Capítulo vinte e cinco.

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Ultimamente sinto algo mudar entre eu e Erick, não mudar de namorar e tudo mais, mais aquele sentimento de ódio que eu tinha sobre ele, mudou, e mudou rapidamente. Todos os dias sinto uma vontade enorme de abraçar-o, de pular em seus braços e ir direto para a boca. Não. Não estou apaixonada. Nunca vou estar, never.
- Olhando para onde? - Erick apareceu pela porta do quarto.
- Eu não te dei permissão alguma de entrar no meu quarto. - Virei meu corpo para olhar-o. - Veste uma blusa.
- Por quê? - Ele abriu um sorriso malicioso, perveso.
- Por que não estou afim de olhar para esse tronco de árvore, não há músculos algum. - Olhei de novo, desviei para o seu rosto. - Como alguém pode te beijar?
Eu menti, menti bonito. Ele havia um bonito tanque, se é que vocês me entendem.
- Desse jeito. - Ele me puxou pela cintura sem ao menos eu me mexer, ele abriu um sorrisinho e me beijou.
É, acho que não é só eu que gosta de cair aos beijos com ele.
Minha mão pousava em sua nuca, arranhava na verdade, suas mãos estavam ao redor de minha cintura, estava quase caindo na cama, até que eu dei por mim. Empurrei-o.
- Saía. - Olhei para ele, seriamente.
- Mas... - Ele me olhou, passou sua mão em sua boca. - Vim para avisar que amanhã não teremos nada, apenas isso.
Ele se virou, foi para a sala, estava vendo um programa cafona, digo, cafona e muito escroto. E antes de vocês se perguntarem como é que eu sei, é que o apartamento estava em um silêncio que até um barulho do andar de baixo daria para ouvir.
Tirei o short, estava apenas com uma blusa que vinha até o meu joelho, era mais um vestido do que blusa. Era a blusa do meu pai.
Sim, eu tenho uma blusa do meu pai. Antes dele sair de casa, havia separado as suas roupas, ao ver que uma blusa preta, que era a minha preferida, estava em minhas mãos, corri para o meu quarto e a guardei. Meu pai não ficou sabendo, muito menos à minha mãe.
Coloquei minhas pantufas de unicórnio, me joguei na cama, fechei os olhos e dormi como se eu fosse uma pedra.
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A claridade batia direto em meus olhos, o que é um mal jeito para se acordar. Olhei para o meu celular, em cima da cama, e apertei o botão do meio para abrir o menu. Eram onze-horas.
Havia duas ligações perdidas, uma da minha amada e querida mãe, e outra do Matheus. Ele não se cansa não?
Não pude nem respirar direito, o celular tocou, vi pelo visor que era a minha mãe. Peguei-o.
- Que foi? - Resmunguei.
- Preciso falar com você. - Parecia ser algo sério, sua voz não estava de preocupação, muito menos de alegria.
- Aconteceu algo? - Olhei para o teto.
- Sim. - Ela pausou, pareceu olhar para algum lugar, respirou fundo. O negócio deveria ser sério. - Temos um bebê para cuidar.
Bebê? Watafuq? Mãe engravidou? Não, never.
Vamos se dizer, eu engasguei com a própria baba da minha boca.
- O QUÊ? - Gritei. - VOCÊ ENGRAVIDOU?
- Não. - Sua voz estava de preocupação agora. - Por incrível que pareça, esse bebê é do seu...
Pai?! Não.
- Pai. - Ela pausou. - Ele engravidou uma pobre jovem, e ele deu informações para ela, ou seja, sobre a sua antiga esposa que o amava com todo o amor que existia nela, e a famosa filha rebelde.
- Ele fez o quê? - Minha cara ficou vermelha, vermelha de raiva.
- Preciso da tua ajuda para cuidar do seu irmão... - A ligação estava péssima.
- Não. Ele não é o meu irmão, muito menos nada seu. - Olhei para o teto enquanto falava. - Você vai cuidar dele porque você é burra, muito burra. Não vou para casa, se é isso que quer que eu faça.
- Mas... - Não a deixei falar.
- Eu não vou abandonar os meus estudos, a minha vida, tudo que eu consegui aqui para ir aí para cuidar de um bebê que nem meu irmão é direito, eu não vou. - Berrei. - E se você fosse mulher de verdade, entraria com isso na justiça. Tchau.
Desliguei sem nem ao menos ela me responder. Estava de cabeça quente, muito mais muito quente. Como sempre, a mãe sempre retorna a ligação. Não aceitei, desliguei.
Pulei ao chão, foda-se os vizinhos de baixo, e fui correndo em direção ao banheiro. Abri o chuveiro, dei dois passos longos, entrei e pronto. Agora, é relaxar.
Gotinhas e mais gotinhas descobrindo mais sobre o meu corpo, um corpo chato e sem graça. Olhei para a janelinha que havia ao banheiro, a menor possível, e fiquei olhando aquele vidro lotado de sujeira. Vidro é igual à mim. Ele se quebra fácil, mais seus pedaços podem ferir alguém.
Desliguei o chuveiro, deveria ter se passado uns trinta minutos dentro daquele banheiro, enrolei uma toalha branca em volta ao meu corpo, abri a porta do banheiro, agachei e peguei uma blusa regata rosa, uma saia jeans branca, e por fim, amadas sapatilhas roxas. Peguei o pente, fiz uma trança de qualquer jeito e saí do quarto.
