovem com a cabeça abaixada.

— Hurum, agora me fale uma novidade.

— Nós dois não conhecemos nossos pais biológicos, será que somos... —dizia Aygon até ser interrompido pelos súbitos risos de Aurora.

— Aygon, não somos irmãos se é isso que está pensando — falou a princesa cessando os risos.

— Como você pode ter certeza disso Aurora?

— Porque eu disse que a rainha não é minha mãe, porem o rei é.

—O que? será que eu sou um príncipe também? — comentou Aygon assustado.

—Aygon, para com isso, olha nossas aparências como se diferem — falou a princesa — Não tente fugir das suas origens de um plebeu tão fácil assim — completou Aurora dando leve risos.

— Bom, isso que você falou é verdade, não temos nada de semelhante.

— Sim, agora que já parou com essa paranoia, vamos embora que já esta tarde.

Ambos em seguida retomaram a caminhar, enquanto conversavam sobre coisas que gostavam e de seus sonhos, quando se deram conta já estavam nas redondezas do castelo.

— Então você está me dizendo que seu maior sonho é encontrar sua verdadeira mãe? — questionou Aygon.

— Sim, mas meu pai já falou para esquecer, pois assim que ela me deu à luz, me entregou para meu pai e foi embora, nunca mais apareceu. E você Aygon tem alguém que quer reencontrar?

Por alguns segundos Aygon relembrou do grupo de mercenários, principalmente de Boron, a sensação acolhedora que sentia com eles inundou seu coração, porem logo em seguida sentiu novamente o vazio que deixaram  quando partiram.

— Não, não tenho ninguém. Não me interessa saber quem são meus pais biológicos ou qualquer coisa do tipo, afinal quem me criou e educou está esperando por mim, logo após tudo isso acabar.

— Tomara que você consiga realizar logo seu objetivo — afirmou a princesa enquanto observava o jeito com que Aygon caminhava.

— Sabe, sempre vivi minha vida preso, assim como você, ficava me perguntando o que o mundo quer de mim e o que eu quero do mundo. Acredito que quando essa minha jornada acabar vou conseguir ter minhas respostas.

Aurora deu um belo sorriso e logo em seguida sutilmente segurou sua mão, fazendo com que o coração de Aygon acelerasse, e seu corpo se aquecesse lentamente.

Ambos atravessaram o belo jardim nas proximidades do castelo de mãos dadas, enquanto observavam as inúmeras e belas flores aos seus redores.

—Tinha passado por esse jardim essa tarde junto com Elfredo, porem só agora com você que consigo ver a beleza dele — murmurou Aygon.

— De fato aqui é muito lindo — respondeu Aurora envergonhada.

— Bom, enfim chegamos — comentou o jovem abrindo a porta do cestelo.

— Sim, e é aqui que nos despedimos, amanhã assim que acordar meu pai quer conversar com você.

— Tudo bem... Te verei amanhã?

— Claro, irei acordar bem cedo para me despedir — disse Aurora.

—Beleza, então até amanhã — disse Aygon, já subindo os degraus que levavam até seu quarto.

— Até.

Ao chegar em seu quarto, Aygon não tirou nem seus sapatos, apenas se jogou na cama completamente cansado. Ao fechar seus olhos não via mais os rostos dos homens que havia matado, e pela primeira vez desde que deixou a aldeia, conseguiu dormir tranquilamente.

Aurora assim que entrou em seu quarto, ligou sua banheira enquanto se despia. Após a banheira encher, entrou deixando seu corpo todo submerso naquelas águas quentes e cheias de espumas.

E tudo que se passava em sua mente, era o momento em que Aygon segurava sua mão no jardim.

— Não Aurora, não... — dizia a princesa enquanto afundava seu rosto avermelhado na banheira. 


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Regressão: A quebra do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora