Estou saindo do quarto com o celular em mãos tentando ligar para Gabriela mas como era de se esperar, ela não me atende então guardo o celular no bolso da calça e sigo em direção ao carro.
A estrada está calma então não demora muito e eu estaciono em frente ao seu prédio. Olho pro banco e vejo as flores e o chocolate que com ajuda de Clarissa, comprei.
Acho que com isso consigo chamar sua atenção.
Saio do carro e não tenho problemas pra entrar no prédio, subo o pequeno lance de degraus até enfim, estar em frente a sua porta. Puxo o ar com força, estou temeroso, sei que ela está em casa pois ouço barulho vindo de dentro.
Assim que penso em bater na porta, a mesma é aberta e ela sai sorrindo. Fico confuso mas logo percebo que o motivo de seu sorriso está logo atrás de si.
Quando os dois me vêem, o sorriso morre na hora.
- Henrique.. - Gabriela diz.
- Loirinha..- Respondo.
Olho para Marcelo e arqueio as sombrancelhas, o homem dá de ombros e passa por mim acenando com a cabeça. Logo volto minha atenção a Gabriela que segura a porta e parece nervosa.
Antes que ela possa dizer algo, lhe estendo as flores e o chocolate, ela olha pra minha mão uns segundos e então pega o que eu trouxe.
- Será que agora podemos conversar?!- Pergunto.
- Acho não temos muito o que conversar Henri..- Ela diz, a voz falhando.
- Eu tenho a impressão de que você está fugindo de mim..- Digo dando um passo a frente, fazendo com que ela acabe recuando e entrando na pequena sala.
- Não é isso.. só.. só não acho que temos nada pra conversar. Já está tudo resolvido. - Responde desviando logo em seguida o olhar do meu.
Suspiro, a sensação de cansaço me dominando mas acima de tudo, a vontade de resolver a situação me dando mais disposição para insistir.
- Então pelo menos escute o meu lado e depois decida o que fazer..- digo e quando vejo que não faz objeção, continuo - eu realmente fui casado, consegui enfim com que minha ex esposa assinasse os papéis. Nós nos casamos, eu a amava e ela aparentemente também mas no fim descobri que só interessava ela o meu sobrenome e tudo que conseguia com ele. Um dia voltei pra casa e não a encontrei, no outro dia nossas contas estavam zeradas. Ela levou tudo e sumiu - a encaro uns instantes antes de voltar a falar - , achei que não teria problemas com isso, afinal não estava envolvido com ninguém. Isso até você aparecer. - Digo e vejo lágrimas silenciosas descerem por seu rosto.
- Eu já não me relacionava com ela a muito tempo, acredite quando digo. Insisti muito para que assinasse aqueles papéis do divórcio. Quando você saiu de casa aquele dia, foi terrível pra mim..- Ela me encara, os olhos vermelhos e isso faz meu coração doer.
- Vocês não são mais casados?!- Pergunta quase como um sussurro.
Nego com a cabeça.
O silêncio agora é desconfortante, preciso fazer algo a respeito.
- Ela assinou os papéis e saiu da minha casa. Eu vou entender se não quiser continuar de onde paramos, só queria que me ouvisse e entendesse a situação. - Digo e vendo que não vai me dizer mais nada, saio do apartamento.
Fecho a porta devagar, desço as escadas calmamente e vou em direção ao carro. Já dentro dele, dirijo até um bar qualquer onde pretendo tomar uma dose bem forte de alguma bebida e só então seguir para casa.
Sentado na mesa, agora começo a remoer de o por que Marcelo estar no apartamento dela. Será que decidiu que seria melhor conhecer um novo alguém?! Eu sei que escondi a verdade dela e não é justificando meu erro mas não o fiz com maldade.
Eu não tinha Sofia como esposa a muito tempo, isso era só um termo que estava escrito no papel. O que tínhamos acabou a muito tempo quando ela decidiu ir embora.
Tomo de uma só vez a bebida que desce ardendo pela garganta. Puxo a carteira e coloco algumas notas sobre o balcão e então saio do lugar me sentindo pior agora.
Nunca pensei que me sentiria tão mal como estou agora. O caminho pra casa não demora pois piso fundo no acelerador. Minha surpresa é quando chego em casa e encontro meus irmãos mais um vez por lá.
- Isso já está virando um cabaré..- Resmungo vendo meus irmãos sentados em meu sofá totalmente a vontades.
- Por que está resmungando e afinal que cara é essa?! Pensei que estaria feliz com o divórcio. - Henrico diz.
O encaro arqueando as sombrancelhas e Heitor dá de ombros.
- Heitor não quer falar mas nós xeretamos suas gavetas e achamos os papéis. - Henrico diz e Heitor chuta a perna dele.
Abaixo a cabeça e sorrio sem humor.
- Sério isso?! Porra! Não tenho privacidade em minha própria casa.. inferno. - Esbravejo irritado e caminho até a cozinha.
Vejo quando Heitor vem atrás de mim.
- Irmão.. - me viro e o encaro - você não se resolveu com sua garota?!- Pergunta.
- Não e acho que nem vou. Ela já decidiu que não quer mais, acabou. - Digo o encarando e ele morde os lábios pensativo.
- Mas você explicou a ela? Se você ama sua garota, tem que dizer..- Meu irmão começa seu discurso mas eu logo o interrompo.
- Eu já o fiz e ela não disse nada Heitor, isso quer dizer que acabou pra gente. E também tinha outro cara com ela no apartamento..- Digo e Heitor me olha surpreso.
- Que cara?!- Heitor pergunta.
- O Marcelo, irmão da fernanda.- Digo sentindo o amargo na boca.
- Esse tal Marcelo não era seu colega?!- Pergunta surpreso.
- Eu também achava que fosse.. mas eu já havia notado seu interesse por ela uma vez.. não pensei que fosse adiante. - Resmungo saindo da cozinha e voltando pra sala.
Henrico continua vendo televisão e comendo um sanduíche.
- Talvez seja um mal entendido.. você deveria falar com ela mais uma vez. - Heitor recomeça.
- Você tem razão.. - Respondo mais para mim mesmo.
Meu irmão não diz mais nada e assim como ele, foco minha atenção no programa que agora passa na televisão.
[...]
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Desejo De Amar
RomanceUma ida a farmácia ou um esbarrão num lugar aberto.. faria alguma diferença na sua vida? Será que isso é coisa de destino? Gabriela em busca de resolver suas inseguranças e medos não contava com a sorte de conhecer naquela bendita farmácia, o amor d...