Capítulo cinco.

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- Aqui não tem nada pra comer não? - Abri a geladeira, e então pude ver que ela estava vazia.
- Como o que é necessário. - O garoto apareceu atrás de mim.
Dessa vez, o mesmo já havia colocado uma blusa, que sinceramente, dei graças a Deus.
Bati a porta da geladeira com a maior força, fiquei em sua frente.
- Não quero ter mais uma mãe para falar o que posso ou não comer. - Dei um sorriso cínico. - Afinal, me livrei de uma.
- E o que eu tenho haver com isso? - Ele se inclinou para uma caixa, e foi então que tirou um toddynho. Suspirei.
- O que você tem haver com isso é que isso daí, é meu agora. - Peguei o toddynho, e foi então que me virei em direção ao meu quarto.
- Você é uma idiota. - Berrou.
Me virei. Não era idiota, só era apenas um caso raro de ser alguém foda misturado com alguém super foda.
- E meu namorado é o Batman. - Me virei de novo.
Não ouvi mais nada, sem ser algumas risadas, e então fui em direção ao corredor, fui até a minha porta, abri-a.
Não que eu iria arrumar aquela bagunça de roupa do meu quarto, eu não tenho mais mãe para conviver, pai para falar abobrinha e primos idiotas pegando as minhas roupas íntimas para fazer gracinha. Por mim, tudo aquilo ficaria jogado.
Dei um belo pulo na cama, peguei o meu celular que incrível que pareça, ele estava no bolso do jeans que eu usara quando vim para cá, entrei no whatsapp.
Como imaginei, umas quinhentas mensagens no máximo, a maioria era do grupo da família em que a minha não calava a boca perguntando se eu cheguei bem e blábláblábláblá. Alguns amigos meus, o Matheus por exemplo, havia me enviando mensagens também, só que eles não sabiam que eu estava a mais de uma hora deles, convivendo com um garoto que pode ser ou não, um estrupador de garotinhas indefesas.
Responder é a vóvozinha, só visualizo aquelas mensagens e se depender do meu humor eu respondo algumas. Peguei os meus fones, não tão longes de mim, e conectei ao meu celular, selecionei qualquer música e pronto, tudo lindo.
- Você deveria fazer alguma coisa melhor do que ficar deitada nessa cama. - O garoto chegou na porta do meu quarto. - Meu nome é Erick.
Olhei para ele.
- Você deveria cuidar da sua vida, numa boa. - Sorri. - Agora, vaza daqui, Erick.
Ele revirou os olhos.
- O apartamento é meu. - Sua voz era grossa. - Fico na onde que eu quiser, e quando eu quiser.
Ele havia dado um passo para frente. Me levantei, foi então que eu apareci em sua frente.
- Olha lindinho, o apartamento era seu quando você assinou o contrato. - O que não era mentira. - Agora, o apartamento é meu e seu.
- Mas quem paga o apartamento inteiro sou eu. - Sua voz saía grossa o bastante.
- Óbvio. - Olhei nos seus olhos cor de chocolate. - Você não vai querer discutir com a Bárbara Pierce, ou vai?
- Uma menininha como você? - Ele riu.
Eu nunca fui de levar desaforo, principalmente de garotos, eles deviam ter algum tipo de medo de mim, só pode. Ergui a minha mão até o seu rosto, dei os tapas dos tapas, óbvio.
A bochecha dele ficou vermelha, escapei uma bela e alta risada. Ele me olhou com um olhar de que 'eu te mato' e abri um sorriso de 'vem cá, machão.'
Quando ele ia erguer a sua mão para acertar o meu rosto, a segurei.
- Que tipo de homem você é? - Ele me olhou sem entender nada. - Digo, homem de verdade não bate em mulher.
Ele ficou vermelho de raiva, dei um daqueles sorrisos tradicionais que significava 'ganhei boboca' e bati a porta em sua cara.
A janela estava aberta, percebi que dava de frente em uma avenida que estava movimentada, os carros buzinando pros ônibus, os caminhões de redes famosas também, enfim, uma bagunça só que não significava nada para mim.
Olhei para o fundo do quarto, uma porta branca, deveria ser o banheiro, óbvio. Abri-a sem pensar duas vezes e dei de cara com um banheiro que vamos se dizer, mais bagunçado do que o meu antigo. Bati a porta.

Bárbara (Correção) Onde histórias criam vida. Descubra agora