Capítulo 5

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Eu não sei porque falei tudo para Jisung. Nós não nos conhecíamos, nunca havíamos nos falado. Mas ele me parecia confiável. Eu quis contar tudo para ele. Eu confiei nele mais rápido do que comecei a confiar no meu próprio namorado.

Eu nem sempre fui tão... insegura assim. Thomas é o maior culpado disso. Eu tinha um espírito livre. Era extrovertida, ia em festas, vestia as roupas que eu queria. Mas, pouco depois de começarmos a namorar, Thomas tirou tudo isso de mim. E eu estava muito cega para perceber o meu erro naquela época. Eu podia ter me livrado dele há muito tempo, mas eu não consegui me soltar. Eu fiquei presa a ele, acorrentada ao nosso namoro inconveniente. E agora eu precisava da ajuda de um estranho com seu amigo advogado mais desconhecido ainda.

Mas hoje eu me livraria de tudo isso. A princípio, pelo menos. Não sei do que Thomas é capaz. Se ele consegue bater em uma mulher como se fosse rotina, não duvido que consiga cair na porrada com um policial.

Eu voltei para a minha mesa de trabalho. Eu estava ansiosa. Minha respiração estava acelerada e minhas mãos tremiam. Hoje, tudo mudaria. Eu finalmente me veria livre depois de meses sufocada. Eu finalmente poderia voltar a ser eu, por mais que eu não saiba como eu conseguiria reaprender a ser quem eu costumava ser.

O prédio comercial estava quase vazio. Não havia muitos visitantes, então eu era praticamente inútil naquele lugar agora. Abri o navegador e comecei a olhar apartamentos para alugar. Eu teria que sair do meu atual apartamento hoje, provavelmente. Thomas não ia me deixar ficar mais um minuto naquele lugar depois que tudo entre nós estivesse acabado.

Eu tinha uma boa renda. Não era a melhor coisa do mundo, mas era estável e suficiente. E eu tinha uma poupança bem recheada. Eu tinha condições de pagar pelo aluguel de um apartamento.

Eu continuei navegando por sites de anúncios, olhando de cinco em cinco minutos para o relógio. Eu queria que o tempo passasse, mas ele insistia em não passar. Enfim, minha tarde vai ser longa.

- Preparada, garota das informações?

- Eu achei que, agora que sabe o meu nome, você fosse parar de me chamar assim. - protestei, mas eu até gostava daquele apelido.

- Nossa, você parece outra pessoa. Hoje de manhã mesmo você gaguejava a cada palavra que dizia, agora me dá respostas completas na lata. Estou impressionado.

- Não enche.

Eu peguei minha bolsa e a coloquei no ombro. Peguei meu celular e fui me juntar ao garoto.

- O que um término de namoro não faz com uma pessoa, não é mesmo? - ele falou, assim que saímos do estabelecimento.

- A gente não terminou ainda. - lembrei ele. - Onde está o seu tal amigo?

- Ele deve nos encontrar aqui em alguns minutos. Vamos sentar naquele banco?

Assenti com a cabeça e fomos nos sentar. Eu estava inquieta e era perceptível. Eu batia meu pé incontrolavelmente no chão. Era um tique nervoso.

- Ei, calma. - Jisung disse, colocando a mão na minha perna. Me encolhi com o toque. Não estava acostumada a ser tocada pelas pessoas. - Desculpe. Mas vai dar tudo certo.

- E se não der? Você e seu amigo desconhecido são minha única esperança. Se isso não der certo, eu não sei o que vou fazer!

- Você quer realmente se livrar dele, né?

- Eu... eu sou uma pessoa horrível, meu deus. - Eu abaixei minha cabeça a tempo de esconder as lágrimas que começaram a sair. Contudo, elas não foram tão sigilosas assim, pois em pouco tempo meus ombros começaram a tremer.

Em Busca das ConstelaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora