Vincent olhou para o lugar onde tinham chegado e arqueou as sobrancelhas. A construção ficava numa parte da cidade a qual não conhecia e a arquitetura do telhado era triangular, diferente de tudo o que já havia visto.
Desde o momento em que tiraram os capacetes e estacionou a moto Finn reparou nas reações do outro com atenção, percebendo que ele não tinha entendido onde estavam. Agradeceu por aquilo, afinal, era uma surpresa.
Na porta de entrada uma moça simpática os recepcionou.
━Senhor Dawson? -ela olhou para os dois com confusão, sem saber quem havia feito o contato
━Sou eu, -Finn entrelaçou um braço no de Vincent e sorriu com gentileza.
━Por favor, me acompanhem.
Seguiram-na para o interior do lugar, que possuía uma iluminação baixa. O corredor escuro levou-os até uma porta branca e cheia de estrelas prateadas pintadas na madeira. Antes de abri-la, a mulher virou-se para Finn.
━Fiquem à vontade e espero que gostem da experiência.
Ela afastou-se, deixando um Vincent curiosíssimo encarando o namorado.
━Que lugar é esse? Um motel diferenciado? -sussurrou a pergunta
A euforia pós sessão de autógrafos ainda permanecia ali e, somada àquela surpresa, tornou-se maior ainda, pois eram muitas coisas positivas acontecendo num dia só. Entrelaçou os dedos nos de Finn, que disse:
━Feche os olhos.
Vincent fez uma careta, mas assentiu e obedeceu. Finn tocou a maçaneta e abriu a porta. Empurrou o namorado delicadamente e ele deu um passo hesitante para dentro do aposento desconhecido. A porta bateu, deixando-o assustado, mas logo as mãos gentis do loiro acariciaram suas costas, guiando-o no escuro.
Finn ajudou-o a caminhar mais alguns passos, apertou um dos braços dele com carinho e sussurrou, com um sorriso bobo:
━Abaixe comigo, vamos sentar num colchão.
━Então é mesmo um motel misterioso... -resmungou com um sorrisinho e as sobrancelhas arqueadas
━Não, seu bobo.
━Eu gosto de motéis. Não que eu tenha ido a muitos... -continuou, como se Finn não tivesse negado
O loiro controlou-se para não abraçá-lo e sentiu uma quentura gostosa espalhar-se por suas bochechas. Sem resistir a tantos flertes, inclinou-se e beijou-o na bochecha antes de puxá-lo para baixo.
Vincent tateou ao redor com certa dificuldade, mas quando sentiu o colchão, sentou-se na ponta do mesmo. Ouviu o loiro respirar fundo e sentiu o nervosismo dele nas palmas das mãos suadas, encostadas às suas. Apertou-as com gentileza, tentando reconfortá-lo e acalmá-lo daquela maneira.
━Pode olhar agora -o sussurro de Finn saiu baixo e nervoso
O escritor abriu os olhos com cautela e precisou piscar várias vezes para entender onde estava. Ao redor, na imensidão escura do ambiente, estrelas brilhavam como jóias, criando uma simulação da noite. Parecia tão real e era tão imersivo que a boca escancarou-se de surpresa e os olhos arregalaram-se conforme moviam-se para lá e para cá, tentando compreender como aquela ilusão era possível.
Já tinha visitado um planetário quando pequeno, com a avó, mas estar ali com Finn fez um arrepio correr por sua espinha. Era um lugar mágico e parecia imenso. Sentiu como se estivesse sentado no meio do infinito. Não conseguiu distinguir paredes nem janelas, estava no meio da imensidão, do nada e do tudo ao mesmo tempo. Com o namorado.
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Toques
Short StoryA vida doméstica de Marc e Archie. Os dilemas de Finn e Leonard. Fragmentos da vida de Natalie, Ada e Julian. Lembranças do passado dos personagens. Tudo aqui escrito aconteceu/acontecerá na história, mas sem ordem cronológica. Feita para os leitore...