Capítulo vinte e sete.

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Por um lado eu estava ótima, querendo bater em Erick até o final do dia, por outro lado eu queria olhar para ele e sorrir, sorrir como uma boba, como uma garota apaixonada.
Ele me puxou para si, me deu um beijo profundo, digo, parecia que não iria acabar. Eu não queria que acabasse. Não agora.
O meu sorriso brotou em meus lábios, naquele momento não tinha nem força para xingar-o, bater nele, enfim, ser Bárbara revoltada com ele.
- Você é um lerdo, não sabe nem beijar uma pessoa direito. - Empurrei-o. Bárbara on.
- Você parece que tirou seu bv comigo hoje, não sabe nem beijar. - Ele limpou a boca.
- Não sei como às garotas gostam de ficar contigo. - Berrei.
- Não sei como tem gente que gosta de você. - Berrou.
Ele é um panaca. Daqueles bem panaca que faz panaquisse, que joga panaquisse pelo mundo todo, enfim, um panaca doidão.
Bati à porta, peguei o celular e havia duas ligações perdidas. 1- minha mãe 2- Matheus, quem seria? Não! Não era de nenhum dos dois, era da minha tia, sim a minha tia!
Retornei.
- Oi minha querida. - Voz delicada para pessoa rica e delicada.
- Oi. - Voz fria e grossa para pessoa linda e gatosa.
- Estou farta de saudades de você, fofinha!!! - Eu odeio quando me chamam de fofa e diminutivos. - Não veio para cá nenhum dia se quer.
- Pois é. - Me joguei na cama, o celular ainda estava em minha orelha.
- Não está afim de vim aqui depois de amanhã? - Voz delicada lala.
- Pode ser. - Falei.
- Que bom minha querida, agora vou ter que desligar, seu primo está doido com a falta de namorada e... - Ouvi um grito, deveria ser do panaca, digo, meu querido primo. - Tchau querida!
Vai me dizer que o panaca do meu primo se lamenta pela falta de uma namorada que talvez nem existe? Nossa, que piada!!! Ele consegue ser insuportável mesmo sendo insuportável.
Joguei o meu celular no chão, me deixei cair ao chão, o meu segundo amor tirando a cama é o chão. Abri um sorrisinho olhando pro teto.
- Bárbar... - A porta se abriu, esse garoto não se cansa de mim não?
Joguei a primeira coisa que vi em minha frente, uma almofada. Não me perguntem porque eu tenho uma almofada em meu quarto, eu também não sei.
- Você vai arrumar a casa! - Ele sorriu.
O QUÊEE? Eu mal arrumo o meu quarto e esse projeto de girafa quer que eu arrume a porra toda? Que tipo de garoto é aquele? Eu tenho cara de empregada? Não? Eu sei.
- No seu sonho. - Olhei para ele, não me levantei.
- É sério, te dou vinte pratas. - Vinte pratas, sério??!
- Não. - Resmunguei.
- Trinta. - Neguei.
- Quarenta. - Neguei.
- Cinquenta. - Neguei.
- Cem. - Neguei. - Porra, o que você quer?
Me levantei, minha roupa subiu, eu a puxei para baixo.
- Trezentas pratas mais quatro caixas de sorvete. - Ele me encarou. - É muito serviço para mim, é claro que no final quero ter os meus bebês.
- Bebês? - Confuso.
- Se eu quiser chamo as minhas caixas de sorvete de Roduem.
- Roduem? - Ele riu. - Fechado!
Abri um sorriso, logo se desfez, vou ser uma empregada, oh no!
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Nada melhor do que se vestir como uma anta velha, calça rasgada, blusa regata, sem chinelos, e virar uma empregada de casa. Erick me entregou o rodo, espanador, vassoura e todas essas babozeiras.
- Você tem sorte de me dar depois trezentos reais e os meus bebês. -Puxei a vassoura e as babozeiras todas.
A sala estava mais que uma bagunça, lata no chão, papel também e essas coisas tudo. Erick e um porco. Merece morar em um chiqueiro da vida. Idiota. Faz todas as cagadas e depois quer que eu limpe. Idiota.
Vocês acham que eu limpei a sala? Catei tudo que é latinha, papel, amassei em uma só bola, e joguei atrás das almofadas, deixei uma surpresinha para ele. Sem contar que, a sala fez um cosplay de rio.
Nada melhor do que ver sua sala toda inundada de água com sabão, não me pergunte como fiz isso, apenas precisei de um balde gigante com sabão e água, fim. Crianças, não façam isso em casa.
Próxima parada; Quarto do Erick. Como eu pensei, porta encostada, quarto escuro, Erick deitado na cama, dormindo de preferência. Cheguei com poucos passos, lentamente, me erquivei para uma lixeira, peguei-a com todo cuidado, fui em direção a cama dele, joguei tudo.
Ele não acordou.
Ele é uma pedra.
Que tipo de pessoa que não acorda com uma chuva de bolas? Não, não pensem outra coisa. Sou uma garota meiga, não penso besteradas.
Peguei o mesmo balde, por minha sorte havia um pouquinho de água, sorri. O quarto de Erick iria ter um novo visual, visual de mar, visual de esgoto.
- BÁRBARA. - Ele berrou quando joguei água nele.
Que garoto mimado, nossa!
- Oi? - Olhei para ele como se eu não tivesse feito absolutamente nada.
- Q-que isso? MEU QUARTO VIROU ESGOTO!!! - Ele me olhou feroz, se levantou.
Vai para sala, pensei. Ele foi. Gritou. Eu ri.
- Você pediu para eu limpar, limpei jogando água. - Fui para a sala. - Cadê meus trezentos e meus bebês?

Bárbara (Correção) Onde histórias criam vida. Descubra agora