Capítulo quinze.

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- Esse é o Luís Felipe. - Erick se apróximou com um garoto, alto, parecia um feijão. - Mais conhecido como feijão.
O pior que ele lembrava um feijão, sua cara era meia redondinha igual a um feijão.
- Qual seu nome? - O feijão me encarou. Coitado, achando que eu era uma garota comum como todas as outras daqui.
- Não lhe interessa. - Me virei para sentar em meu lugar.
Erick e ele falavam alguma coisa que não entendi bem o que era, afinal, deveria ser sobre mim, é claro. Uma velha muito gorda, mais daquelas gordas mesmo, entrou dentro da sala com uma cambada de alunos.
- Sentem-se todos. - A voz parecia ser de macho, tão grossa como de homem.
Feijão se sentou atrás de mim, Erick por sua vez ao lado da sua namorada. Revirei os olhos. Eram namorados, não seres grudados.
- Qual seu nome, gatinha? - Feijão inclinou para falar em sussurro comigo.
- Sei que sou gata e maravilhosa, mais não te interessa. - Me levantei do meu lugar, peguei o único caderno que trouxera e me dirijo até o único lugar que havia na sala, ou seja, atrás de uma garota de óculos.
Joguei o caderno na mesa, os garotos não paravam de me secar, queria jogar aquele caderno na cabeça de todos dali, mais não queiro ter o título de 'louca' não no primeiro dia. A velha olhou para mim, sorriu com admiração.
Ah, qualé?? Todos daqui sorriam ao ver uma garota muito mais muito rebelde? Não que eu seja, mais sei lá, vocês me entenderam.
- Qual seu nome? - A voz grossa olhou para mim.
Sério isso? Todos iriam perguntar o meu nome?
- Bárbara Pierce. - Olhei para a velha que dessa vez estava séria.
Ela não falou mais nada, o que eu festejei bastante, não aguento conversar, muito menos com velhos igual a ela. Ela se virou para o quadro, escreveu algumas coisas que eu não entendi direito, a letra dela é um garrancho.
Só depois de muito tempo, minutos na verdade, vi que a comprida frase era 'Sr.Ruth, aula de Filosofia.' Revirei os olhos, odeio filosofia, na verdade, odeio todas as matérias.
A garota de minha frente não falou absolutamente nada, algumas garotas, que pareciam umas macacas, nada contra aos macacos, eu amo eles, mais enfim, elas eram ridículas.
- Perderam alguma coisa? - Berrei para elas, o que fez com que todos me encarassem, até mesmo a professora.
Elas reviraram os olhos, pude ver que eram amigas da namorada com cara de capivara do Erick, pelo simples fato de que elas se entreolharam rindo.
- Aqui tem mais animal do que zoológico. - Berrei, suspirando.
As garotas olhavam para mim, incrédulas. A mais nojenta, a moreninha, queria falar alguma coisa comigo. Apenas esperando a diaba falar.
- Você não pode falar nada, você parece uma lacraia. - Um berro da boca dela saiu, pude ouvir uns 'uu'.
- E você acha que você pode falar alguma coisa? - Olhei para o cabelo lotado de óleo dela. - Com esse cabelo minha filha, posso até fritar batata frita.
Muitos riram, não, todas as pessoas riram, até mesmo a garota de óculos em minha frente. A garota ficou vermelha, parecia querer chorar. A professora bateu a caixinha de giz na mesa, o que fez todos pararem.
- Nossa sala não é lugar para pessoas de sem categoria se pronunciar, muito menos, falar dos outros. - Pude perceber que ela falara para mim aquilo.
Ela se virou para copiar um longo texto ao quadro, peguei meu celular, sim o que é que tem mexer nele dentro da aula? Tudo bem, que vim para estudar, mais não sou obrigada a ver uma vaca falar vaquisse para todos esses animais.
Entrei no whatsapp, e como eu pensei, quinhentas mensagens só de grupos. Já está na hora de eu sair deles, não aguento entrar no whatsapp e ver todos aqueles que não tem nada pra fazer enchendo meu whats de mensagens idiotas.
- É proibido mexer no celular durante à aula. - A vaca, digo, professora me encarava.
- Pois é, também achava que era proibido a entrada de animais para dentro da escola. - Falei.
Resumindo: fui expulsa da sala, e agora estou na diretoria. Era o que eu queria na verdade, não ter aula com aquela vaca inútil, mais também não queria ficar sentada, olhando para a cara de vaca da secretária da diretora, sem fazer absolutamente nada. Sem ao menos ela me deixar dormir.
- Eu era igual a você quando tinha dezesseis, agitada, e sempre sendo mandada pra diretoria. - A secretária parecia ser novinha, não havia nenhuma ruga em seu rosto, mais espinhas havia.
- Um ano atrás, eu ria, e ao mesmo tempo ficava brava com os professores, mais mesmo assim, hoje estou fazendo faculdade de jornalismo, e sendo secretária de uma velha. - Ela revivou os olhos. Gostei dela. - Meu nome é Melissa, e o seu?
- Bárbara.
- Ah, a famosa Bárbara. - Olhei para ela sem entender absolutamente nada, hã?! - Todos falavam de ti ao corredor, digo, Erick era um deles.
Falavam o que sobre mim? Que eu sou linda e maravilhosa, ao mesmo tempo, diva e perfeita?
- Meu nome saí da boca de várias pessoas. - Olho para as minhas unhas sem esmalte. - Por isso que a Bárbara Pierce é foda, ninguém é mais foda que ela, ninguém.
Ela ri, olho para a sua mesa, lotada de babozeiras e blá. Ela tinha um piercing na bochecha, algo totalmente ridículo, mais mesmo assim. Olhei para o braço dela, uma pequena tattoo em seu ombro aparecia na blusa regata cinza.
- Como posso ver, sua tattoo é de quê?? - Olhei para o ombro, que na mesma hora tampou, sorri.
- Ninguém sabe sobre ela. É difícil de esconder algo que você gosta, mais enfim, é um humano com arma em sua cabeça.
- Hum. - Não falei mais nada.
Quando o sinal bateu, peguei meu caderno e fui para a minha sala.

Bárbara (Correção) Onde histórias criam vida. Descubra agora