34. Let me take care of you, please...

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Nancy estava em um infinito escuro, andando em um chão de vidro. Aquilo a lembrou de quando tinha recuperado a memória, mas o que viria dessa vez? Ela tinha recuperado toda a memória, apesar de ainda ter alguns borrões de vez em quando.

Depois de girar algumas vezes em torno de si mesma, Nancy reparou em uma mulher ruiva, bem distante dela. A mulher vestia maltrapilhos e parecia muito machucada, mas os seus machucados eram bem específicos.

- Mamãe? - Nancy chamou, fazendo menção de andar. Uma trincada foi ouvida e ela recuou, ficando imóvel. - Mamãe, é você?

- Você não me salvou. - ela respondeu, fazendo o coração de Nancy se apertar. - Nem a mim e nem ao seu irmão.

Subitamente, a imagem de Newt como um Crank e uma faca no peito surgiu ao lado de Megan. Os dois pareciam com raiva, o que fez Nancy se sentir um monstro.

- E-Eu não sabia. - Nancy gaguejou, começando a chorar. - Desculpa, eu...

Ela sentiu seu corpo arder por dentro, como se o fogo a consumisse de dentro para fora. A ardência começava no seu pulso esquerdo e Nancy puxou a manga para entender o que estava acontecendo, foi quando viu a mordida que recebera no shopping abandonado completamente necrosada, como o castigo por não ter salvado a mãe e o irmão da doença terrível. Meio zonza, Nancy deu as costas para os dois e tentou se afastar. Aquilo não era real. Não podia ser.

Assim que ela deu o primeiro passo, mais uma trincada havia sido ouvida e Chuck surgiu. Ele estava pálido e tinha uma mancha grande e vermelha no lado esquerdo do peito, também parecia com raiva da ruiva por algum motivo. Quando Chuck finalmente falou alguma coisa, a expressão dele começou a fazer sentido.

- Você prometeu que me levaria para casa.

Nancy deixou algumas lágrimas escorrerem, tanto pela tristeza quanto pela dor que sentia.

- Chuck, eu... - Nancy havia sido interrompida, dessa vez por um estrondo que explodiu no ar.

Um tiro.

O peito de Nancy começou a arder mais do que antes, foi quando ela percebeu que uma grande mancha de sangue crescia bem ali. Ela ficou apavorada, pois sentia três vezes a dor que sentiu quando levou o tiro na barriga. E lembrando disso...

Nancy ouviu o destrave de uma arma e olhou para trás, vendo Janson com o rosto cortado por pequenos cacos de vidro, exatamente como da última vez que ela o vira.

- Eu avisei que deveria ter voltado para casa.

Em seguida, Janson lhe deu um tiro na barriga, dessa vez proposital. Com o susto, a dor e a tristeza, Nancy recuou e viu outra mancha vermelha crescer na sua camisa verde. Ela voltou a ouvir o chão trincar, mas nem se importava mais. Seu corpo doía, ardia como fogo e sentia uma tontura enorme, mas ela precisava só de mais uma recordação para ceder totalmente.

Nancy queria apenas fugir, mas alguém surgiu na sua frente e ela parou. Alguém que Nancy custava a esquecer, mas não a perdoar.

Teresa.

Ela estava repleta de cortes e suja, mas os cabelos negros e os olhos azuis não tinham perdido o realce. A camiseta branca que ela usava por baixo da camisa laranja pastel tinha uma mancha de sangue que não era dela, era de Nancy. A imagem da amiga já lhe causava uma profunda tristeza, mas o que Teresa disse em seguida doeu mais que os dois tiros que Nancy havia sentido.

- Por que você não segurou a minha mão?

Nancy recuou um passo, cedendo ao choro de desespero. Ela precisava de alguém para lhe abraçar. Alguém que estivesse presente, não as projeções do passado que lhe assombravam. Porém, antes que Nancy desse o primeiro soluço, houve uma trincada maior e ela olhou para o chão. O vidro começava a se rachar com mais velocidade, tornando-o mais frágil.

The Cure For Our Scars《 MR: The Death Cure Fanfic 》Onde histórias criam vida. Descubra agora