Capítulo dezenove

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Peguei os meu caderno, calcei uma sapatilha roxinha, ajeitei o cabelo, e pronto, estava pronta para ir para a aula. Acordar cedo é uma guerra, principalmente quando está frio, digo, não creio que há pessoas no mundo que gostam de acordar cedo.
Fui em direção à cozinha, esperava o mais lindo pacote da minha bolacha favorita, mais não foi bem isso. Revirei os armários e nada de achar, até que vejo um armário branco, sem ao menos esperar, abri-o.
Se tinha? Havia o saco de bolacha, SÓ O SACO. Algum viado, que eu sei quem é, deve ter saboreado as minhas bolachas. O que fizeram com você, Gonoflelda?
Peguei o saco, amassei, fui para a sala porque saberia que o panaca do Erick estaria lá, mexendo no seu amado celular. E ali está ele, deitado no sofá, comendo aquelas barrinhas de cereal. Como eu odeio aquilo.
- VOCÊ TEM CINCO SEGUNDOS ANTES DE MORRER. - Me apróximei, é claro que eu estava gritando.
- Que foi? - Ele falou em um tom suave, calmo, como se não tivesse acontecido nada.
- QUE FOI?! QUE FOI VAI SER A MARCA DA MINHA MÃO NESSA CARA DE BUNDA SUA. - Berrei mais ainda. - O QUE FEZ COM A GONOFLELDA?
Ele me olhou sem entender nada, como sempre.
- Olha só panaca, eu estava à procura das minhas filhas, massa crocante, chocolate preto... - Fiz uma cara de paraíso, logo fiquei séria. - E ACHEI SÓ O SACO, IDIOTA.
Ele olhou para o saco que estava na minha mão, riu. Querido, tenho cara de palhaça para você rir? Não? Eu sei, boboca.
- Ah, as bolachas. - Ele sorriu. - Eu estava com fome e...
Que cara de pau, ninguém come as MINHAS bolachas, ninguém!! Já estava morrendo de raiva o suficiente para eu dar um tapa naquela cara de anjo.
Dei um tapa em seu rosto, e assim me virei, ouvi uns 'aaaaaaai! as bolachas eram ruins, mesmo' e eu me exaltei.
- NINGUÉM COME AS MINHAS BOLACHAS, E NINGUÉM FALA MAL DELAS. - Me virei, dei um ótimo tapa em seu rosto.
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- E esse vermalhão aí? - Feijão olhou para o rosto de Erick.
Estavámos no intervalo, depois de três aulas tediosas com as matérias que eu não suporto nem morta, estavámos livres, finalmente!
Vitória estava comendo o seu lanche enquanto falava comigo, digo, aquela garota é das minhas. Super foda, mais super mesmo. Quero casar com ela.
- É que ele é um palhaço. - Me interferi no assunto deles. - Quem come as minhas bolachas, pode apostar, é um homem morto.
- Por que não o matou? - Daniel, o nerd que não é nerd, olhou para mim.
- Porque se eu tivesse matado ele, não teria ninguém para irritar. - Sorri. - E ser o meu mais novo saquinho de pancadas.
Eles riram, inclusive Erick, sim Erick riu. Ele parecia estar de bom humor, não sei porque.
- Gracinha. - A voz mais insuportável do mundo, digo, a loira capivara, se apróximou de Erick, colocando suas mãos em seus olhos. - Senti sua falta, amor.
Quem aquela capivara-humana pensa que é? Eles não haviam terminado? Que garota tosca, não vou mentir, me mordi de raiva vendo os dois se beijarem, é os dois se beijaram, na frente de TODOS da mesa.
Não me comportei, como sempre, joguei uma geleia, que nem parecia ser uma geleia e o que sei lá era, nos dois. Só que caiu mais e na capivara-humana, o que fez eu, e todos do refeitório rir. Plano completo.
- Sua idiota, eu vou te matar. - Ela olhou para mim, eu era a que mais ria.
- Vai mesmo? - Me levantei. Ela deve ter ficado com medo, pois se escondeu atrás de Erick. - Vai me dizer que essa capivara-humana é medrosa?
A capivara-humana, digo, a capivara olhou para mim com olhar de desdém.
- Ao contrário de você, sou uma medrosa com um ótimo namorado. - Eles se beijaram dessa vez.
Bruxa, vadia, puta, vou matar ela. Isso era o que eu não conseguia parar de pensar, estava com tanta raiva, que nem eu sabia o motivo, que eu queria pegar a faca de Vitória e cortar a cabeça dessa capivara.
- Belo namorado, tão galinha quanto a própria namorada. - Dessa vez, não foi só o pessoal da minha mesa que falou 'uu', foi todos do refeitório, o que me fez sorrir.
Eles pararam de se beijar, Erick olhou para mim com um olhar de 'na moral, corre, ou se não te esfaqueio' e a capivara não sabia o que falar.
- Amor, faz alguma coisa... - A voz ficou mais irritante do que já era.
- Você nem tem moral de vim aqui tretar comigo, e acha que seu namorado tem o direito de vim aqui? - Olhei para os dois. - Me poupe, criança, agora vaza daqui, ou eu pego a faca que está com a Vitória e comento um assassinato bem aqui.
Ela correu na mesma hora, é claro que tinha que puxar o Erick junto. Me sentei, os meninos, digo, Feijão e Daniel, olharam para mim. Vitória sorria.
- Eu vou matar aquela vadia. - Sorri, estava ainda puta da vida.
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- Por quê? - Dessa vez, estava apenas eu e Vitória andando na rua, fomos liberadas a pouco tempo, Erick havia saído junto com a namorada, sem ao menos me esperar. - Por que você fez aquilo tudo só porque a nojenta beijou Erick?
Por essa eu não esperava, na real, eu nem sei o que dizer, porque nem eu sei porque fiz aquilo.
- Aquela vadia me dá aos nervos. - olhei ao meu redor. - Afinal, para onde estamos indo?
- Ela também me dá, mais nem por isso faço aquilo. - Ela virou à esquina, indo direto para uma ruazinha. - Acho que você gosta do Erick.
É para rir? Porque eu ri. Olhei para ela com um olhar de 'você tá bem?' e ri de volta, ao contrário dela que estava séria como uma estátua.
- Eu. Gostar. Dele? - Ri mais ainda, faltava cair no chão. - Não, eu odeio ele.
- Amor e ódio andam juntos. - Ela sorriu.
- Tá, mais... - Olhei para ela que parou em minha frente. - Ódio e amor se odeiam.

Bárbara (Correção) Onde histórias criam vida. Descubra agora