12 - A Conversa

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-  Para de maluquice Alice! Até parece que alguém dentro da delegacia teria algo a ver com o assassinato da nossa mãe.
Eu realmente gosto muito da Mel, mas sua burrice as vezes não tem limites. Eu já tinha tentado acessar aqueles arquivos algumas vezes e posto o Rato pra tentar acessar e nem mesmo ele conseguiu pôr as mãos na investigação. Então, eu fiz o que qualquer pessoa sensata faria: paguei um policial para me dar acesso aos arquivos. Não foi barato e pra piorar, não tinha quase nada que eu pudesse usar. Pensei que a Mel teria mais sucesso.
-  Mel, não tem outro motivo pra esse arquivo tá desse jeito.
-  Pode ter tido um erro... Uma pane...
-  Erro, é ta escrito assassinato com ç. Acidente de trabalho é omissão. Tão tentando esconder algo... E outra. Mel, se tivesse uma pane, o arquivo estaria corrompido e não com algumas coisas faltando, como por exemplo o local onde foi achado o corpo da Sara e as provas.
-  Como se uma prostituta pudesse saber de alguma coisa sobre investigação.
-  Talvez eu saiba mais de investigações que você.
- Até parece… Eu fui TREINADA para investigar, esse é o meu trabalho! E o seu trabalho é…
-  Satisfazer meus clientes.
Tecnicamente, eu não estou mentindo pra Mel. Matar meus alvos deixa meus clientes satisfeitos. Na verdade eu sou procurada por conta dos meus métodos de assassinato. Toda vez que eu sugo energia demais de uma criatura, ela vai lentamente definhando e morre de inanição. É um processo lento, doloroso e, em vampiros, irreversível. Depois que eu consumo toda a energia, sobra apenas uma casca, sem vontade alguma.
-  Satisfazer meus clientes exige muita investigação… Saber do que eles gostam, do que não gostam… Essas coisas, são coisas que não se aprendem na academia de polícia.
Alice fez um beicinho e sentou de pernas cruzadas no sofá.
-  Você é inacreditável, sério.
-  Mel, olhe os fatos: o caso foi adulterado, certo?
-  Certo.
-  Ninguém de fora tem acesso, certo?
-  Certo.
-  É só somar dois mais dois. Alguém da própria polícia que adulterou.
Mel ficou me olhando por um tempo, como se estivesse me analisando ou algo do tipo.
-  Digamos que eu concorde com você, o que deveríamos fazer agora?
-  Primeiro, devemos encontrar o arquivo original. Eu sei que tem um arquivo escrito a mão ou algo assim, certo? Igual nos filmes.
-  Deve existir sim… Talvez esteja no almoxarifado… Com os outros casos arquivados.
- Tenta descobrir quem foi o investigador da morte da Sara, talvez isso nos ajude a esclarecer o porque do arquivo está todo cheio de inconsistências. E outra coisa, Mel… E aquele caso que te pedi pra ver, a toalha?
- Sobre aquilo, relaxa, ninguém ensacolou toalha nenhuma. Talvez nem tenham encontrado toalhas na cena.
- Menos mal, mas acho que você podia dar uma olhada na perícia que fizeram no corpo e descobrir se foi o degolador, ou um imitador. Isso seria de grande ajuda, não é mesmo?
-  É… Talvez…
Mel me olhou de uma forma estranha, como se algo estivesse errado.
- Alice, como você sabe tanto sobre investigação? Tipo, você tá me dizendo absolutamente tudo o que eu devo fazer dentro do departamento, como se você fosse uma investigadora profissional.
Merda! A Mel pode ser uma sonsa, mas as vezes ela pega as coisas no ar muito fácil.
-  Eu só assisto séries policiais. Você não devia se surpreender. Adoro mulheres da lei.
Eu dei uma piscadinha pra tentar desestabilizá-la e fazer com que ela esqueça essa suspeita perigosa. Eu não posso deixar de jeito nenhum que ela descubra que sou uma assassina. Mel já deixou bem claro que não quer se envolver com nada desse gênero. Ela é uma mulher da lei e eu não posso fazer nada em relação a isso.
- Deixa de ser idiota, Alice. Precisamos de foco no que tá acontecendo. Talvez tenhamos uma chance de prender o assassino da mamãe.
- Pera aí… Você tá me dizendo que, se você encontrar o assassino da Sara, tu vai prender ele?
-  Claro que vou! Ele tem que pagar pelo que fez!
Ouvir aquilo me fez ficar muito irritada.
-  Esse cara tem que pagar com uma bala bem no meio da testa, Melanie.
- Matar um assassino só deixa outro assassino a solta, Alice!
-  Então mate 2 assassinos.
-  Não é assim que funciona.
-  Você é tão certinha. Se eu tiver uma chance de ficar cara a cara com esse filho da puta, não vou pensar duas vezes! Vou matá-lo da forma mais cruel possível! Nem que seja na paulada.

ALMA VAZIAOnde histórias criam vida. Descubra agora