9 - O caderno de Mara

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NOTAS:

Gente, Adora não tem um minuto de paz! Ahahahahahah

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*República estudantil Zona do Medo*

*Tempo atual*

Quando Adora finalmente conseguiu abrir os olhos, já passava das onze horas da manhã. Sua cabeça estava explodindo e ela sentia como se ainda tudo rodasse ao seu redor. Olhou para a cama ao lado da sua e viu Catra dormindo toda enrolada no centro da cama. Com certeza, ela dormiria o dia todo.

Mas Adora não podia fazer isso. Apesar de ter perdido as aulas da manhã, tinha que fazer algumas pesquisas à tarde e depois ir para o "A Horda". Com muito sacrifício se levantou, tirou do quarto a bagunça da noite anterior e foi tomar um banho. Depois, tentou comer alguma coisa, tomou um remédio para dor de cabeça e saiu.

Enquanto caminhava em direção à universidade, dois pensamentos ficavam se alternando em sua mente: um era o beijo entre ela e Catra, e o outro era sobre aquelas mulheres que ela havia visto na fábrica na Ilha das Feras.

Adora se sentia confusa em relação ao beijo. Aquilo tinha sido, sem sombra de dúvidas, uma das melhores coisas que já havia acontecido na sua vida, mas ela não tinha certeza se Catra sentia o mesmo. Tudo bem que foi Catra quem praticamente iniciou o beijo e estava bem empolgada no início, mas depois pareceu que ela tinha ficado um pouco estranha, um pouco insegura. E era isso o que deixava Adora confusa.

Ela se lembrava de alguns flashes do que havia acontecido naquela noite e sentia um arrepio percorrendo a sua espinha de alto a baixo. Ficou pensando em como nunca havia percebido o quanto queria já ter beijado Catra há muito tempo, e como aquele beijo tinha sido maravilhoso. E se lembrar da língua de Catra entrando na sua boca, definitivamente, fazia suas pernas fraquejarem.

Ela chegou à conclusão de que não adiantaria ficar ali imaginando o que Catra estaria ou não pensando ou sentindo. O melhor a se fazer era conversar com ela mais tarde. E ela torcia para que Catra estivesse sentindo o mesmo que ela, a mesma vontade de repetir aquilo, mas, desta vez, sóbria e totalmente consciente.

Ao mesmo tempo em que pensava nisso e sorria sozinha pelas ruas, um pensamento preocupante também não saía de sua mente: o que haveria de errado com aquelas mulheres da fábrica? Com certeza, havia algo estranho ali. As expressões nos rostos daquelas mulheres eram de tristeza e sofrimento. A presença daquelas crianças, no meio de tantas máquinas perigosas, fazia Adora sentir um mal-estar só de imaginar que acidentes graves poderiam acontecer ali.

Adora entrou no prédio da universidade e começou a se dirigir para a sala onde funcionava a redação do "A Horda". Quanto mais ela pensava naquelas mulheres, mais ela torcia para que algo acontecesse e a situação delas fosse revelada, ou que algum outro veículo de notícia fosse lá investigar e acabasse descobrindo se realmente havia algo de errado naquele lugar, fora o fato óbvio da poluição ambiental.

A garota ia tão distraída com estes pensamentos que levou um susto quando sentiu uma mãozinha pequena e áspera segurando seu antebraço, enquanto uma voz rouca e tremida dizia:

− Ah, finalmente eu a encontrei! É você, não é?

Adora olhou assustada e viu uma criaturinha que deveria medir a metade do seu tamanho, segurando seu antebraço e olhando para ela através das grossas lentes de uns óculos tipo fundo de garrafa:

− É você ou não é? – A senhorinha grisalha ajeitou os óculos e disse risonha – É você sim! É igualzinha a que eu vi no meu sonho! Até esse topetinho aí no cabelo é igual!

Amor, segredos e mentiras (Catradora)Onde histórias criam vida. Descubra agora