Capítulo 6

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Depois de voltar a comer o salão voltou ao seu barulho normal mas interrompido por um uivo que me era familiar.

Nele continha dor, medo, solidão, luto e fracasso. Virei lobo na hora e uivei com todas as minhas forças tendo como resposta outro uivo mas mais fraco.

-Luna!- gritei.

Corri para fora do castelo o máximo que pude junto com a ajuda dos ventos. Entrei na floresta seguindo o cheiro da Luna, fui entrando e correndo até passar na metade mas hesitei uma vez que a floresta estava completamente preta. Morta. Ignorei isso e continuei correndo até ver o pêlo de Luna rodeada por sua alcateia.

Voltei para humano e trouxe os lobos até mim rodeando-os com os meus braços. Concentrei-me um pouco, um brilho prateado envolveu-nos e foi cessando ao mesmo tempo que sentia respirações contra meu corpo.

Afastei-me e deixei-os sair de cima de mim, olhei á minha volta, as árvores estavam sem folhas e secas, a grama estava preta enão se via ou se ouvia animais.

-Já volto- falei.

Levantei-me e toquei na árvore mais próxima com a minha mão.

Ao tocar um frio percorreu meu corpo seguido de uma sensação de que algo mau esteve aqui.

Concentrei-me e deixei as minhas memórias felizes virem à tona. O frio foi substituído por uma sensação calorosa e acolhedora então deixei-a fluir para a árvore e para a terra.

Ao fim de uns minutos assim abri os olhos, foquei-os na floresta verificando que funcionara e olhei para lobos que fintavam-me. Sentei-me no chão encostado á árvore.

-Agora contem-me o que aconteceu- ordene.

-Nós estavámos a caçar o jantar,- começou a Luna- quando os pássaros param de voar e começaram a cair, depois a grama ficou seca e as árvores murcharam. O primeiro a cair foi o Tiago, depois o Jack, aí eu chamei por você, depois o Pedro, o Carlos e a Harley caíram. Eu tentei lutar cotra aquilo mas era como se estivesse roubando a minha força e sugando a minha vida.

-Ok, mas vocês não vão voltar para esta parte da floresta nunca mais, ouviram?

Eles concordaram e seguiram para a minha frente caminhando até passar para a outra metade da floresta.

Antes de partir criei um uma caverna de mármore espaçosa um lago de água cristalina no interior.

Depois despedi-me deles e afundei-me nas minhas perguntas.

O que aconteceu na floresta? Será que foi o mal que fez isto? Serão estas as suas intenções? O que ele quer com isso? O que ele ganha com isso? Porque ele tirou a vida de todos?

Cheguei ao Salão Principal e nem me dei conta que já estava sentado até o Noah chamar minha atenção.

-Am? O quê?- perguntei virando-me para ele.

-O que aconteceu Cam?- perguntei ele- Num minuto estavas aqui no outro estavas a correr para fora do Salão. E agora parece que nem sabias que estavas aqui. O que aconteceu?

-Tá

Virei-me para ele e levantei minha mão em direção da sua testa ao mesmo tempo que um brilho branco se formava em meus dedos.

Ao tocar o brilho se intensificou um pouco e deixei a memória do que aconteceu a partir do momento em que se ouviu o uivo de Luna até sair da floresta.

-Feliz?- perguntei voltando para meu jantar.

-O que raio aconteceu para a floresta ficar daquele jeito?- ele perguntou.

Dei os ombros.

-Não sei- respondi.

Voltei para o meu jantar que comi num silêncio absoluto uma vez que estava submerso na minha mente até uma voz estranhamente familiar chamou-me.

Olhei ao redor buscando a origem da voz e deparo-me com uma senhora de cabelo negro, pele pálida, corpo com algumas curvas, olhos roxos e lábios rosados finos.

Minha cara iluminou-se mas  fechou-se ao perceber quem ela era.

-Ahh és só tu- falei com desgosto olhando para ela.

-Só eu?- ela perguntou.

-É, só tu- falei.

-Cam- chamou-me o Noah- Com quem estás a falar?- perguntou ele claramente preocupado.

-Não se preocupe, baixinho- falei agora me virando para ela- Não é ninguém.

As feições delas mudaram para uma cara ofendida e irritada.

-Ninguém?!- ela perguntou- Eu sou a Lua. A tua mãe!

-Podes ser. Mas também és a razão de tudo isto que está a acontecer não é mesmo?

Sua expressão suavizou e ela  acalmou-se.

-É sim.

-Então a que eu devo a honra de estar na sua presença?- perguntei olhando para o meu prato.

-Eu tenho informações.

Cruzei os braços agora olhando para ela.

-Então é bom que valham a pena porque agora todos acham que estou louco.

-Eu sei quem fez aquilo com a floresta e à Luna.

-Tens a minha atenção, continua- falei fazendo um gesto com as mãos.

-Como tu sabes a Lua tem duas faces a que os humanos vêem e a que eles não vêem. Eu habito no lado visível da Lua a minha irmã, Noite, habita do outro lado dela. Ela fica lá e só desce para vir á Terra a cada 5.000 anos. Mas ela odeia-me por eu ter ficado com o lado brilhante então quando ela sai ela tenta estragar o meu trabalho aqui na Terra.

-Tá, já percebi onde queres chegar não preciso de uma aula sobre o teu trabalho aqui, o livro que me mandaste já fez todo o trabalho- falei juntando as peças do quebra-cabeças.

-Então já sabes quem está a fazer isso?

-A tua irmã- respondi.

-Garoto esperto, mas tem cuidado ela é poderosa mesmo na sua forma humana.- falou ela em tom de alerta.

-Ok já percebi, agora podes ir embora, por favor? Quero acabar o meu jantar depois de tanta coisa, mal consegui comer.
-Se é o que tu queres eu vou.

-É o que quero.

-Não queres dizer-me mais nada?

-Por acaso quero, sim.
-Então diz.

-Eu odeio-te - falei com raiva.

-Eu entendo isso mas saiba que eu fiz o que pude para te ajudar.

-Como? Tu nem estavas lá.
-Mas eu ajudei-te, fui eu quem fiz a Luna ir ter contigo, fui eu quem disse ao Luca para te contar e ajudar com o mundo mágico.

-Podes ter ajudado mas não da maneira que eu queria- admiti.

-E que maneira era essa, Cameron?

O Filho Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora