#17

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(...)

——Acho que precisamos conversar antes de ir atrás dele. Tem muita coisa que você não tá me falando... Sr. Tine.

—Agora?... —Ela franzi a testa.

   Andamos juntos até uma mesa afastada das cabanas e sentamos, estava um tempo um pouco úmido e tranquilo. Mesmo com o sol, parecia que não fazia calor.

—Abre a boca... Agora. —Ela se senta bem ao meu lado colada na minha coxa. —O que está acontecendo?.

—Hum... —Estava inquieto, essa era a verdade.

—Fala!... Tine!!.

—CARAMBA FANG. TEM SIM ALGO!... *Tch*... —Jogo minha cabeça para trás olhando as folhas das árvores acima de nós.

—Posso ajudar, sabe disso...

—Hum... Tá. 

   Decido contar a ela tudo o que aconteceu nos últimos dias. Ela fica meio sem jeito escutando, mas quando chego na parte "ela me beijou", Fang suspirou e revirou os olhos. As duas eram amigas próximas, mas deixou de serem quando ela me rejeitou de uma maneira que não tinha necessidade.

—Sabe cara... Desde aquele dia quando ela te disse tudo aquilo. Eu passei a vê-la de maneira diferente. Fez foi bem o garoto trair ela.

—Ei!... Não fala isso, ninguém merece ser traído. Machuca. —Ela me olhou com cara de deboche.

—Como se você se importasse com ela... Ou se importa?.

—Não. Só que, eu sinto um mau pressentimento com isso. Por que ela decidiu vir agora?.

—Sei lá, peso na consciência?. Quem sabe né?. Mas você precisa de resolver com seu "amigo". —Fez aspas com os dedos. —Naquela que eu vi vocês dois lá junto ele apareceu do me lado, parecia bem... Hum... Irritado.

—E depois?. —Pergunto olhando nos olhos de Fang.

—Não passou nem 10 segundos que ele tinha chegado e viu vocês lá. Com boca colada um no outro. Ele pareceu bem chateado e irritado. Foi quando saiu andando sem mais nem menos, chegou em silêncio e foi embora em silêncio.

—O que acha que ele iria perguntar de você?...

—Não sei. Você realmente precisa falar com ele... E com aquela coisinha que se acha também. Tsk...

—Não quero mesmo falar com ela. Tenho medo do que ela queira fazer.

—'Rum'. Só encerra esse assunto logo antes da gente voltar para casa. —Fang se levantou e afagou minha cabeça saindo.

  Sentia um frio no estômago. Abaixei minha cabeça lembrando daquele dia marido que acabou com meu coração.

(...)

—Como assim você diz que gosta de mim? Tá doido? Cara a gente é amigo do isso! Agora tá inventado isso pra quê?!. —Ela me diz me empurrando. Estávamos em público e senti meu corpo tremer de raiva.

—Queria dizer isso agora para não me arrepender depois que você fosse. Qual é a pessoa que vai mudar de colégio, de vida! Trocar amigos por causa de um relacionamento??. Se pelo menos ele valesse apenas-...—Ela me deu um tapa que fez sentir da pior maneira seu toque. Quando a olho, vejo seus olhos vermelhos. Não sei se são de raiva ou de mágoa.

—Achei que fossemos amigos, amigos não deveriam se apoiar?!

—Mas do que eu já te apoiei?!.

—Como pode dizer isso!? Você já disse para mim que ele saía com outras, que me trocava facilmente! Como pode dizer isso?! Você sabe que gosto dele!. E outra! Eu e você não vamos dar certo, que se dane o que sente eu não me importo. Não venha sentir ciúmes agora, deveria ter dito o que sentia antes e sabe de uma coisa?? Eu iria te rejeitar do mesmo jeito. Eu nem consigo imaginar algo com você além do temos agora! Você é tão entediante que chega a ser irritante.

—Ah é??. Sabe por quê evitei de te falar?!. Por que sabia que iria reagir assim... Você nunca foi fácil de lidar. Eu fiquei engolindo seus surtos e chiliques. Sempre foi rodeada de meninos e eu estava lá do seu lado como amigo, como um ombro para chorar!. E não queria perder essa posição por causa do que sentia... Achei melhor te ajudar do que me magoar e... E pensando bem agora. —Suspiro levemente. Senti um aperto do peito. —Fui medroso. Mas quer saber?. —Ela me olhou sério, nunca tinha recebido esse olhar. —Realmente não íamos dar certo.

—A-Ainda bem que entendeu!. —Ela fala cruzando os braços.

—Hum. Tá. Vai lá com seu namoradinho... —Falo fazendo um gesto de com se estivesse espantando um mosquito. —Cuidado nessa sua relação. Te desejo tudo de bom. —Falo me virando de costas sentindo minhas lágrimas transbordarem.

—Ei! Tenho certeza que vai voltar! Você não vai viver sem mim!. T-Te conheço o suficiente pra dizer isso.

—Ah é?. —Falo parando e olho para ela. —Eu tive que engolir um divórcio e viver sem meu pai. Quem você acha que é?... Cuidado quando for entrar no carro, o chifre pode bater. —Falo saindo andando. Ela gritou várias outras coisas, mas fingi não escutar. Encontrei Fang ao longe com o rosto vermelho de raiva, o que recebi dela foi um abraço.

(...)

   Como ela podia achar que eu estaria inventando algo tão sério assim? Por que mentiria sobre o que sinto?. Eu já tinha perdido a confiança dela, o tempo com ela e o carinho dela, arrisquei tudo dizendo aquilo a ela em vez de simplesmente ter deixado ela ir, mas se fizesse isso estaria com um peso imenso no peito e isso iria ser terrível para mim mesmo. Quebrei a barreira do medo e fui, vai saber né o que poderia acontecer, mesmo já tendo uma tese de como seria.

  Sim eu tive medo, mas era tão previsível o que ela ia dizer, sabe quando evitar de dizer o que sente por medo de estragar a amizade? É exatamente isso!... Então evitei de me magoar, estragar amizade e um afastamento. Eu gostava extremamente dela, ela me fazia sorri até em dias ruins e me fazia companhia. Já a vi chorando tanto por causa de relações ruins e aquilo me doía muito. Na minha cabeça, bom... Eu achava que eu era importante, porque ela sempre ressalta a isso, se dissesse que gostava dela e ela me rejeitasse (como fez) ela não ia ter mais alguém ao seu lado para cuidar dela, pois as amizades que tinha não eram lá essas coisas além de que eu do jeito que sou, quando recebo uma rejeição sinto que sou um incômodo para a pessoa e com certeza iria me afastar lentamente.

   Tsk... Sou muito tolo mesmo... Levantei minha cabeça fungando o nariz. Droga... Estava chorando. Me levanto da mesa e vou parando de chorar aos poucos. Talvez esse tremor e pavor que sinto é apenas o que estava guardado há anos e que vejo átona agora. Engulo o choro e vou atrás de Wat.

Continua...



𝐌𝐔𝐒𝐈𝐂𝐀𝐋 𝐂𝐀𝐌𝐏, 2gether × BLOnde histórias criam vida. Descubra agora