Eu não esperava por isso. Não agora. Meu coração atacou quando vi que Erick estava pendurado em uma garota, uma ruiva dessa vez. Qual é o problema dele? Idiota, eu o odeio.
Estava com uma puta raiva, puta mesmo, se eu visse uma faca a usaria para cortar a cabeça dessa ruiva idiota. Só que, o que vi em minha frente era uma jarra, uma jarra de vidro. Um sorriso maligno abriu em minha boca. Peguei-o sem fazer barulho, missão concluída, e me dirigi ao sofá em que eles estavam. Sem querer, só que não, joguei na cabeça da ruiva.
- Ops! - Olhei para a ruiva que olhava para cima até me ver, colocou a mão em sua cabeça.
Erick me fuzilou pelos olhos, estava sem camisa, e pela minha sorte ele estava de calça também.
- O que você está fazendo aqui, querida? - A ruiva me olhou, acho que estava forçando a voz, porque era tão escrota como o cabelo dela.
- Querida, eu moro aqui. - Me inclinei para olhar o seu cabelo. - Agora, se eu fosse você, vazava daqui pois irei adorar fazer uma sessão de cabelo nessa bagaça que você diz que é cabelo.
- Não acredito. - Ela sorriu. - Ele mora sozinho, piranha.
- Ele MORAVA sozinho, agora se quer sair viva dessa merda, saía logo daqui, bitch. - Gritei.
- Quero ver quem vai me tirar. - Ela me olhou com um olhar de 'vai encarar?'
Só o que me faltava.
Erick estava de boa na lagoa, não fazia coisa alguma, nem ao menos expulsar a garota dali.
Dei a volta para me encontrar com o seu rosto, sentei-me em sua frente, peguei aquele rosto que parecia ser de um morto.
- Olha só garota, eu não estou com a mínima paciência de ter que aturar garotinhas fúteis igual a você. - Apertei o rosto dela. - Se não sair daqui, eu juro que corto cada órgão seu e te faço comer, agora, ou vaza ou coma seus órgãos, idiota.
Ela se levantou apressadamente, pegou a sua bolsa, jogou um olhar de matar para Erick e saiu.
Olhei para ele, dei um tapa em sua cara, ele acordou.
- Qual seu problema? - Gritei. - A casa é minha, não quero que chame garotas para cá.
- O problema é que você acha que é durona, mais não. - Ele apontou para mim. - Você é uma boba. Uma idiota. É uma comum.
Idiota, vagabundo, isso que eu conseguia pensar dele.
- Sou mesmo, e quer saber, foda-se tem gente que gosta. - Me levantei.
- Quem? - Vi que seus olhos se encheram de raiva, ódio. - QUEM?!
- Alguém que me trate bem, ao contrário de você. - Me virei, suas mãos me puxaram. - Você é patético.
- Quem é o cara? - Ele berrou.
- Alguém muito melhor que você, solta ela. - A voz de Matheus soou pela sala.
Watafuq? Minha casa virou entreterimento? Como entrou aqui?
- Ah, não solto mesmo não. - Erick berrou, apertou ainda mais, dei um chute em seu estômago. Caiu.
- Não pense que pode ser melhor que eu. - Me viro para Matheus. - Quem você pensa que é? Não deixei você entrar.
- Não preciso de permissão para te ver.. - Ele abriu um sorriso, minha raiva aumentou. - Você está bem?!!
Me apróximei dele, nada que quatro passos longos e extensos não dê uma expressão de 'vou lhe matar'
- É claro que você precisa de permissão para entrar, eu não sou sua amiga. - Encarei-o. - Não sei de onde você tirou isso, mais eu quero que suma da minha frente, AGORA.
- Mas...
- Eu não quero te matar, nem ao menos te dar murros. - Olhei firme para ele. - Tchau.
Ele correu, correu até o elevador e ficou apertando toda hora os botões, até que o elevador chegou. Bati à porta.
Dessa vez, Erick estava de pé, me olhava com raiva aos olhos.
- Se ouser fazer algo comigo, eu te mato. - Olhei para ele.
- Não irei fazer nada. - Ele deu um meio-sorriso. - Apenas esse ciúmes bobo faz com que você enxergue coisas que não são reais.
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- Oi... - Após ligar umas 92829282929292928282 vezes para o Matheus, todas as vezes ele recusou, ele atendeu uma. - Me desculpa!
- Pelo?!! - Sua forma de falar estava sem graça, sem sal.
- Por hoje, estou pertubada, não liguei para sentimentos e nem nada, me desculpa, nada que eu falei é verdade, eu te odeio mais ao mesmo tempo gosto de ti como um colega meloso e muito meloso. - Não sei como ele conseguiu entender. - Me desculpa?!
- É claro. - O que eu mais queria ouvir, ouvi. - Quer tomar um café?
- Não, preciso ir. - Não queria sair com ele. - Tchau.
Desliguei o celular, o mesmo tocou cinco segundos depois de eu desligar-lo. Nossa, hoje todos decidiram me ligar em.
Olhei para o visor. Vitória.
- Você vai sair comigo hoje para ir para o café... - Após atender, falei. - Agora.
- Até mais então. - Ela desligou.
Breve e pequena conversa.

Bárbara (Correção) Onde histórias criam vida. Descubra agora