O Que Eu Quero?

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Eu estava sozinha no quarto, encarando o espelho e refletindo sobre os últimos dias, Toffee havia raptado o Marco, eu havia destruído minha varinha por aquele idiota e mesmo assim consegui matá-lo indiretamente só pra revivê-lo e curá-lo duas vezes depois e então desmaiar e quase perder o controle do meu corpo para o Toffee, sem contar com aquela discussão com minha mãe que deveria ser falsa, mas pareceu tão verdadeira pra mim... E... As duas metades da varinha.

Direcionei o olhar para a cômoda onde uma delas repousava, avulsa do resto do objeto mágico, já havia tentado encaixa-la em seu lugar tantas vezes, mas a dor de tenta-lo era tanta...

Suspirei e peguei o cristal, encarando-o com hesitação, mas ainda sim determinação. Glossaryck não havia dito nada útil, apenas coisas aleatórias pra confundir ainda mais a minha mente e eu precisava consertar isso o quanto antes; não importava o quanto doesse, tinha que tentar.

Com uma das partes em mãos, fui até minha cama novamente e peguei a varinha, respirando profundamente mais uma vez antes de começar a aproxima-las. Como quando aproximando dois ímãs, podia sentir a energia começando a fluir, tentando separar os fragmentos, porém não pretendia deixar isso me impedir.

Insisti em tentar juntá-las vagarosamente, mas o formigamento se intensificava a cada segundo, se estendendo pelo meu corpo, arrancando lágrimas dos meus olhos, lágrimas que não vinham só da dor física, mas de outra que eu também tentava ignorar.

Não suportando mais, cedi à dor e afastei os estilhaços da joia, já entre soluços. Por que doía tanto fazer as coisas certo? Consertar as coisas? Por que tudo doía?

Por um instante, dominada pela impulsividade e frustração, reuni as duas metades em um só movimento rápido, como é feito para tirar um band-aid visando reduzir ao máximo a intensidade e tempo de sofrimento do indíviduo. Mas isso não funcionou para mim.

As partes se repeliram como todas as outras vezes, liberando uma energia tão forte que até fez ambos os objetos escaparem da minha mão, agora um tanto quanto queimada, se perdendo em cantos diferentes do quarto enquanto eu gemia e soluçava sobre os ferimentos não muito graves, mas extremamente dolorosos.

Fitei o maldito livro de feitiços por um instante. "Por que você não faz nada?!", exclamei irritada com o detestável conselho enigmático de Glossaryck. "Sua função não é ajudar aas princesas? Guiar elas?!", continuei, mesmo que nada se manifestasse. "Seu anãozinho idiota!", exclamei baixo, mais como um resmungo irritado enquanto me contorcia por conta da lesão.

"Tudo bem?", um latino assustado e preocupado se sentou ao meu lado observando minhas mãos, hesitante quanto à tocá-las. Fitei-o surpresa, não esperava por sua presença, nem havia o visto entrar. "Argh! Que pergunta idiota, né?! Claro que não está tudo bem.", estapeou-se levemente, embaraçado com si próprio. "Vem, vamos jogar um pouco de água aí e passar uma pomada, ou sei lá.", me abraçou pela cintura pra me puxar, mas eu nem saí do lugar, o que o deixou confuso.

"Não... era pra você estar num encontro com a Jackie?", disse enquanto algumas lágrimas ainda caíam, mas não tão desesperadamente quanto antes.

Marco desviou o olhar, um tanto sem graça e chateado.

"Vamos cuidar da suas mãos primeiro...", murmurou. "Prometo contar todo o resto depois.".

Olhei bem para ele, só então reparando no glitter cor-de-rosa cintilando em seu cabelo, rosto e roupas, tudo fixado por algo grudento, mas cheiroso que fazia parecer que não lavava o cabelo há duas semanas; seja lá o que houve, não foi coisa boa.

Ainda com o rosto molhado de lágrimas, mas já não as derramando, me levantei meio a um suspiro e fui ao banheiro com Marco, onde coloquei minhas mãos debaixo da água gelada da torneira, contendo meus lamentos e gemidos embora a ardência fosse muita.

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⏰ Última atualização: Oct 16, 2020 ⏰

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The Princess and The Bad boyOnde histórias criam vida. Descubra agora