O caminho de carro até nosso apartamento foi silencioso. Um silêncio pesado, que me deixava cada vez mais nervosa. Quando finalmente chegamos, subimos até o apartamento e Thomas destrancou a porta, logo agarrando o meu pulso e me jogando para dentro.
- No que você estava pensando? - ele berrou, se dirigindo a mim.
- Qu-que?
- Quem era aquele? Vocês estão juntos? Você está me traindo, não está?
- É ó-óbvio que não. Como pode pensar isso?
- Como não pensar? Eu vi você sorrindo para ele. - ele estava vermelho de tanta raiva.
- Eu apenas sorri. Não foi nada demais. - falei, e logo senti sua mão contra o meu rosto. O tapa fez eu me desequilibrar, e tive que me segurar no braço do sofá para não cair.
- Você está comigo! Você não tem o direito de ficar dando mole para os outros.
- Eu não estava...
- Não minta para mim. - ele disse segurando o meu pulso. - Você é uma vagabunda.
Sua mão apertava muito forte o meu pulso. Eu tentei me soltar, mas ele era mais forte.
- Eu não...
Cortei minha frase ao meio quando senti o punho de Thomas no meu rosto. O local onde eu recebi o soco começou a latejar.
- Você não presta. - falou, soltando meu pulso e seguindo para o quarto. - Ah, e só para você saber, você dorme no sofá hoje. Não merece dormir comigo depois do que fez.
Eu queria chorar ali mesmo. Havia muito tempo que meu namoro tinha se transformado em algo sufocante, mas eu não conseguia terminar. Ele falava coisas horríveis para mim. Que eu não ia encontrar ninguém, que ninguém jamais ia me amar, que eu só tinha ele na vida. E eu me rendia e continuava ao seu lado. Talvez fosse verdade.
Fui até o banheiro para tomar banho e me arrumar para dormir. Quando olhei meu reflexo no espelho, vi um pequeno corte em meu rosto. A unha de Thomas devia ter cortado a minha pele. A região abaixo do meu olho esquerdo latejava e estava um pouco vermelha. Eu teria um belo hematoma no dia seguinte.
.
A noite foi horrível. Minha coluna já estava ruim pela última noite na cama improvisada, e ela só ficou pior. Levantei sentindo uma dor terrível. Peguei meu celular para olhar o horário. Seis e vinte. O ônibus passaria em menos de quinze minutos.
Levantei rapidamente do sofá, seguindo correndo na direção do banheiro. Mesmo com a pressa, não pude deixar de reparar que a porta do quarto estava aberta. Thomas já havia saído.
Fiz todas as minhas higienes pessoais o mais rápido que consegui. Nem troquei minha roupa, já que tinha dormido com o meu uniforme. Peguei apenas uma maçã na geladeira e saiu apressada do apartamento.
▪
Eu consegui chegar no ponto de ônibus no último minuto, exatamente quando o ônibus estava parando. Com isso, consegui chegar a tempo do meu turno, sem estar atrasada. Estava, na verdade, com tempo de sobra. Meu problema era perder o ônibus.
Eu já estava acomodada na minha cadeira quando Somin chegou, inacreditavelmente, no horário certo.
- Bom dia! - ela disse animada, se virando para mim. - Meu deus! O que aconteceu no seu rosto, mulher?!
O hematoma. Na correria dessa manhã, esqueci completamente da mancha roxa que deveria ter surgido abaixo do meu olho. Instintivamente, coloquei a mão sobre o hematoma, e senti uma pontada de dor quando minha mão encostou no local arroxeado.
- Não foi nada. - respondi baixo.
- Como assim nada? Tem uma hematoma gigante na sua cara!
- Não é nada, de verdade. Eu só bati meu rosto ao abaixar para pegar algo que eu tinha derrubado.
Era uma péssima mentira, mas Somin acreditou. Ou, pelo menos, fingiu acreditar. Não me importava. Ela tinha parado de fazer perguntas, e era isso que me interessava.
Eu queria apenas me esconder debaixo da mesa até o final do meu expediente. Não queria olhar para ninguém, não queria responder perguntas. Não queria que ninguém visse o meu rosto. Mas eu tinha que trabalhar.
Eu continuei com a cabeça baixa por um bom tempo, escondendo ao máximo o meu rosto de qualquer pessoa que passasse. E estava funcionando bem, até não funcionar mais.
- Oi, garota das informações!
Ah, não.
...
Não sei o que dizer ksksk
Espero que gostem e desculpa qualquer erro!
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Em Busca das Constelações
FanficO medo é sempre o grande responsável por fechar nossas portas. (S/N) morava no país que sempre quis, tinha um emprego e um namorado. Estava em um relacionamento abusivo e seu trabalho era entediante, mas o medo nunca permitiu ela de desfazer esses...