- the reality tastes bitter

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O sol ainda não havia nascido. O frio da aurora era congelante. Pior do que a noite. E deixava um ar onírico pairar ao redor da floresta. Mas Jimin se sentia estranhamente aquecido. Ao se remexer, escutou um resmungo próximo de sua orelha. Muito próximo. O que o fez abrir os olhos de imediato e encontrou Jungkook agarrado em si como se fosse um coala.

Ele estava aninhado entre as pernas de Jungkook e com as costas coladas no peitoral firme e quente. Os braços fortes estavam ao redor, o segurando com muito zelo. No meio da noite encontraram um chalé, obviamente trancado. Porém Jungkook sugeriu tentarem dormir um pouco, por isso se encostaram na porta do casebre. Ambos acabaram por dormir sentados, ele lembra. Mas como pararam naquela posição, não.

Talvez, quem sabe, no meio da noite tenham se agarrado por extinto de sobrevivência. Quer dizer, estava muito frio. Qualquer ser vivo procuraria uma fonte de calor... Não era?

Enquanto Jimin estava roendo as unhas preso num conflito moral, Jungkook se espreguiçava ao acordar. No momento em que ele notou que a causa de seu dilema interno estava desperta e, o pior, o encarando com um sorriso preguiçoso lindo ao mesmo tempo em que só tinha um olho aberto, Jimin praguejou.

Por que Deus? Por que o criou tão lindo? Assim fica difícil.

— Bom dia Jimin. — murmurou Jungkook com a voz rouca devido à falta uso. E causando arrepios em Jimin que com certeza não eram por conta do frio.

— Bom dia...

Depois daquele cumprimento, Jimin não sabia como agir. Algo estava estranho entre eles. Não sabia dizer bem o quê.

O silêncio era ensurdecedor. Nem mesmo o som dos pássaros cantando ou do vento ruidoso encobria o clima que os rodeava. E para piorar tudo, Jungkook estava o olhando de uma forma estranha. As íris brilhavam como se possuísse todo o universo nelas. Como se Jimin fosse a razão delas cintilarem. Era lindo. Também era assustador.

Se tivesse como dar um nome para aquele olhar, ele arriscaria em dizer que era uma espécie de adoração contida. Uma espécie de amor platônico. Seria como Dante olharia para Beatriz a distância. Todos os dias na espera de ser notado. Mas, ao mesmo tempo, com medo de ser descoberto.

Jimin sacudiu a cabeça ao pensar aquilo. Afastando aquele tipo de coisa de sua mente idiota. Agora Jungkook o encarava como se ele fosse um maluco. O que o fez soltar uma risada constrangida a medida quem ambos se erguiam e batiam a neve das roupas.

— Do que você está rindo? — perguntou Jungkook de repente, curioso.

— Nada de mais. — ele responde coçando a nuca. — É só que acho que estudar muito uma obra me deixou um pouco obcecado.

Ele não devia ter dito isso, pois Jungkook franziu o nariz numa careta confusa e pra lá de adorável.

— Como assim?

— Bom, me faz relacionar quase tudo a ela. Até mesmo os gestos e às vezes os olhares das pessoas.

— Estava fazendo isso agora, por acaso?

Ok. Agora que não devia ter falado mesmo. Por Deus, alguém o cale agora! Pediu os céus antes que fizesse algo estúpido.

— Er, eu... Não. Quer dizer, parecia que você... Digo...

— Sim? — Jungkook assentiu tentando o incentivar a falar enquanto se aproximava dele, esperançoso.

— É bobagem, Jungkook. Não importa. Não mais... — sussurrou hesitante.

— Talvez ainda importe para mim. — ele devolveu no mesmo tom.

Não queria, mas mesmo assim, Jimin ousou erguer os olhos somente para encontrar o que ele esperava e mais temia. Os de Jungkook. Tão familiares. Tão cheios de emoções. Muitas conhecidas e uma que ele não estava gostando de encontrar nos orbes escuros: angústia. Não combinava com ele. Nada do que fosse triste, na verdade.

the fiancé (corrigindo)Onde histórias criam vida. Descubra agora