Capítulo 20

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Cameron narrando
Quando olhei para o auror em vez de vê-lo na minha frente, vi a deusa Noite.

Cerrei o punho enquanto mantinha a minha expressão fria para ela.

-Passei no teste?- perguntei.

Ela abriu um sorriso cruel e divertido como eu adoraria arrancá-lo da sua boca pensei.

-Claro que sim.- respondeu ela.

-Cameron é ela?- perguntou-me o Noah com um olhar preocupado enquanto agarrava o meu punho fechado.

-Ohh. Que bonito!- interrompeu ela- Mas será que ele ainda te olharia assim se soubesse o que fizeste?- perguntou retoricamente enquanto o seu sorriso divertido aumentava.

-Não tentes- respondi com raiva mas minimamente calmo.

-Mas será um prazer.

Falado isto ela atirou um pequeno raio negro na direção do Noah acertando em cheio. .

Os seus olhos perderam o foco como se ele não estivesse com a mente ali mas sim noutro lugar.

-Não- falei aproximando-me dele com o ar a esvaziar-se dos meus pulmões.

Os olhos dele voltaram segundos depois piscando algumas vezes enquanto ele focava o olhar em mim.

Ele começou a recuar devagar com medo nos seus olhos e não aquele olhar carinhoso que sempre me dirigiu.

-Não, por favor- falei tentando aproximar-me dele que recuava a cada passo que eu dava.

Ele deu as costas correndo para a saída enquanto eu voltava-me para a Noite que desapareceu.

-Não- falei mais uma vez não acreditando no que aconteceu enquanto sentia os meus olhos se encherem de lágrimas.

Então sai daquele lugar para a clareira usando um feitiço de tranporte e levando com a brisa noturna na cara ao mesmo tempo que as árvores balançavam com o vento.

Sentei-me no chão encostando o meu corpo na árvore mais próxima afundando-me nos pensamentos.

Eu não culpava o Noah, eu não culpava a Noite por mais que eu quisesse eu não conseguia. Eu culpava a mim mesmo. Por tudo o que fiz, por tudo o que não fiz.

Eu fiz coisas horríveis enquanto era uma criança descontrolada que não sabia o nível de poder que tinha. Eu feri pessoas, pior eu matei pessoas.

Todos os dias eu carrego essa culpa, essa dor, aos poucos o peso diminuiu um pouco devido há ausência de pesadelos que me assombrovam todos os dias depois de tais feitos mas a partir daquele dia os pesadelos voltaram com forças e cada vez piores.

Eu não dormia, eu não comia, não me importava com nada.

Entrei, novamente, em depressão, não daquela em que me machuco mas aquela em que por mais que tento não se consegue voltar para a luz entrando cada vez mais na escuridão que tanto mantinha afastada.

Os dias foram passando, nem a Noite nem a Lua haviam me visitado. Sempre me mantinha atento para algo anormal no mundo bruxo e no mundo trouxa. Sempre mantinha a minha mente afastada do Noah mas por mais que tentasse eu sempre acabava voltando para ele.

O Noah se afastou de mim então o mesmo aconteceu com os seus amigos deixando-me ainda mais solitário.

Mas desta vez era diferente de todas as vezes que ficava sozinho, eu sentia-me vazio, sem ninguém para falar, para me fazer rir, antes dele eu não tinha isto e não se pode sentir falta de algo que não se teve mas agora eu experimentei cada uma delas e agora eu sinto cada vez mais falta disso.

A cada dia que passava mais eu não via a tão conhecida luz no final do túnel, entrando cada vez mais dentro do mesmo. Cada dia que passava mais eu não comia, cada dia que passava eu não dormia pela intensidade dos pesadelos, mais o meu corpo parecia cada vez mais pesado até ao ponto de uma vez desmaiar e levar com um discurso enorme sobre os cuidados que devemos ter com o corpo da Madame Pomfrey.

Todos falavam sobre a súbito afastamento de mim e do Noah, todos tinham as suas teorias mas nenhuma chegava perto.

Eu via o Noah ao longe e pude notar a falta daquele brilho nos olhos quando fala sobre um livro e as suas teorias para o resto da saga, a falta do seu sorriso que fazia o tempo parar pelo menos para mim.

Os autores permaneceram em Hogwarts durante mais uma semana e sempre que podiam enchiam-me de perguntas das quais eu sempre ficava calado e seguia o meu caminho.

O Natal chegou e as férias também. Passei as férias cá como todos os anos mas desta vez diferente da outras eu não estava feliz e o tempo concordava comigo enchendo o céu de nuvens cinza e o vento uivante que ameaçavam o começo de uma tempestade.

Não tardou que a tempestade começasse, os ventos fortes podiam ser ouvidos por todo o lado, a chuva batia forteme nas janelas procurando um ruído irritante ao fim de alguns minutos.

Parte de mim achava aquela tempestade estranha uma vez que não havia previsão para um temporal assim, mas também havia parte de mim que queria acreditar que era só uma tempestade normal.

Os alunos foram obrigados a passar as festividades aqui uma vez que a tempestade não permitia a saída dos alunos pelo comboio porém alguns saíram via pó flú já que as suas famílias tinham lareira.

A cada segundo o meu nervosismo aumentava, eu nunca gostei de tempestades elas me deixavam nervoso o que fazia me ativar os instintos que tenho e também porque sempre que uma ocorria algo de mau acontecia durante elas especialmente envolvido comigo.

Neste momento falta uma semana para o ano novo e eu estou sentado no salão comunal a ler tentando me distrair do temporal.

Senti uma presença aproximar-se de mim levantei o olhar e encarei os olhos verdes do Noah juntamente com o seu cheiro a baunilha que eu conseguia

-Eu não quero discutir- falei pousando o livro e com cansaço na voz uma vez que não a uso muito e meu corpo está mal.

-Eu não vim para discutir. Eu vim para me desculpar- falou ele.

-Não faças isso por pena, Noah, será pior.

Ele sentou-se ao meu lado e olhou para mim com aqueles olhos verdes. Notei arrependimento, dor, culpa, cansaço mas esperança estava lá pequena mas estava.

-Podemos falar a sós?- ele pediu.

Levantei-me e caminhei até ás escadas dei um breve olhar para o Noah que se levantou e vejo até meu lado subindo.

Subimos, fechei a porta e coloquei um feitiço de privacidade para ninguém nos interromper tudo no mais absoluto silêncio.

O Filho Da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora