Minhas pernas começaram a tremer. Eu já havia saído um pouco mais tarde do que previsto do trabalho, e o ônibus estava ainda mais atrasado. Tinha prometido para Thomas que chegaria em casa às seis e meia, e já passava das seis e vinte e cinco.
Thomas era meu namorado. Nós nos conhecemos há alguns anos atrás, quando me mudei para a Coréia. Ele também era estrangeiro; nasceu em Londres, mas seus pais eram brasileiros, então falava português. Nós fazíamos a mesma faculdade na época. Ele se formou, mas eu larguei meus estudos no meio do caminho. Nós estávamos cursando para administração, o que não é muito a minha área, então saí. Até hoje não procurei uma nova faculdade, mas pretendo, algum dia.
Levantei meu pulso para encara o relógio pela quinta vez quando ouvi o motor do ônibus, que estava se aproximando. Parte da minha angústia se desfez, mas outra ficou me atormentando por todo o caminho. Eu chegaria atrasada de qualquer forma.
Quando me levantei do assento para descer na parada, senti minhas pernas bambas. Me segurei na barra mais próxima até conseguir me manter em pé. Eu precisava de energia para correr até meu apartamento, mas primeiro precisava conseguir ao menos andar. Uma senhora se ofereceu para me ajudar, mas recusei. Depois de algumas profundas respirações, desci do ônibus.
O apartamento de Thomas não ficava muito longe. Na verdade, nosso apartamento. Sim, moramos juntos há pouco mais de cinco meses. Eu vendi meu antigo apartamento e me mudei para o dele, e agora dividimos a mesma habitação. Ele arca com o aluguel e eu contribuo com as contas de água e energia. O resto a gente divide.
Eu arfava quando alcancei a porta do edifício. Chamei o elevador, meu pé batendo de forma descontrolada no chão. Quando as portas metálicas finalmente se abriram, eu voei para dentro e apertei o botão do sétimo andar.
Quando finalmente destranquei a porta, senti um alívio enorme por não ver sua maleta de trabalho em cima da mesa da cozinha. Thomas ainda não estava em casa. Decidi, então, tomar um banho. Precisava relaxar um pouco.
Eu já estava cantando a quinta música quando saí do banho. A sensação da água quente batendo e minhas costas tensas era, simplesmente, maravilhosa, e eu não queria sair do banho. Mas dinheiro não dá em árvore. Eu ainda passei um bom tempo no banheiro, trocando de roupa e escovando meu cabelo recém lavado. Quando saí do banheiro, quase meia hora depois de ter entrado, levei um susto ao ver Thomas sentado no sofá com cara emburrada.
- Achei que não fosse sair hoje do banho. Preciso te lembrar que só temos um banheiro? - ele falou de forma seca.
- Me desculpe, não sabia que iria chegar logo. - respondi, ficando um pouco envergonhada.
- Como não? Eu pedi para que você chegasse em casa às seis e meia. Você deveria saber que eu chegaria próximo desse horário.
- Me desculpe. - falei, diminuindo ainda mais o tom da minha voz.
- Se sente tanto - Thomas começou, vindo em minha direção. - você poderia compensar o seu mal comportamento, não? - ele terminou sua frase próximo ao meu ouvido. Me afastei rapidamente.
- Eu ia fazer algo para a gente comer. - disse, tentando mudar de assunto. Ele revirou os olhos.
- Tanto faz. Mas faça algo comestível hoje, ok? Aquela sua macarronada de ontem estava pior que o almoço que tinha na faculdade.
Ele terminou sua fala e seguiu para o banheiro e logo pude ouvir o barulho da água caindo no piso do box. Eu, por outro lado, segui para a cozinha para preparar algo de jantar. Não havia muitas opções do que fazer. Precisávamos ir no mercado, urgentemente.
Acabei pegando um peito de frango e colocando ele para descongelar no microondas. Salada com frango me parecia uma boa opção. Peguei todos os ingredientes para fazer a salada na geladeira e comecei a cortá-los, enquanto ouvia o som do microondas em funcionamento.
Eu estava terminando de fritar o frango quando Thomas apareceu na cozinha segurando uma toalha, que usava para secar o cabelo úmido.
- O que você está fazendo?
- Fritando o frango. Vai ser frango com salada.
- Espero que esteja tão bom quanto a ideia. - ele falou e logo saiu da cozinha para levar a toalha pro banheiro.
▪
Estava acabando de comer quando minha atenção foi atraída pelo som do prato de Thomas deslizando pela mesa. Olhei para ele, que passou o guardanapo nos lábio e depois o jogou no prato. Ele olhou para mim, esperando que eu dissesse alguma coisa. Como não falei uma palavra, ele se levantou irritado.
- Bom, se não quer conversar comigo, eu estou indo para a cama. O dia no trabalho foi muito cansativo. - falou com um tom irritado.
Thomas seguiu pelo corredor até o nosso quarto, que ficava no final do mesmo. Pude ouvir a porta bater e, logo depois, ela ser trancada. Bom, parece que irei dormir no sofá essa noite.
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Primeiro capítulo, pessoas! Espero que gostem e desculpa qualquer erro!
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Em Busca das Constelações
FanfictionO medo é sempre o grande responsável por fechar nossas portas. (S/N) morava no país que sempre quis, tinha um emprego e um namorado. Estava em um relacionamento abusivo e seu trabalho era entediante, mas o medo nunca permitiu ela de desfazer esses...