Capítulo 2

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Acordei com as costas doloridas no dia seguinte. Nosso sofá era minimamente confortável, mas não o suficiente para passar uma noite dormindo nele. Levantei pouco antes do despertador começar a tocar e segui direto para o banheiro, para lavar o rosto e fazer minhas necessidades. Percebi que a porta do quarto ainda estava fechada, mas não dei importância. Não era a primeira vez que isso acontecia e, provavelmente, não seria a última.

Estava para colocar a última colher de iogurte na boca quando uma movimentação à minha frente me chamou atenção. Thomas estava com seu pijama azul e tinha uma expressão de sono.

- Bom dia! - falei, soando mais empolgada do que previa. Ele não me respondeu. - Desculpe. - disse, mais baixo.

- Dá para você parar de se desculpar por tudo? Coisa chata.

Quase me desculpei de novo, mas me contive antes das palavras saírem da minha boca. Terminei meu café da manhã e segui em direção do quarto há pouco aberto. Peguei minhas roupas de trabalho, uma blusa social branca com uma calça azul e um blazer da mesma cor, tirei a roupa que estava usando e vesti meu uniforme ali mesmo. Meu expediente começaria em quarenta minutos, mas o único ônibus que poderia pegar passava em menos de dez.

Saí do quarto e peguei minha bolsa na mesa de centro da sala. Já estava quase saindo do apartamento quando a voz do meu namorado chamou minha atenção.

- Vou te buscar no trabalho hoje, ok?

- Ok. - concordei, saindo e fechando a porta atrás de mim.

Já estava sentada na cadeira confortável que chamava de minha, atrás do computador que usava no trabalho. Eu trabalhava como secretária em um pŕedio comercial famoso da cidade. O estabelecimento não estava muito movimentado ainda, muito provavelmente por ser sete horas da manhã. Havia apenas alguns dos trabalhadores do pŕedio entrando e passando pela catraca, subindo até seus escritórios para começar seus dias de trabalho. Minha colega ainda não havia chegado. Ela costumava se atrasar alguns minutos quase todos os dias.

- Buh! - Somin falou, empurrando meus ombros por trás.

- Que susto, menina! - disse, colocando a mão no coração.

- Estava pensando em coisas ilícitas, é?

- Claro que não! Não fale bobagem! - falei. Somin riu.

- Ok, ok. - ela falou, se sentando na cadeira próxima a minha. - E aí, o que eu perdi nesse minutos iniciais do nosso expediente? Alguém já veio atrás de informações ou algo do gênero?

- Não. É sempre muito calmo de manhã.

- Verdade. - ela continuou. - Mas nunca se sabe, né? Vai que aparece um deus grego em plena terça-feira de manhã? Preciso estar atualizada.

Eu não falei mais nada. Somin era tão extrovertida. Falava de tudo sem a menor vergonha ou timidez, com qualquer pessoa que cruzasse seu caminho. Tão diferente de mim. Bom, tão diferente de mim agora. Demorei um bom tempo para conseguir me acostumar com ela falando comigo todo dia. Mas agora nossas conversas já fazem parte da rotina.

- Então, já que não temos nada para fazer, me con... - ela se interrompeu ao ver alguma coisa em sua frente. Segui seu olhar, até encontrar o que a fez para sua linha de raciocínio.

- Oi, com licença. Poderia me ajudar? - o homem parou em minha frente.

Levei um tempo para processar que ele havia se dirigido à mim.

- Ah, desculpe. Sim, claro. Em que posso ajudar?

- Você sabe me dizer onde fica o auditório C? Tenho uma palestra em alguns minutos. - ele falou, olhando o relógio no pulso.

- Ahn... o senhor trabalha aqui faz mais de dois anos. Não sabe onde é o auditório? - perguntei, logo colocando a mão em minha boca. Não costumava ser tão intrometida assim.

- É verdade. - ele falou, rindo. Logo se virou e apoiou os cotovelos na bancada da recepção. - Mas eu precisava de algum motivo para vir pedir informação, não? Foi o único que me veio em mente. - ele levou a mão ao queixo, demonstrando uma expressão pensativa. - Talvez eu não tenha tanta criatividade para isso. Deveria ficar só na criação de logos mesmo. - ele se voltou para mim, sorrindo. - Mas, sabe me dizer onde é?

- Siga pelo corredor da direita e vire no primeiro corredor. É no final desse segundo. - falei, um pouco nervosa.

- Muito obrigada. - o jovem disse, indo em direção da sua palestra.

- O que foi isso? - perguntei, mais para mim mesma, mas Somin ouviu minha pergunta.

- (S/N), você é lerda ou o quê? - ela perguntou, como se eu fosse idiota. - É óbvio que aquele cara estava dando em cima de você!

Corei com suas palavras.

- Para com isso! É claro que ele não estava. E eu tenho namorado.

- Se você diz.

Meu expediente já estava no fim. Coloquei meu celular em minha bolsa e joguei as alças no ombro. Logo pude avistar Thomas, que estava parado na entrada do estabelecimento. Acenei para ele, que respondeu com um aceno de cabeça. Fui me aproximando dele, quando parei ao ouvir a voz de alguém que passava ao meu lado.

- Tchau, garota das informações. - o garoto de hoje mais cedo falou, sorrindo para mim e abanando com a mão.

- Ahn, tchau. - falei, dando um leve sorriso. Ninguém no trabalho, além de Somin, jamais se despediu de mim. Fui pega de surpresa.

Ele se virou e foi embora. Ainda um pouco surpresa, continuei a seguir até meu namorado, que agora me encarava com raiva.

Eu vou ter problemas em casa.



Vamos abafar o caso de que a cabeça de vento aqui esqueceu de atualizar ontem, obrigada ksksk

Enfim. espero que gostem e desculpa qualquer erro!

Em Busca das ConstelaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora